segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Crítica - Macbeth: Ambição e Guerra



Este Macbeth: Ambição e Guerra (até agora não entendi pra quê esse subtítulo, mas, enfim) é um filme sombrio, depressivo, cheio de pessoas horríveis e nem um pouco recomendável se você estiver tendo um dia ruim. Ou seja, é uma adaptação bastante competente da tragédia shakespeariana à qual se baseia, afinal, se você não sair com um gosto amargo na boca depois de ver qualquer versão de Macbeth, algo não foi feito corretamente.

Para quem não conhece a famosa história, seguimos o nobre escocês Macbeth (Michael Fassbender) que depois de uma batalha encontra um grupo de bruxas e estas profetizam que ele irá virar rei da Escócia. Ao contar tudo para sua esposa, Lady Macbeth (Marion Cotillard), e ao saber que a providência está de seu lado, ela começa a tramar o assassinato do rei Duncan (David Thewlis), covencendo o marido a cometer o regicídio. O casal consegue o que quer, mas passa a ser consumido pela culpa e paranoia. Macbeth começa a achar que seus aliados Banquo (Paddy Considine) e Macduff (Sean Harris, o vilão do recente Missão Impossível: Nação Secreta) podem se voltar contra ele e decide agir.

A fotografia chama atenção de imediato, principalmente pelo uso da luz, dando impressão de que tudo é filmado com luz ambiente natural, conferindo ao filme uma atmosfera sombria, bastante condizente com os atos soturnos dos personagens, constantemente mergulhados na escuridão. Mesmo em espaços abertos, as cenas são tomadas pelas sombras graças às nuvens negras que constantemente pairam sobre os personagens, quase como um presságio dos eventos sombrios que virão. Os planos abertos transmitem a imensidão dos ermos escoceses, que aqui surgem como ambientes estéreis, sem vida, tão inférteis quanto o próprio reinado do protagonista. A névoa toma muitos dos ambientes e em meio a ela as pessoas surgem mais como espectros do que como pessoas.

Há de se destacar também o clímax com o incêndio da floresta, no qual tudo é tomado por fogo, cinzas e fumaça e temos a impressão de que os personagens vagueiam pelo próprio inferno, reforçando a natureza vil de seus personagens. A música traz constantes acordes carregados de melancolia, deixando claro que não há espaço para alegria ou leveza nesta história, mas é sutil o bastante para não soa excessiva ou intrusiva. Como já disse, é uma narrativa cheia de amargura e crueldade e isso pode afastar alguns da obra, principalmente pelo seu tom um pouco mais lento e contemplativo, que dá tempo aos personagens de confrontarem a si mesmos por seus atos desprezíveis.

Sutis também são as composições do atores que evitam cair nos excessos que vira e mexe marcam as adaptações de Shakespeare, com atores se comportando como se estivessem em um palco e não na tela de cinema. Aqui, os famosos solilóquios como o do "som e  fúria" de Macbeth ou o do sangue nas mãos de Lady Macbeth são construídos de modo bastante intimista, como se eles tivessem vagueando por suas próprias consciências destroçadas. Michael Fassbender faz do nobre escocês um homem decididamente cruel, mas cuja loucura e instabilidade derivam mais de um potente sentimento de culpa e arrependimento do que por mera sede de sangue. Ele elimina qualquer um que pareça uma ameaça por que tem consciência das coisas terríveis que fez e por isso, não deseja que ações tão abjetas tenham sido a troco de nada e vai se afundando em um ciclo de violência e culpa. Já a Lady Macbeth, que começa impassível, vai aos poucos se dando conta do peso de suas ações até se dar conta que é tarde demais para esboçar qualquer arrependimento.

Assim, tal qual a famosa "peça escocesa" em que se baseia, este Macbeth: Ambição e Guerra é um implacável estudo sobre a crueldade e malícia humana.

Nota: 8/10
 
Trailer:
 
 

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