Os games da franquia Killzone
nunca tiveram grande apelo para mim. Eram jogos competentes, com ótimos
visuais, mas não chegavam a me deixar empolgados para jogar ou ansioso para
novas continuações ou spin-offs. Por
outro lado, quando a desenvolvedora Guerrilla Games apresentou seu novo projeto exclusivo para Playstation 4 na E3 de 2015, este Horizon: Zero Dawn,
já fiquei imediatamente intrigado. A ideia de realizar um RPG de ação em um
futuro pós-apocalíptico em que a humanidade regressou a um estado primitivo e
tribal no qual nosso mundo é dominado por grandes máquinas robóticas era bastante curiosa e promissora.
A Trama
A protagonista do jogo é Aloy, uma garota que foi excluída da sua tribo ainda bebê e foi criada por Rost, um homem que assim como ela foi exilado da tribo. Ela cresce na floresta, aprendendo a caçar e sobreviver, mas sempre curiosa quando a sua origem ou ao motivo de ter sido expulsa da tribo ao nascer. Em busca de respostas, ela acaba se envolvendo em uma guerra entre tribos e com a ameaça crescente das criaturas metálicas, que se tornam cada vez mais agressivas conforme o tempo passa.
A narrativa me surpreendeu pela
sua qualidade, com uma boa dose de reviravoltas e criando mistérios evolventes,
que nos engajam a querer saber mais sobre como o mundo chegou naquele estado e
qual a real origem de Aloy. Até mesmo os colecionáveis, como diários e arquivos
de áudio ajudam a esclarecer o que aconteceu e em virtude disso eu procurava
ativamente por eles para saber mais sobre a mitologia desse universo, não
apenas pelo impulso de completar tudo. Muitas das missões secundárias também
trazem pequenas narrativas intrigantes, que ajudam a entender como as pessoas
sobrevivem naquele ambiente e o impacto dos eventos recentes sobre elas,
evitando a tradicional estrutura de serem meras fetch quests e sendo algo mais próximo das boas missões secundárias
de The Witcher 3 e suas expansões. Em
certos momentos é possível escolher opções de diálogo para Aloy, mas estas não
chegam a alterar os rumos da trama, permitindo apenas que o jogador escolha
como os outros personagens verão a protagonista (como alguém durona, racional,
compassiva, etc).
Algumas atividades são bem
típicas de jogos de mundo aberto, como atacar acampamentos inimigos ou
restaurar áreas ocupadas por máquinas corrompidas, mas com tanto conteúdo de
qualidade elas não parecem tão repetitivas quanto em games como Far Cry. Além destas, há também os
Cauldrons, que funcionam como dungeons
antigas nas quais Aloy aprende mais sobre as máquinas e aprende como controlar
as diferentes espécies.
O Gameplay
Explorando o mundo encontramos
diferentes espécies de animais robóticos, alguns altamente agressivos, que
atacam assim que veem Aloy, enquanto outros só reagem se provocados. A
furtividade muitas vezes é necessária, já que mesmo em níveis altos e com bom
equipamento enfrentar um número grande de criaturas não é tarefa fácil, sendo
melhor diminuir os números com eliminações furtivas e armadilhas bem colocadas.
Quando em combate, Aloy usa arcos e estilingues com diferentes tipos de
munições que devem ser usadas de acordo com cada tipo de inimigo. Se uma
criatura tem pequenos compartimentos de líquido inflamável em suas costas,
basta usar uma flecha flamejante para que as chamas produzam uma explosão. Se
ele tiver uma arma poderosa em seu corpo, atingi-la com flechas comum remove a
peça da criatura. Quando o corpo do inimigo é muito protegido, flechas
penetrantes ajudam a remover camadas de proteção. Caso ele se mova muito
rápido, munição congelante pode deixá-lo imóvel por um tempo e mais vulnerável
a dano.
As máquinas causam dano alto,
então mesmo quando o jogador está familiarizado com seus pontos vulneráveis e
fraquezas elementais o combate nunca é fácil, já que qualquer erro ou falta de
atenção pode facilmente resultar em morte. Além disso o jogo dá um fluxo
constante de novas criaturas ou versões mais poderosas de oponentes conhecidos
para nos manter em xeque. Em dado momento, depois de chegar a uma nova área,
encontrei uma criatura familiar e imediatamente disparei uma flecha de fogo nos
seus compartimentos inflamáveis, mas não funcionou, pois os compartimentos
agora eram protegidos por blindagem. Isso me obrigou a rever minhas estratégias
e encarar a criatura com outra abordagem até que finalmente consegui um novo
tipo de flecha que facilitava o confronto, mas então, novo e perigosos inimigos
já tinham aparecido.
Progressão e crafiting
Derrotar as criaturas permite coletar seus componentes, que são usados para fabricar itens, munições e equipamentos. É preciso também caçar animais "comuns" como guaxinins e javalis para coletar materiais para upgrades e poções de cura. O sistema de crafting é relativamente simples, mas traz muitas opções. É possível fabricar munições mesmo em meio ao combate, bastando ir na roda de seleção de armas e rapidamente produzindo o que se deseja sem sacrificar o ritmo veloz dos combates. Derrotar inimigos também garante a Aloy pontos de experiência que lhe permitem subir de nível e aprender novas habilidades que lhe dão vantagens no combate, exploração e na coleta e criação de itens.
Gráficos e Som
Graficamente é um dos jogos mais impressionantes da geração atual. As paisagens são amplas, variando entre florestas, montanhas com neve ou mesmo ruínas de prédios antigos As texturas das roupas dos personagens, dos componentes metálicos das máquinas ou das diferentes superfícies são ricas e bastante detalhadas. Os monstros robóticos são incrivelmente complexas e possuem um número enorme de pequenos componentes e pedaços de armadura que pode ser removidos durante o combate, variando entre bípedes pequenos a enormes criaturas que fazem o chão tremer quando se aproximam.
Há também um ótimo trabalho de design de som. Cada criatura soa bem
diferente uma da outra e quando elas e movem conseguimos escutar o barulho dos
múltiplos componentes metálicos que fazem parte delas. Do mesmo modo, os urros
e grunhidos feitos por cada "animal" soam como uma mistura crível de
sons mecânicos e barulhos guturais feitos por bichos reais.
Assim sendo, Horizon: Zero Dawn introduz com grande competência o que pode se tornar
uma nova franquia da desenvolvedora Guerrilla Games. O jogo cria um universo
bastante singular, apresenta uma narrativa envolvente, um gameplay que te faz sentir como um caçador poderoso e audaz, mas
que não deixa de ser desafiador, além de ótimos visuais.
Nota: 9/10
Trailer
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