sexta-feira, 23 de junho de 2017

Crítica - GLOW: 1ª Temporada

Análise GLOW: 1ª Temporada


Review GLOW: 1ª TemporadaLevemente baseada no programa de televisão oitentista de mesmo nome, a primeira temporada da série GLOW tenta imaginar como seriam os bastidores dessa produção e como era a vida das artistas e lutadoras que trabalhavam nela, visto que era um período com poucos papéis de protagonistas femininas.

A narrativa acompanha Ruth (Alison Brie) uma atriz desempregada e sem dinheiro que aceita participar de um teste de elenco que pede garotas exóticas. Chegando no teste ela encontra o diretor Sam Sylvia (Marc Maron) e descobre que ele está selecionando lutadoras para um programa de luta-livre (ou wrestling) todo protagonizado por mulheres (GLOW é uma sigla para"Gorgeous Ladies Of Wrestling", algo como "belas mulheres do wrestling" em português). Como não tem outra opção, ela aceita o trabalho e aos poucos vai passando a gostar do ofício. As coisas se complicam quando uma antiga amiga de Ruth, Debbie (Betty Gilpin), se junta como estrela do show, já que Ruth dormiu com o marido de Debbie.

A série, produzida por Jenji Kohan (criadora de Orange is the New Black) usa da história das lutadoras para falar, com uma boa dose de humor, de temas como o protagonismo feminino, o machismo no ramo do entretenimento e também sobre os problemas causados por representações estereotipadas na ficção. No episódio final, por exemplo, Arthie (Sunita Mani) entra para lutar vestida de terrorista, provocando a ira do público que joga latas no ringue, ferindo ela e outras lutadoras. A ideia é mostrar como o reforço através da mídia de certas impressões sobre uma determinada população pode indiretamente estimular o ódio e a agressividade contra essas minorias. O roteiro também é esperto ao perceber como as narrativas criadas por esses programas de luta livre, seus mocinhos e vilões, se assemelham muito às tramas de melodramas folhetinesco ou telenovelas, apenas usando o formato de luta para vender essas tramas a um público masculino.

A recriação da época oitentista é extremamente competente, não só nos figurinos coloridos, cabelos extravagantes e luzes neon, como também no constante uso de músicas cheias de sintetizadores e sucessos de glam rock (ou glam metal) da época para construir o clima do período. Os eventos da época também são usados na trama, a onda conservadora do governo Reagan e seu impacto na sociedade dos EUA é algo constantemente explorado ao longo da temporada. Do mesmo modo, alguns acontecimentos são usados para fins cômicos, como o lançamento de De Volta Para o Futuro (1985), que acaba sendo similar a um filme que Sam planejava fazer, frustrando os planos do diretor.

O elenco, principalmente as lutadoras, tem uma boa química entre si e convencem na construção dos laços de companheirismo entre elas, que se aproximam conforme vão se conhecendo e aprendem a contar umas com as outras. Alison Brie traz energia e carisma à Ruth, uma mulher que não aceita não como resposta e parece ter sempre uma reposta mordaz na ponta língua. Os diálogos, por sinal, divertem pelas boas sacadas ou mesmo pelo puro nonsense de frases como "um chute é como um soco, com os pés".

Assim sendo, com seu elenco entrosado, texto afiado e um aproveitamento inteligente do período oitentista, a primeira temporada de GLOW acaba sendo bem divertida.


Nota: 8/10

Trailer


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