sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crítica - Injustice: Gods Among Us


A equipe Netherrealm Studios já tinha tentado colocar os personagens do universo da DC Comics para estrelar um game de luta (quando ainda faziam parte da desenvolvedora Midway) com o fraco Mortal Kombat vs DC Universe. Na época a própria jogabilidade da série Mortal Kombat não se encontrava em seu melhor momento, somado a isso tínhamos o problema que o estilo dos personagens superpoderosos da DC não casava com o estilo de jogo da sanguinolenta franquia. A desenvolvedora conseguiu se reencontrar ao lançar Mortal Kombat em 2011 que devolvia a série a sua perspectiva bidimensional ao mesmo tempo que modificava e melhorava a maneira de jogar. Depois de reinventar a própria franquia, o pessoal da Netherrealm (que atualmente pertence ao grupo Warner que também possui a DC) ganhou confiança para tentar de novo e dessa vez foram muito bem sucedidos.

Injustice: Gods Among Us lembra um pouco o recente Mortal Kombat, mas a maneira de jogar é bem diferente e mais adequada aos personagens DC. Saem os botões de soco e chute e no lugar temos apenas três botões de ataque: fraco, médio e forte. O que sai com cada botão depende de cada personagem e isso permite que cada um mantenha suas próprias características sem sacrificar o modo de controlá-los. O desajeitado botão de bloqueio também é deixado de lado, substituído pelo direcional para trás, igual à série Street Fighter. Além disso há mais um botão destinado para aquilo que o game chama de “truque de personagem” dando a cada lutador opções estratégicas únicas.


Mas o mérito não vem apenas da jogabilidade mais intuitiva e sim da sensação que o jogo nos dá de controlar esses seres incrivelmente poderosos. O jogo sabe bem aproveitar as habilidades e poderes de cada um, em especial nos exagerados supergolpes, bem como as suas personalidades e linguagem corporal. A dimensão épica se vê também nos cenários, que aqui são muito mais do que apenas fundos, eles se modificam ao longo da luta se deteriorando e sendo destruídos conforme os brutais combates avançam.

Em se tratando dos cenários, porém, a principal novidade é a capacidade de interagir com os objetos e novamente o game revela seu cuidado ao fazer cada personagem interagir de modo diferente com os diferentes objetos. Assim, enquanto alguém poderoso como o Superman agarra um carro e o arremessa contra o oponente, um personagem como Batman ou o Exterminador usa o veículo para realizar uma acrobacia e pegar o adversário pelas costas ou planta uma bomba no veículo que explodirá dentro de alguns segundos. Outro ponto de interação é a possibilidade de poder jogar os adversários em outras arenas, algo que já existia em Mortal Kombat, é verdade, mas melhorado aqui. Primeiramente pelas belas e violentas animações que mostram os personagens atravessando prédios e coisas assim, mas porque é sempre possível jogar o inimigo pela arena adjacente e durante um combate podem ocorrer diversas trocas, assim como os embates dos quadrinhos.

Outro ponto positivo é o modo História. Assim como no recente Mortal Kombat, neste modo acompanhamos a história através de uma estrutura de capítulos, cada um centrado em um personagem, onde cutscenes avançam a narrativa entre um combate e outro. É interessante como os combates ocorrem sem transição, passando das cenas (que rodam na própria engine do jogo) direto para o combate. Não há um letreiro de “Fight!” ou com o número do round, apenas os dois personagens suas barras de energia ou de especial. Durante as cenas ocorrem também alguns minigames que pedem comandos específicos e o sucesso ou a derrota irá interferir diretamente na próxima luta, com o adversário começando com menos energia, por exemplo.

A narrativa lembra bastante o episódio duplo “Um Mundo Melhor” da última série animada da Liga da Justiça, levando os heróis para uma dimensão paralela onde o Superman perdeu a fé na humanidade e tomou o poder para si, instituindo um governo ditatorial. Os heróis desta dimensão foram obrigados a se unir a ele ou serem considerados traidores, sendo o Batman o único dissidente desta dimensão. Assim cabe aos heróis da nossa dimensão ajudar a derrubar o regime e trazer o Superman de volta a razão. Para aqueles que acham estranho personagens sem poderes como Coringa e Arqueiro Verde enfrentando seres poderosos como Sinestro e Adão Negro, não se preocupem, a história explica isso também.

Para além da história há o modo Batalha, que é semelhante ao modo Torre de Mortal Kombat ou ao modo Arcade de qualquer outro game luta onde se escolhe um personagem para enfrentar uma sequencia de lutas contra o computador, enfrentando o chefão final e depois visualizando o final específico de cada personagem. Para jogadores mais avançados o game oferece uma série de modificadores como ter sua energia decrescendo aos poucos ou desabilitando os supergolpes.

O modo S.T.A.R Labs é o que provavelmente vai agradar mais os fãs da DC. O modo apresenta uma série de missões curtas, dez para cada personagem e um total de 240. Cada personagem tem um arco narrativo próprio em suas missões e nelas enfrentamos alguns minigames e lutas com diferentes objetivos, oferecendo uma variação interessante ao gameplay tradicional do jogo e também participação de outros personagens do universo DC como Killer Croc, Trigon e por aí vai.

Na verdade nível de conhecimento e cuidado do jogo com todo o cânone DC é impressionante, desde os diferentes uniformes, passando pelos personagens e objetos conhecidos espalhados pelos cenários até as “participações especiais” nas missões, qualquer um que for fã da DC certamente apreciará ainda mais o produto.

O modo multiplayer traz o tradicional versus on e off-line, além de alguns outros on-line como batalhas por ranking e sobrevivência, além de alguns desafios diários para arrecadar mais pontos de experiência para o perfil do jogador. A experiência serve para subir de nível e habilitar itens de customização do perfil, além de chaves que podem ser utilizadas para desbloquear extras como artes conceituais e uniformes.

O único problema fica mesmo por conta do balanceamento de alguns personagens e golpes. Alguns personagens tem claramente mais vantagens e mais possibilidades de apelação do que outros, quem joga on-line pode perceber que apenas um punhado dos 24 personagens (com mais vindo via download) são usados pelos jogadores, isso justamente em virtude deste desbalanceamento.

Ainda assim, Injustice: Gods Among é uma digna e bela homenagem ao universo da DC Comics e um game de luta muito bem realizado que merece ser conferido tanto pelos fãs do gênero quanto pelos adoradores dos heróis e vilões da editora.


Nota: 8/10

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