Com o relativo sucesso do primeiro filme,
Tom Cruise retorna como o ex-militar Jack Reacher neste Jack Reacher: Sem Retorno, uma continuação que, assim como o
anterior, funciona como um passatempo descompromissado ainda que não ofereça nada de especial.
Na trama, Reacher (Tom Cruise)
vai a Washington D.C visitar a major Turner (Cobie Smulders), mas descobre que
ela foi presa, acusada de traição. Acreditando na inocência da amiga e que o
exército está disposto a condená-la para enterrar de vez o caso, Reacher decide
tirá-la da prisão e assim partem em uma viagem pelo país para provar sua
inocência. Ao mesmo tempo, Reacher precisa lidar com a presença de Sam (Danika
Yarosh), uma jovem que pode ser sua filha.
O filme é eficiente em criar a
impressão de que os protagonistas estão acuados e que há um perigo real sobre
eles. Isso não acontecia no primeiro, quando Reacher parecia sempre estar à
frente de seus oponentes ao ponto de nada que eles fizessem soava como uma
ameaça. Há a constante sensação de que eles estão isolados, sem ninguém para
confiar exceto uns nos outros e a única arma que possuem é a própria astúcia.
Inclusive cria situações bacanas nas quais as habilidades de Reacher em
improvisar e investigar são constantemente exploradas. Além disso os combates
refletem a natureza implacável e direta do protagonista que sempre se movimenta
para causar o máximo de dano possível em seus inimigos e são beneficiados pelo
fato de Cruise fazer a maioria de suas cenas de ação.
O operativo responsável por caçar
Reacher consegue ser um inimigo mais à altura do investigador do que o mafioso
interpretado pelo fraco Jai Courtney no primeiro filme. O vilão principal,
porém, é um militar corrupto genérico interpretado no piloto automático por Robert
Knepper (de Prison Break e Carga Explosiva 3), não chegando aos pés
da figura misteriosa e ameaçadora vivida pelo cineasta Werner Herzog em Jack Reacher: O Último Tiro (2012).
Tom Cruise é carismático e cheio
de energia como de costume, trazendo intensidade e a Reacher, um homem que
parece não conseguir, embora claramente queira, demonstrar afeto pela filha e
parece sempre abordar tudo com um olhar excessivamente pragmático. Cobie
Smulders faz da major Turner uma militar durona, mas com um rígido código moral
que não vê com bons olhos o modo como Reacher toma constantemente a lei nas
próprias mãos. Ela também é tão capaz e engenhosa quanto Reacher, mas ele (e o
próprio filme), parece tratá-la mais como uma subalterna do que uma igual. Tudo
bem que ela chama a atenção de Reacher para sua conduta, mas ainda assim ele a
trata com certa condescendência e a própria narrativa a deixa mais num lugar de
assistente do que parceira, mesmo essa história sendo mais dela do que dele.
Sam ajuda a trazer um lado mais humano no protagonista e é beneficiada pela boa
química que tem tanto com Smulders como com Cruise.
O roteiro, por outro lado, é
marcado por alguns furos. É difícil crer que uma militar experiente e seguidora
de regras como Turner não saiba de antemão que o exército bloquearia seu acesso
ao sistema e seu e-mail. Do mesmo modo, toda a justificativa do processo da mãe
de Sam contra Reacher não faz muito sentido, afinal ela nunca sequer o tinha
visto (na verdade, o livro fornece uma explicação melhor, mas no filme fica
incoerente). Também exibe alguns desenvolvimentos óbvios. A cena em que Turner
ensina Sam a se livrar de um captor caso seja feita como refém deixa evidente
que era será inevitavelmente capturada pelos vilões e usará o golpe para sair
de uma situação complicada (o que obviamente acontece).
Jack Reacher: Sem Retorno funciona pelo carisma de seus personagens
e pelo manejo da intriga. Não é um filme que vai mudar sua vida, mas funciona
como uma diversão despretensiosa.
Nota: 6/10
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário