terça-feira, 10 de outubro de 2017

Crítica - Logan Lucky: Roubo em Família

Resenha Logan Lucky: Roubo em Família


Review Logan Lucky: Roubo em Família
Retornando ao universo dos filmes de roubo depois de anos sem um novo projeto, o diretor Steven Soderbergh faz praticamente uma versão caipira de Onze Homens e Um Segredo (2001), também dirigido por ele, neste Logan Lucky: Roubo em Família. Depois de anos afastado da cadeira de direção nos cinemas, seu último filme foi Terapia de Risco (2013), o retorno de Soderbergh acaba rendendo uma esquisita e engraçada história de assalto.

A trama acompanha Jimmy Logan (Channing Tatum) que está em um péssimo momento em sua vida. Ele acaba de perder seu emprego e descobre que sua ex-mulher, Bobbie (Katie Holmes), vai se mudar para outro estado e levar sua filha junto. Sem perspectivas, ele decide roubar o cofre de um grande autódromo e para isso convoca a ajuda de seu irmão maneta Clyde (Adam Driver), sua irmã Mellie (Riley Keough) e do arrombador de cofres Joe Bang (Daniel Craig), que está preso, para realizar o golpe.

Tudo segue a estrutura tradicional de filmes sobre assaltos. Há a escolha e apresentação da equipe, o planejamento do assalto e a execução do golpe na qual nem tudo sai como planejado. Apesar do formato manjado, a fita funciona pelo seu plantel de personagens insólitos e sua exploração bem humorada do universo caipira criado pelo filme. A narrativa é recheada de situações inesperadas como a cena em que Joe faz um explosivo com jujubas ou a rebelião prisional na qual os detentos tem como exigência os últimos e ainda não lançados livros de As Crônicas de Fogo e Gelo de George R.R. Martin (que servem de base para a série Game of Thrones).

Do ladrão com problemas de pressão vivido por Daniel Craig aos irmãos que evangélicos que precisam de uma "justificativa moral" para cometerem crimes, passando pelo magnata dos energéticos interpretado por Seth McFarlane ou o piloto natureba de Sebastian Stan (o Bucky de Capitão América: Guerra Civil), todos os personagens tem personalidades bizarras e momentos divertidos. Mesmo quando alguns tem pouquíssimo tempo de tela, conseguem fazer render cada minuto e é difícil deixar a sala de cinema e esquecer essas personalidades exóticas.

Channing Tatum já tinha mostrado que sabe viver um sujeito chucro em filmes como Foxcatcher (2014), mas seu Jimmy não é apenas uma caricatura de caipira. Apesar de parecer pouco educado e avesso a coisas do "mundo moderno" como celulares ou redes sociais, Tatum consegue dar a ele um tipo de engenhosidade ou malemolência que torna crível que ele consiga planejar um golpe nessa escala. O ator também é eficiente em construir o sentimento que Jimmy tem pela filha e como o desejo de estar perto dela e ser um bom pai acaba motivando sua empreitada criminosa. Também tem uma ótima química com Adam Driver, que vive seu irmão, transmitindo a impressão de que realmente convivem e se conhecem há muito tempo. 

O epílogo, no entanto, acaba se estendendo demais ao mostrar o que aconteceu depois do roubo. A demora torna-se ainda mais frustrante ao constatarmos a reviravolta previsível que ocorre quando a narrativa finalmente resolve explicar o que de fato aconteceu durante o golpe. Ao se arrastar durante a resolução o filme também acaba desperdiçando a breve participação de Hilary Swank, que acaba tendo pouco a fazer exceto por alguns diálogos expositivos.

De todo modo, Logan Lucky: Roubo em Família acaba divertindo bastante pelo seu exótico universo caipira e personagens singulares.

Nota: 7/10


Trailer

Um comentário:

Camila Navarro disse...

O roteiro passa a ser uma estratégia em torno de um objetivo, seja um assalto, uma fuga ou um elaborado trambique, e seu sucesso depende do encaixe perfeito de personagens, situações e cenários. Roger Edgerton foi maravilhoso no filme, este ator nos deixa outro projeto de qualidade chamado It comes at night, de todas as suas filmografias essa é a que eu mais gostei, acho que deve ser a grande variedade de talentos. Será exibida na TV, a chave do sucesso é o bem que esta contada a historia e a trilha sonora, enfim, um dos meus preferidos.