terça-feira, 18 de abril de 2017

Crítica - Vida

Análise Vida


Review Vida
Os primeiros trailers de Vida pareciam dar a impressão de que o filme não tinha muito a oferecer além de ser uma espécie de cópia de Alien: O Oitavo Passageiro (1979). Se misturássemos imagens do trailer do filme com o do vindouro Alien: Covenant os dois seriam praticamente indistinguíveis. Depois de assistir o filme é difícil negar a impressão inicial, mas mesmo não fazendo nada que a franquia Alien já não tenha feito, Vida funciona muito bem pelo modo como conduz a nossa tensão.

A narrativa segue uma equipe de astronautas à bordo da Estação Espacial Internacional em uma missão para analisar material coletado de Marte. Nas amostras do solo a equipe encontra um organismo unicelular inerte e consegue reanimá-lo. A criatura começa a se desenvolver e se mostra muito mais complexa do que inicialmente previsto e, logicamente, começa a querer sair do confinamento.

O filme faz um bom trabalho em estabelecer o funcionamento da estação espacial e a finalidade de cada espaço, o que é importante quando a tensão explode a há pouco espaço para explicações. Usando planos longos e poucos cortes, o diretor Daniel Espinosa (do fraco Crimes Ocultos) ilustra as distâncias entre os módulos, o aperto dos espaço e as limitações de se mover em gravidade zero. Muitas vezes a câmera se movimenta como se flutuasse ao redor dos personagens, transmitindo não só a sensação de gravidade zero, como também a falta de um referencial de cima/baixo, lado certo/lado errado, causado pela falta de gravidade.

Uma vez estabelecido e espaço e a criatura, o filme imediatamente explora seu potencial como ameaça e quase não dá respiro ao espectador. Do momento em que ela esmaga a mão de um dos cientistas, há um senso palpável de que ela pode matar a todos ali, podendo se esconder em qualquer lugar ou resistir. Não quero falar muito para não estragar a experiência de ninguém, mas o filme consegue criar várias imagens grotescas e angustiantes, explorando ao máximo a claustrofobia daqueles espaços apertados.

Os personagens são definidos basicamente por suas funções na estação espacial e a maioria deles são meramente pedaços de carne a serem devorados, mas o manejo da tensão é tão competente que o fato da maioria deles ser uma coleção de lugares comuns acaba nem tendo tempo de incomodar. O destaque fica por conta da médica Miranda, interpretada por Rebecca Ferguson. Ela podia cair na vala comum de cientistas frios e excessivamente racionais, mas Ferguson instila nela um senso de dever e responsabilidade, além de um calor humano bem genuíno, que seu comportamento extremamente pragmático jamais cai no exagero ou na caricatura.

Vida pode não fazer nada que já não tenha sido feito no cinema, mas ainda assim é uma jornada sufocante e carregada de tensão que nos lembra o quão ameaçador o vazio e os perigos inesperados do espaço podem ser.


Nota: 7/10

Trailer

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