terça-feira, 27 de maio de 2014

Crítica - Capitão América 2: O Soldado Invernal

Análise Crítica Capitão América 2: O Soldado Invernal


Review Capitão América 2: O Soldado InvernalA chamada “segunda fase” dos filmes da Marvel no cinema vinha me decepcionando bastante. Era de se esperar que depois do grandioso Os Vingadores (2012), que consolidava com competência o universo cinematográfico compartilhado projetado pelo estúdio, os filmes-solo de seus personagens se desviassem um pouco da fórmula feijão com arroz da primeira fase e ousassem mais com seus personagens, nos mostrando mais de suas personalidades e relações com outros ou até mesmo que ousassem com o próprio universo, fazendo as ações isoladas de cada um dos filmes produzir transformações que reverberassem em todos outros. Nada disso lamentavelmente aconteceu com o fraco Homem de Ferro 3 (2013) e o competente, mas formulaico Thor: O Mundo Sombrio (2013). Felizmente este ótimo Capitão América 2: O Soldado Invernal chega para mudar isso, trazendo uma narrativa melhor construída que traz novas dimensões ao seu protagonista e muda significativamente o universo Marvel das telonas.

A trama coloca o Capitão América (Chris Evans) trabalhando com Nick Fury (Samuel L. Jackson) a SHIELD e tentando se adaptar ao mundo moderno, mas quando ele começa a descobrir os planos da agência para a segurança nacional, começa a questionar aquilo que faz. Ao mesmo tempo, a agência se vê ameaçada pela aparição do misterioso Soldado Invernal (Sebastian Stan).

O filme tem muito mais um clima de thriller político e de espionagem do que de um filme de super-herói propriamente dito, com os personagens jogados de um lado para o outro em uma enorme rede de intrigas na qual é difícil saber em quem confiar ou no que é verdade, além de questionar as atuais políticas de vigilância irrestrita e “ataques preventivos” do governo americano. Diferente do tom leve e aventuresco dos demais filmes, aqui há um tom constante de tensão e perigo, bem como a sensação de que ninguém está seguro e que há uma ameaça tão grande que realmente pode eliminar os protagonistas. Não que o filme não possua os diálogos bem-humorados que marcam os filmes anteriores, eles ainda estão presentes e bem eficientes, demonstrando com naturalidade e coerência a cumplicidade entre os personagens.

As cenas de ação também funcionam muito bem, conferindo ritmo e energia aos embates, em especial na perseguição do Soldado Invernal ao Capitão, Falcão (Anthony Mackie) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) que se transforma em uma enorme batalha nas ruas enquanto os civis correm tentando se proteger em meio aos tiros e explosões, conferindo uma sensação de urgência e de que vidas estão realmente em perigo. O Capitão América finalmente se mostra aqui digno do título de supersoldado, se movimentando e lutando de modo ágil, acrobático e implacável, como vemos em sua luta contra Batroc (Georges St. Pierre) ou em sua primeira perseguição ao Soldado Invernal.

Outro ponto positivo é como o filme explora a sensação de deslocamento experimentada por Steve Rogers. Como um homem de outro tempo, ele tenta se adaptar ao mundo de hoje, ao mesmo tempo em que tenta se reaproximar de seu passado, como vemos da tocante cena entre ele e Peggy (Hayley Atwell), bem como lidar com as marcas de uma vida de combate ao lado dos também veteranos Falcão e Viúva Negra, que apresentam seus próprios traumas em seus passados como combatentes. Na verdade, o filme encontra tempo até mesmo para desenvolver a personalidade de Nick Fury, um personagem que já vimos em cerca de três filmes e pouco sabíamos a respeito, aqui aprendemos um pouco mais sobre seus ideais e sua personalidade cínica e paranoica. É bacana também ver o Capitão finalmente assumindo o controle da situação, chamando a responsabilidade para si e se colocando em uma posição de liderança, uma vez que ele percebe que os métodos de Fury e da SHIELD não serão capazes de resolver a situação.

Capitão América 2: O Soldado Invernal é uma aventura repleta de suspense e empolgação, com uma boa narrativa e bons personagens que finalmente eleva a um novo patamar os filmes-solo dos personagens da Marvel, tirando o estúdio de sua incômoda acomodação em filmes mais recentes, com potencial de produzir mudanças no universo cinematográfico da editora.

Nota: 9/10


Obs: Há uma cena no meio dos créditos que nos mostra alguns dos novos personagens que aparecerão no vindouro Os Vingadores: A Era de Ultron. Outra cena no final dos créditos mostra o que aconteceu com o Soldado Invernal.

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