O
primeiro Magic Mike (2012) era
basicamente uma versão masculina e melhor dirigida de Striptease (1996), mas que caía no erro de se levar mais a sério do
que deveria, além de escolhas de casting equivocadas,
que colocava em papéis de destaque atores que não davam conta do recado. Já
este Magic Mike XXL assume
tranquilamente seu caráter de exploitation,
sabendo que o público que irá pagar para ver o filme não entrará na sala de
cinema buscando um drama shakespeariano e sim os atores dançando sem roupa e,
assim, traz uma narrativa mais simples que facilita o encadeamento das
performances.
A
história se passa três anos depois do primeiro filme e Mike (Channing Tatum)
agora vive de sua empresa de móveis customizados, mas quando seus amigos lhe
avisam que Dallas (Matthew McConaughey) e Kid (Alex Pettyfer) foram para a
China e lhe convidam para uma última turnê rumo a uma convenção de strippers,
Mike decide cair na estrada com os remanescentes "Reis de Tampa" para
tentar resolver suas angústias pessoais.
O
uso do formato de "road movie" simplifica a narrativa e
elimina a necessidade de um arco dramático mais centralizado e definido, já que
passamos a acompanhar os percalços da trupe para chegar na referida convenção,
facilitando o encadeamento das performances de dança, já que a cada parada há
uma ou mais danças. Não que isso signifique que os personagens fiquem em
segundo plano, na verdade é um pouco do contrário. Se o primeiro filme era focado
quase que inteiramente em Mike e Kid, esse dá mais destaque ao restante do
grupo, o que é ótimo, visto que Kid, com a atuação apática e caricatural de
Pettyfer, era o menos interessante do grupo de dançarinos.
Tudo
bem que nenhum deles se revela como indivíduos complexos e exibem motivações
simples e clichês, como abrir um negócio ou encontrar um relacionamento, mas os
personagens são bem defendidos por seus atores, como a cena em que Tarzan
(Kevin Nash) diz que teria largado sem problemas seu estilo de vida para ter
uma esposa e filhos, mas que seu tempo passou e agora é tarde demais para
formar uma família e, apesar de bater em teclas familiares, o ator consegue nos
convencer da verdade de sua tristeza e amargura. Do mesmo modo, os atores estabelecem um clima
genuíno de camaradagem entre os personagens, estabelecendo de modo crível os
laços que unem esse grupo de desajustados. Além dos mesmos dançarinos, temos a
adição de Rome (Jada Pinkett Smith), que entra no lugar de Dallas como mestre
de cerimônias do show, e Smith traz a intensidade e malemolência que se espera
de alguém como Rome.
Claro
que nada disso adiantaria se as danças não funcionassem, já que o filme aposta
todas as suas fichas nessas cenas (inclusive sacrificando a narrativa, como foi
dito anteriormente), mas elas são bem realizadas, bem coreografadas e cheias de
energia. Algumas delas inclusive são surpreendentemente hilárias como aquela em
que Richie Bem Dotado (Joe Mangianello) dança em uma loja de conveniência ou o
momento em que o sisudo Tarzan tenta dançar Vogue
de Madonna.
Deste
modo, mesmo sendo superficial e lotado de clichês, Magic Mike XXL acerta ao não se levar a sério e focar nos seus
números de dança e na amizade dos protagonistas.
Nota:
6/10
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