quarta-feira, 11 de abril de 2018

Crítica - Rampage: Destruição Total


Análise Rampage: Destruição Total


Review Rampage: Destruição Total
Considerando que a Warner vem obtendo relativo sucesso com seus filmes de monstro como Godzilla (2013) ou Kong: A Ilha da Caveira (2017), inclusive com uma cena pós-créditos ligando os dois filmes em um universo compartilhado, é estranho que o estúdio tenha escolhido adaptar um antigo jogo de videogame sobre monstros gigantes que mal tinha uma trama. O que Rampage: Destruição Total tem a oferecer aos fãs desse tipo de filme que outros não fazem? Bem, nada.

A trama começa quando uma estação espacial explode e os cilindros contendo um patógeno capaz de manipular o DNA animal caem em diferentes pontos dos Estados Unidos, transformando a fauna local em monstros gigantes. Um dos cilindros cai na reserva animal na qual Davis (Dwayne "The Rock" Johnson) cuida de gorilas, tornando um gorila albino em um animal gigantesco. Para controlar a situação, os irmãos Claire (Malin Akerman) e Brett Wyden (Jake Lacy), donos da empresa responsável pelos experimentos despacham uma equipe de mercenários para capturar as criaturas, mas quando os soldados falham, os executivos resolvem usar um sinal de rádio que só pode ser ouvido pelas criaturas para atraí-los à sede da empresa, eliminá-los e coletar seu DNA para futuros experimentos porque, claro, atrair monstros gigantes para uma grande cidade é algo bastante responsável e inteligente.

O plano dos vilões não tem a menor lógica. Se a equipe de mercenários deles já tinha sido eliminada, como eles iam exterminar as criaturas? Eles iam esperar que o exército matasse os bichos para eles? O prédio não possui qualquer tipo de defesa, então também não é muito inteligente da parte deles se manter em um local que é literalmente um ímã de monstros gigantes. Outra coisa que não faz muito sentido é o fato do governo não parecer muito interessado em punir os responsáveis apesar de ficar claro desde o início do filme que a empresa de Claire e Brett está por trás de tudo e aquele tipo de experimento é ilegal no mundo inteiro. Apesar disso, o máximo que as autoridades fazem é confiscar os arquivos da empresa, sem parar um segundo sequer para interrogar ou deter os donos da corporação. Se os irmãos Wyden possuíam um antídoto capaz de acalmar as criaturas, porque não oferecê-los aos militares?

Cada informação ou desenvolvimento narrativo parece contradizer ou criar um furo ainda maior em relação a tudo que vimos anteriormente na trama ao ponto em você apenas perde o interesse. Eu sei que ninguém vai assistir um filme como esse por causa da história e eu mesmo não esperava dele nenhuma complexidade shakespeariana, mas ao menos espero que seja algo coeso e coerente, o que não é o caso.

The Rock faz o mesmo tipo herói invencível e bom em tudo que interpretou na nova versão de Jumanji, mas se lá esse personagem era construído com um viés paródico e bem humorado que se encaixava no universo fantasioso proposto, aqui ele exige demais da boa vontade do público para funcionar. É difícil manter a suspensão da descrença quando Davis é baleado no abdome e passa a última meia hora correndo, pulando, atirando e lutando como se sequer tivesse sofrido um ferimento à bala. The Rock é carismático o suficiente para evitar que o protagonista se torne aborrecido, ainda que soe como uma repetição pouco inspirada de outras coisas que ele já fez em filmes melhores.

O resto do elenco acaba desperdiçado em personagens pouco interessantes. Jeffrey Dean Morgan (o Negan de The Walking Dead) até diverte com seu misterioso agente do governo, mas ele é mais um dispositivo de roteiro que existe para mover a narrativa e levar os personagens do ponto A ao ponto B do que um sujeito plenamente realizado. A cientista vivida por Naomie Harris está em cena basicamente para explicar a trama e os vilões são tão caricatos que mais provocam tédio e aborrecimento do que causam risos ou convencem como ameaças críveis.

Os monstros digitais, em especial o gorila George que é bem expressivo, são muito bem realizados e o 3D surpreende ao conseguir criar a ilusão de várias camadas de profundidade, mas ainda assim as cenas de destruição não divertem como deveriam. As interações entre George e o personagem de The Rock rendem alguns momentos engraçados, mas os embates entre as criaturas não tem a mesma criatividade e energia daquelas vistas em Kong: A Ilha da Caveira, por exemplo. É tudo relativamente bem executado, mas burocrático. Até mesmo Godzilla (2013), que era relativamente econômico em mostrar seus monstros, conseguia produzir lutas mais empolgantes.

Com um roteiro cheio de furos, personagens vazios e cenas de ação que não envolvem, Rampage: Destruição Total faz muito pouco para justificar a própria existência ou porque alguém deveria assisti-lo quando existem alternativas melhores.


Nota: 4/10


Trailer

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