Confesso que fiquei intrigado com
O Caseiro, filme nacional que pegava
carona na clássica premissa da "casa mal assombrada". O terror não é
um gênero muito abordado por grandes produções brasileiras, normalmente ficando
mais restrito ao underground em
produções como Mangue Negro (2008).
Apesar de parecer bem interessante, O
Caseiro acaba não conseguindo ser plenamente satisfatório por alguns
problemas.
A trama é centrada em Davi (Bruno
Garcia), um cético professor de psicologia que afirma que fantasmas não são
algo sobrenatural e sim uma manifestação física de um trauma inconsciente. Sua
visão de mundo é posta em teste quando uma aluna lhe pede para investigar
estranhos fenômenos que acontecem em sua casa e que sua família credita ao
fantasma de um antigo caseiro da propriedade, que teria cometido suicídio
depois de assassinar a esposa e filha.
Com uma fotografia que dá
predominância a tons de cinza, baixa saturação de cores e ambientes repletos de
sombra e névoa, o filme estabelece bem um clima macabro e dá uma sensação de
que coisas horríveis podem acontecer. A questão é que apesar da boa
ambientação, há uma escassez de tensão ou sustos durante a projeção. Depois dos
primeiros minutos estabelecerem o que está afligindo a família, imaginamos que
assim que Davi chegar à casa, os fenômenos começarão a se manifestar sobre ele,
mas ao invés disso temos mais uma longa cadeia de diálogos expositivos que
explicam coisas que já sabemos.
Só mesmo na última meia hora é
que a trama começa a avançar de maneira significativa e considerando que são
apenas noventa minutos de projeção, é muito pouco e muito tarde. Principalmente
porque todas as reviravoltas se acumulam e se atropelam neste último ato, mal
dando tempo para absorver as consequências de uma e outra já desfaz tudo e nos
obriga a constantemente reajustar nossas expectativas. Prejudica também o fato
de algumas delas serem bastante óbvias, como a identidade do garoto do livro de
Davi, que é facilmente prevista já no primeiro instante que ele menciona a
própria obra.
O que é uma pena, pois o elenco
está muito bem. Bruno Garcia convence com o ceticismo e natureza atormentada de
Davi, enquanto que Leopoldo Pacheco transmite a dor de alguém que já não sabe
como proteger a família. O elenco mirim dá credibilidade ao lugar-comum das
"crianças macabras" e convencem mesmo sendo algo bastante familiar
neste tipo de produto.
O Caseiro é bem conduzido e tem um elenco competente, mas tropeça
em um roteiro sem ritmo que não consegue ser eficiente em construir a tensão e
o medo.
Nota: 5/10
Trailer:
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