Vingadores: Guerra Infinita é daqueles filmes que é melhor assistir
sabendo o mínimo possível. Nesse sentido, escrever sobre ele é um pouco difícil,
pois não quero estragar a experiência de ninguém. Ele é de fato a culminância
de dez anos de planejamento e construção narrativa interligado, fazendo valer a
pena ter acompanhado todo esse universo até aqui. Sim, é preciso ter visto boa
parte dos filmes para entender o que acontece aqui.
A narrativa começa mais ou menos
no ponto em que Thor: Ragnarok (2017),
com a nave contendo os refugiados de Asgard sendo atacados pela nave de Thanos
(Josh Brolin), que está percorrendo o universo em busca das seis Joias do Infinito
para destruir metade da população do universo e assim trazer equilíbrio ao
cosmos. Dizer mais seria arriscado, mas a partir do momento que o vemos começar
a coletar as Joias começa uma corrida contra o tempo envolvendo praticamente
todos os personagens que conhecemos no universo Marvel até agora.
Thanos impressiona não só pelo
grau de ameaça que ele impõe aos personagens, como também pela complexidade que
o texto dá a ele. É possível compreender suas motivações e o peso que ele sente
carregar em virtude de sua peregrinação pelo universo. Thanos não é meramente
um genocida sádico, ele é alguém com plena ciência do alto custo do que está
fazendo e sente a dor de cada sacrifício feito. Ao seu modo, ele é
misericordioso e honrado, ainda que também possa ser cruel e monstruoso. Depois
do excelente antagonista que foi Killmonger em Pantera Negra, parece que a Marvel finalmente está conseguindo
criar vilões interessantes, vamos torcer para que continue assim.
A trama é igualmente competente
em trabalhar as relações entre o infindável número de personagens apresentados
até então e a dinâmica entre heróis que até então não tinham se encontrado,
como Homem de Ferro (Robert Downey Jr) e Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch)
ou Thor (Chris Hemsworth) e os Guardiões da Galáxia. Há aqui um equilíbrio
entre o constante sentimento de ameaça e o humor que os filmes da Marvel
raramente conseguiam alcançar. Nos divertimos com as frases de efeito e tiradas
engraçadas, mas também percebemos a gravidade que paira no ar e a sensação de
que nenhum daqueles personagens está seguro.
Ainda assim, o filme nos faz
sentir o tempo de sua duração. Não é daqueles filmes de quase três horas em que
o tempo passa sem sentir e a subtrama que envolve Thor e Rocket (Bradley
Cooper) se alonga um pouco mais do que necessário. Outra questão são os filhos
de Thanos que, embora sejam oponentes formidáveis em batalha, nunca conseguem
ir além de serem meros "chefes de fase". Falando em cenas de ação,
elas provavelmente estão entre as melhores da Marvel, não só pela escala da
destruição, mas pelo modo criativo com o qual usam os poderes dos diferentes
personagens em conjunto, principalmente uma luta em Titã envolvendo Thanos e
vários heróis. Preciso apontar, embora não incida diretamente sobre minha
avaliação do filme, o quanto o 3D atrapalha a experiência. Como muita coisa
acontece em ambientes escuros, em ruínas ou mal iluminados, as lentes dos
óculos tornam tudo incomodamente ainda mais escuro do que deveria e por vezes
foi necessário um pouco de esforço para compreender o que acontecia.
Vingadores: Guerra Infinita é exatamente o grande clímax que se
esperava, entregando uma aventura cheia de perigo, emoção e diversão.
Nota: 9/10
Obs: Há uma cena adicional no fim dos créditos.
Trailer
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