Fazer
uma continuação de uma comédia tanto depois pode ser algo perigoso, afinal o
que era engraçado há mais de uma década atrás pode não necessariamente
continuar sendo engraçado hoje. Lançado quinze anos depois do primeiro filme,
este Zoolander 2 não chega a padecer
desse mal, mas é difícil negar que não tem o mesmo olhar mordaz sobre o mundo
da moda que o original.
Derek
Zoolander (Ben Stiller) abandonou o mundo da moda e agora vive sozinho em uma
cabana, mas os assassinatos em série de artistas pop obrigam a agente da Interpol Valentina Valencia (Penélope Cruz)
a pedir sua ajuda. Ao mesmo tempo, ele e Hansel (Owen Wilson) são chamados de
volta às passarelas pela estilista Alexanya Atoz (Kristen Wiig) e Zoolander
precisa também reencontrar seu filho, que não vê há anos.
A
primeira coisa que atrapalha o filme é ter que lidar com muitas subtramas que
inicialmente parecem deslocadas umas das outras, sendo preciso várias idas e
vindas e reviravoltas até que tudo finalmente consiga ser costurado junto. Se
lembrarmos da trama simples do original (Zoolander sofrendo lavagem cerebral
para matar um político durante um desfile) percebemos como é desnecessária essa
tentativa de complicar demais as coisas, afinal ninguém vai assistir uma
comédia besteirol esperando uma narrativa complexa.
Outra
coisa que incomoda é que lá pela metade (e talvez antes disso) o filme desiste
de parodiar o universo da moda, focando apenas no humor pastelão, e isso não
deixa de soar como uma oportunidade desperdiçada, já que a moda é muito mais
popular e mainstream hoje do que era
em 2001, com reality shows, blogs e
canais de youtube. O uso de participações especiais de celebridades também é
irregular. Se por um lado ver Justin Bieber ser metralhado até a morte é
indubitavelmente divertido e Kiefer Sutherland (o eterno Jack Bauer) rouba a
cena como um dos amantes de Hansel, boa parte das celebridades é subaproveitada
com participações que se resumem a um "olha só pessoal, é a Katy
Perry" ou "vejam, é Ariana Grande".
Ainda
assim, Ben Stiller ainda tem lá sua graça como o estúpido modelo e mesmo com o
início (com sua sátira à indústria fashion) sendo indubitavelmente melhor que o restante do filme, ainda assim ele consegue
trazer umas boas sacadas, como a cena em que o egocêntrico Zoolander causa um
brutal acidente de carro ao tirar uma selfie
enquanto dirige. Igualmente bem sacado é
o clímax, no qual o filme tira sarro da própria trama rocambolesca (o que não a
faz deixar de ser um problema).
Will
Ferrell continua divertido como o vilão Mugatu e os diálogos entre ele e
Stiller na prisão são divertem pela sua natureza nonsense. Kristen Wiig está irreconhecível sob a
pesada maquiagem usada para dar vida a Atoz, uma espécie de Donatella Versace
do mal, quer dizer, uma espécie de Donatella Versace. Por outro lado, a presença
de Benedict Cumberbatch como o andrógino Tudo (All no original em inglês) é
pouco aproveitada e o filme parece não saber direito o que fazer com o
personagem.
De
todo modo, Zoolander 2 consegue ser
moderadamente divertido, mesmo sem jamais chegar perto da qualidade do primeiro
filme.
Nota:
6/10
Trailer:
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