terça-feira, 11 de abril de 2017

Crítica - Velozes e Furiosos 8

Análise Velozes e Furiosos 8


Review Velozes e Furiosos 8
Se você não vem acompanhando a franquia de ação protagonizada por Vin Diesel e carros tunados, saiba que desde os últimos dois ou três filmes praticamente se tornou  uma narrativa de super heróis. Com nenhuma obrigação em aderir a algum tipo de naturalismo e verossimilhança, os últimos Velozes e Furiosos abraçam sem medo o exagero e a estupidez e se tornaram melhores e mais divertidos por isso. Esse Velozes e Furiosos 8 não é exceção e entrega mais uma aventura cheia de excessos e liberdades com o mínimo funcionamento genuíno do corpo humano que é muito divertida de assistir.

A narrativa começa quando a misteriosa ciberterrorista Cipher (Charlize Theron) força Dominic Toretto (Vin Diesel) a colaborar com seus planos e ajudá-la a roubar armas nucleares. Com Dom contra eles, Letty (Michelle Rodriguez) e o agente Luke Hobbs (Dwayne The Rock Johnson) acabam recrutando Deckard Shaw (Jason Statham), vilão do filme anterior, para deterem Dom e Cipher.

Como de costume nos filmes da franquia, a trama em si é o que menos importa e assim como em outros filmes há muitos furos, pontas soltas e coisas sem sentido. Por exemplo, porque diabos um embaixador russo nos EUA andar por aí com os códigos nucleares de seu país? Isso não devia estar com seu presidente ou em uma base militar na Rússia? Se o Sr. Ninguém (Kurt Russell) ia dar um jeito de tirar Hobbs da cadeia de qualquer jeito, porque perguntar o que ele queria? Letty, Hobbs e os demais parecem aceitar muito fácil a presença de Shaw entre eles, com o conflito resolvido depois que certas informações sobre o passado dele são reveladas, mas parece muito pouco se lembrarmos que Deckard e o irmão mataram dois membros do grupo e ninguém parece lembrar disso. Há uma personagem dos filmes anteriores que retorna e ela acaba restrita ao papel de refém, servindo apenas como motivação e despachada sem muita cerimônia.

Do mesmo modo, Cipher é praticamente um vilão de filme antigo de James Bond, com "covil avião", um objetivo pouco específico de controle global e um plano super mirabolante que parece feito para fracassar. Afinal, se ela conseguiu se infiltrar sem ser vista na fortaleza de Ninguém, por que atacá-los somente com granadas de atordoamento? Não seria mais fácil matá-los? Eu sei, eu sei, se os protagonistas morressem não tinha mais filme, mas é preciso uma motivação melhor do que "para  o filme não acabar em trinta minutos" para que a decisão da personagem não soe tola e destoante de sua personalidade fria e pragmática. Ela só funciona por causa da força e da autoridade que Charlize Theron dá a ela, sempre mantendo a voz calma e exibindo gestos extremamente calculados. Por outro lado, a motivação de Dom para trair seus aliados é bem compreensível e Vin Diesel surpreende ao passar credibilidade ao conflito emocional do personagem.

Quem rouba a cena, no entanto, são Hobbs e Deckard, em especial pelas constantes e bem humoradas provocações entre os dois que engatam uma frase de efeito divertida depois da outra. A cena em que ambos escapam da prisão é uma das melhores sequências de ação do filme, usando poucos cortes para ressaltar as proezas físicas de The Rock e Jason Statham que despacham sem dificuldade e com muita brutalidade os guardas. As piadas de Roman (Tyrese Gibson), no entanto, continuam inconstantes, funcionando bem em alguns momentos e em outros nos fazendo revirar os olhos, em especial seus avanços forçados na hacker Ramsey (Nathalie Emmanuel). Igualmente inconsistentes são as tentativas de humor do novato vivido por Scott Eastwood, desperdiçando o carisma do ator em um personagem que passa o filme sem dizer a que veio.

As cenas de ação continuam espetaculares e grandiloquentes, oferecendo perseguições intensas, que divertem principalmente pelo exagero e absurdo. Um dos momentos mais divertidos é o tiroteio em um avião que coloca Shaw para enfrentar dezenas de capangas enquanto carrega um bebê. A perseguição em Nova Iorque impressiona pelo método usado pela vilã para atacar seu alvo, controlando remotamente centenas de carros e usando-os de uma maneira que dá novo significado à expressão "carro bomba". Igualmente grandiloquente é a perseguição final envolvendo um submarino em uma geleira, que conta com momentos divertidos de puro absurdo a exemplo da cena em que Hobbs segura e desvia um torpedo apenas com as mãos.

Velozes e Furiosos 8 tem lá seus problemas de construção narrativa, mas, falando sério, não vamos assistir um filme como esse por causa da história né? A verdade é que ele entrega exatamente o que promete, um divertido espetáculo de ação descerebrada e exagerada que funciona primordialmente pelo aceitar sem medo sua natureza de absurdo.


Nota: 7/10

Trailer

2 comentários:

Agenor Sant'ana disse...

Na minha opinião já acabou a gasolina quando perdeu um dos caras mais f*** do seu elenco (Paul Walker) ou seja já deu sabemos que ninguém morre que Toretto não vai trair a família que no final ele explica o motivo ou não vai ser em um proximo mas é preciso saber a hora de terminar uma franquia.

Lucas Ravazzano disse...

Agenor, a perda do Walker impactou a franquia, mas esse filme consegue se resolver bem com a ausência do personagem e é bem divertido. Sugiro que dê uma chance a ele.