Invocação do Mal (2013) foi um dos filmes de terror mais eficientes
que vi nos últimos anos. Sucesso de público e de crítica, era difícil imaginar
que não tentariam fazer mais um filme sobre aquele universo e não foi uma
surpresa quando anunciaram este Annabelle,
prelúdio que trata da boneca demoníaca do filme original. O problema é que
continuações de terror raramente são tão boas quanto o original e
lamentavelmente este filme não é uma exceção à regra.
A trama se passa nos anos 70 e
foca no casal Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton) que está prestes a
ter sua primeira filha. A vida do casal muda quando sua casa é invadida por
cultistas que tentam matá-los para realizar algum tipo de ritual. A polícia
chega a tempo e salva os dois, mas uma das cultistas se tranca no quarto e
comete suicídio enquanto segura uma das bonecas da coleção de Mia nos braços. A
partir de então o casal e sua filha recém-nascida passam a experimentar uma
série de ocorrências sobrenaturais que parecem ligadas à boneca.
O primeiro problema no filme é já
deixar claro logo de cara a natureza da boneca, afinal boa parte do medo vem de
não saber com o que estamos lidando. Ao nos informar de cara que ela se
transformou em um condutor para forças demoníacas, boa parte do temor e
apreensão sobre o que poderá acontecer vai embora, pois já ficamos com uma
ideia clara do que virá. Assim, apenas sentamos pacientemente esperando o
momento que tudo irá ruir sobre os personagens ao invés de sentarmos na beira
de nossos assentos temendo de onde virá e o que fará essa ameaça desconhecida.
Apesar de previsível, sua
primeira metade consegue ser eficiente em evocar alguns sustos, principalmente
por causa do trabalho de Annabelle Wallis que faz de Mia uma figura
traumatizada e fragilizada pelos eventos recentes. Como conseguimos aderir à
personagem, acabamos por temer pelo seu destino, mesmo sabendo que as coisas
não ficarão nada bem.
Entretanto, tudo dá uma guinada
para o pior quando o filme chega em seu clímax e entra no que eu chamaria de
“modo Brinquedo Assassino” colocando
a boneca para agir mais ativamente, fazendo-a levitar diante dos personagens ou
seus olhos ficarem vermelhos, além de aparições de várias criaturas em uma
computação gráfica tosca. Essas escolhas terminam mais para descambar para o
humor involuntário do que efetivamente para o medo e diluem bastante a eficácia
do filme.
Além disso, há todo o problema do
desfecho da história, já que é difícil crer que uma vizinha que mal os conhece
seria capaz de fazer o que ela faz por eles, mesmo a justificativa da perda da
filha parece muito pouco para que acreditemos em uma ação tão extrema de sua
parte. Deste modo, o encerramento da trama parece conveniente demais para
resolver todos os problemas dos personagens sem lhes trazer nenhuma
consequência, algo que parece fácil demais e pouco merecido da parte deles se
considerarmos que lidaram com uma ameaça tão grande.
No fim das contas este Annabelle revela-se apenas um prelúdio
que fica muito aquém de seu antecessor, entregando uma obra previsível e
falhando em nos mergulhar na mesma atmosfera de medo que é esperada em filmes
do gênero.
Nota: 5/10
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