É impressionante como filmes de
terror e filmes catástrofe vem produzindo tantos filmes no estilo de falso
documentário. Por um lado há a facilidade de produção e o baixo custo e baixo
custo diminui os riscos financeiros já que qualquer trocado feito torna-se
lucro. Por outro, não há realmente muito mais o que fazer com essa mescla entre
o terror/catástrofe e o found footage,
tanto que os melhores produtos feitos nesse formato foram em outros gêneros,
como Marcados Para Morrer (2012) ou Poder Sem Limites (2012). Enquanto isso,
no que se refere ao terror ou catástrofe, porcarias como Apollo 18 (2011), Filha do
Mal (2012) e praticamente todos os Atividade
Paranormal utilizam o formato para mascarar sua falta de recursos
financeiros e narrativos na tentativa de fazer o público deixar de perceber que
aquilo que vê é apenas um engodo mal escrito, mal dirigido e mal atuado.
Lamentavelmente este No Olho do Tornado
é apenas mais um destes engodos.
A trama é centrada num grupo de
caçadores de tornado, liderados por Pete (Matt Walsh) e Allison (Sarah Wayne
Callies) que chegam a uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos na
expectativa usar seu equipamento para filmar o olho de um tornado por dentro.
Entretanto, o evento é ainda mais grave do que imaginavam e quando muitos
tornados começam a aparecer, acabam precisando ajudar o professor Gary (Richard
Armitage, o Thorin de O Hobbit) a
localizar um de seus filhos.
Como meu breve resumo mostra, a
história é praticamente igual à Twister
(1996), com pinceladas de muitos outros filmes catástrofe que já vimos. Se a
trama e o desenvolvimento não são exatamente originais, os personagens pelo
menos são carismáticos, certo? Não, infelizmente não, são um monte de clichês
vazios, no qual nenhuma figura é capaz de atrair simpatia e as ocasionais
mortes acabam não despertando nenhuma reação, já que não nos importamos nem um
pouco com esses indivíduos.
Além de personagens rasteiros e
previsíveis, seus arcos trabalhados em diálogos que ocasionalmente descambam
para o humor involuntário e resolvidos de modo pouco satisfatório ou
simplesmente são esquecidos. Um exemplo disso é o arco envolvendo o adolescente
Donnie (Max Deacon) que tenta ajudar Kaitlyn (Alycia Debnam Carey), a colega
por quem é apaixonado, e fica preso sob escombros com ela. Eles se ajudam, mas
ao final do filme a personagem é simplesmente esquecida e os eventos pós
tornado apenas o mostram com o pai, Gary, e a relação mais amistosa entre eles,
mas a garota não é mais mencionada por ninguém e assim ficamos com a sensação
que todo o tempo que acompanhamos o casal foi gasto a toa. Isso sem mencionar a
dupla de caipiras caricatos que deveria ser o “alívio cômico” do filme, mas são
tão irritantes que te fazem torcer pela morte deles durante cada minuto dos
dois em cena.
Além disso, a trama se apoia em
certas soluções difíceis de engolir, como o fato de muitos personagens
conseguirem usar seus celulares, mesmo com diversos tornados ao seu redor ou
torres derrubadas. Todo o clímax com os personagens em um túnel de esgoto é
igualmente forçado, já que a presença de uma larga grade seria a única coisa
que impediria a formação de um túnel de vento da tubulação e a única coisa que
a mantem de pé é a caminhonete do grupo. Tudo bem, o veículo é blindado tem
garras que o seguram no chão, mas se o vento é capaz de levantar aviões como se
fossem papel, imagino que seria mais fácil levantar algo muito mais leve, já
que por mais preso ao chão que esteja, isso não altera sua massa de modo tão
significativo.
Aliás, o tornado final é tão
exageradamente imenso que se torna mais ridículo do que ameaçador. Os efeitos
especiais são medianos, não comprometem, mas também não tem nada que já não
vimos. O mesmo pode ser dito das cenas de destruição que apesar de minimamente
bem realizadas, não trazem nada de especial e praticamente todas as grandes cenas
com tornados estão no trailer do filme. Quando não vemos os tornados, ficamos
apenas com os atores em ambientes fechados gritando e se segurando enquanto a
câmera treme, dificilmente conseguindo causar qualquer tensão ou suspense.
Deste modo, No Olho do Tornado não tem muito a oferecer senão um roteiro
capenga, cheio de personagens esquecíveis e cenas de destruição que,
embora competentes, não trazem nada de novo e falham em produzir encantamento
ou tensão.
Nota: 1/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário