Essa segunda temporada de Desventuras em Série demora um pouco a
engrenar. Depois dos oito episódios da primeira temporada, era de esperar que a
série levasse seus personagens a novas direções, mas boa parte desse segundo
ano repete os mesmos padrões da temporada de estreia.
Esse novo conjunto de episódios
começa no ponto em que o ano anterior terminou, com Klaus (Louis Hynes), Violet
(Malina Weissman) e Sunny (Presley Smith) deixados em um colégio interno.
Logicamente, a chegada ao colégio não significa o fim dos infortúnios dos
Baudelaire e o Conde Olaf (Neil Patrick Harris) logo os encontra para tentar
mais uma vez tomar conta de sua fortuna.
A questão é que os seis primeiros
episódios seguem à risca a fórmula estabelecida na primeira temporada. Os
Baudelaire chegam a um novo local, o Conde Olaf aparece sob algum disfarce, os
adultos se recusam a perceber que é o vilão, os irmãos são enredados em alguma
armadilha até que removem o disfarce de Olaf e convencem a todos da identidade
do vilão. Assim, é difícil afastar a sensação de estar comendo uma janta
requentada e que tudo é uma repetição das mesmas coisas que já vimos.
O terceiro e quarto episódio se
saem melhor em relação aos primeiros seis dessa temporada ao conseguirem
apresentar personagens divertidos na forma dos dois ricaços interpretados por
Tony Hale e Lucy Punch. A luxuosa cobertura habitada pelo abastado casal também
se diferencia dos ambientes cinzentos e decadentes que permeiam as desventuras
dos Baudelaire ao apresentar cenários cheios de luz e com uma estética de art déco.
Outra boa adição é o Jacques
Snicket vivido por Nathan Fillion. A canastrice do ator e sua cadência de fala
peculiar caem como uma luva no universo excêntrico da série, funcionando tanto
como fonte de humor como para aprofundar a mitologia da série ao fornecer algumas
explicações sobre o funcionamento da sociedade secreta com a qual os pais dos
Baudelaire estavam envolvidos.
A narrativa recupera seu fôlego
nos últimos quatro episódios ao apresentar mais respostas para os mistérios que
até então a trama tinha se esforçado pouco para explicar e também ao colocar os
protagonistas para enfrentarem diretamente o Conde Olaf, inclusive usando as
mesmas tácticas do vilão contra ele, como seu uso de disfarces. Tal como na
temporada anterior, o design de
cenários, que remete às estéticas góticas e expressionistas, ajuda a transmitir o clima de fantasia e infortúnio que permeia a
história ao conceber espaços bizarros e dilapidados nos quais predominam tons
de cinza e marrom.
O elenco continua afiado. Neil
Patrick Harris permanece acertando no equilíbrio entre ameaçador e ridículo do
Conde Olaf, além de ter mais algumas oportunidades de exibir seu talento
musical em alguns números de canto e dança. Do mesmo modo, os garotos
Baudelaire são eficientes ao evocar a natureza engenhosa de seus personagens.
Patrick Warburton, por outro lado, é prejudicado por um texto que não consegue
oferecer os mesmos solilóquios divertidos, cheios de jogos de palavras sagazes,
da temporada anterior. O ator é ótimo no modo como se dirige ao público, mas o
texto não é tão arguto quanto antes e nem todas as tentativas de humor do
personagem funcionam como deveriam.
No fim das contas, essa segunda
temporada de Desventuras em Série
demora um pouco de engrenar graças ao seu apego à fórmula do primeiro ano, mas
continua a oferecer uma aventura divertida e cheia de excentricidade.
Nota: 6/10
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