O anúncio de que a Netflix lançaria este The Cloverfield Paradox logo depois da partida do Super Bowl (a final do campeonato de futebol americano) pegou todo mundo de surpresa. O filme só estava agendado para sair em alguns meses e seu lançamento súbito parecia uma estratégia ousada. Depois de assistir o longa metragem, no entanto, fica a sensação de que a manobra da Netflix foi apenas para chamar a atenção para um filme que de outro modo seria ignorado, já que o resultado está muito abaixo dos dois anteriores.
A trama visa explicar o
aparecimento do mostro do primeiro filme e acompanha uma equipe de cientistas
que trabalha em uma estação espacial para desenvolver um novo tipo de acelador
de partículas capaz de gerar energia limpa e ilimitada. Quando o acelerador é
ligado, a estação e os cientistas são levados a um universo paralelo e as
coisas começam a ficar sinistras.
É uma premissa com potencial, mas
o que se segue é uma repetição requentada de eventos que já vimos em filmes
similares como O Enigma do Horizonte (1997),
Sunshine: Alerta Solar (2007), O Enigma de Outro Mundo (1982) ou o
recente Vida (2017). Não há qualquer
esforço de ir além dos clichês explorados à exaustão e situações manjadas de
pane na estação espacial ou o terror do desconhecido.
Outro problema são os personagens
vazios, sem personalidade, que não são nada além de pedaços de carne a serem
exterminados e não nos dão nenhum motivo para torcermos pela sobrevivência
deles. Considerando que o elenco é formado por atores competentes como David
Oyelowo, Gugu Mbatha-raw, Daniel Bruhl ou Zhang Ziyi era de se esperar que eles
conseguissem dar o mínimo de credibilidade ao seus personagens, mas o texto
lhes dá tão pouco com o que trabalhar que é impossível despertar o mínimo de
empatia por personagens tão clichê.
As cenas que mostram o que está
acontecendo na Terra tem pouco a acrescentar exceto por algumas poucas
informações que conectam este filme ao resto da mitologia deste universo, mas é
tudo tão vago que não dificilmente valem a pena pelo tempo longo que ocupam e
pelos personagens desinteressantes que apresentam. Além disso, os segmentos na
terra quebram o clima de claustrofobia (algo que Rua Cloverfield 10 trabalhou muito bem) do que acontece na estação
especial, contribuindo para a diluição da tensão.
O único acerto são alguns bons momentos
de horror corporal (ou body horror)
que geram imagens verdadeiramente angustiantes como todo o segmento em que
Jensen (Elizabeth Debicki) é retirada da parede ou a morte de Volkov (Aksel
Hennie). Isso, porém, é muito pouco para evitar que The Cloverfield Paradox fique à deriva em um universo de marasmo,
clichês e falta de personalidade.
Nota: 3/10
Trailer
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