Filmes de terror costumam lançar
mão de julgamentos morais sobre seus personagens. A franquia Pânico brincava com isso, lembrando que
transar ou usar drogas em um filme de terror era morte certa. Este A Maldição da Floresta também traz
noções de moral para seu filme e elas são bem simples: se mexer com a natureza,
a natureza mexe com você.
O conservacionista Adam (Joseph
Mawle) aceita um trabalho no interior da Irlanda para realizar uma pesquisa em
uma floresta. Ele vai para lá com sua esposa Clare (Bojana Novakovic) e seu
filho ainda bebê na esperança de começar uma nova vida, mas o povo do local não
vê com bons olhos seu trabalho na floresta, crendo que a presença de Adam irá
chamar a atenção de criaturas que vivem ali.
A trama começa devagar dando
pequenos indícios de que há algo errado naquele lugar, como o morto que Adam
encontra no início ou os barulhos noturnos que acometem os arredores da casa,
tudo indica que há algo muito errado ali. Inicialmente fica ambíguo se é a
população local que está tentando assustá-los ou se realmente existe uma ameaça
sobrenatural, algo que só fica claro no terço final. Apesar de necessária, toda
a construção inicial soa lenta e morosa demais, principalmente se considerarmos
que o filme só tem certa de 95 minutos.
A partir do momento em que Adam
fica preso no carro é que as coisas começam a tomar um rumo e a trama consegue
criar um clima de tensão e medo constante, já que não sabemos exatamente o que
são aquelas criaturas, como os personagens podem combatê-las (se é que podem)
ou mesmo o que elas quem. O filme consegue ainda criar algumas imagens bastante
grotescas, como o fungo que tenta "picar" o olho de Clare e o bom
trabalho de maquiagem ao mostrar a transformação de Adam quando ele é infectado
(por sinal o fungo cordyceps realmente existe e além de servir de inspiração
para este filme também inspirou o game The
Last of Us). Em alguns momentos os efeitos especiais soam um pouco toscos,
mas no geral as criaturas convencem e o filme nos deixa apreensivos em muitos
momentos.
Os personagens, no entanto, são
bem unidimensionais e sem traços marcantes. Nesse sentido o bebê acaba servindo
de muleta afetiva, já que ninguém com um mínimo de empatia ou humanidade vai
querer que um bebê seja devorado por monstros e só por causa dele eu temi pelo
que poderia acontecer com os personagens (afinal, o bebê não se salvaria
sozinho). É eficiente, mas por outro lado, soa como um expediente manipulativo
(os realizadores esperam que você tema pelo bebê) para compensar o vazio na
construção dos personagens.
De todo modo, A Maldição da Floresta consegue ser
eficiente em criar um clima de temor e apreensão ainda que tenha alguns
problemas de ritmo e personagens pouco interessantes.
Nota: 6/10
Trailer:
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