Com uma produção conturbada que
incluiu a demissão dos diretores Phil Lord e Chris Miller durantes as gravações
e a entrada de Ron Howard para finalizar o filme, eu não esperava muita coisa
deste Han Solo: Uma História Star Wars.
Felizmente, o resultado final não é tão problemático quanto imaginava, sendo
uma aventura divertida, mas esquecível.
A narrativa segue a juventude de
Han Solo (Alden Ehrenreich) e suas primeiras aventuras, mostrando como ele
fugiu de seu planeta natal Corellia e adentrou pelo submundo da galáxia. Em
suas viagens ele conhece o ladrão Beckett (Woody Harrelson), que se torna uma
espécie de mentor para ele, e busca reencontrar sua amiga de infância Qi'ra
(Emilia Clarke).
O longa-metragem promete nos
mostrar como Han se tornou o contrabandista cínico, durão e egoísta que
conhecemos no Star Wars original, mas
tudo que o filme faz é exibir como ele conseguiu suas coisas (nave, pistola) e
encontrou seus principais aliados, sem construir essa prometida jornada
emocional e assim falha em justificar sua própria existência. Os demais
coadjuvantes também não tem muito desenvolvimento, o que até prejudica uma
reviravolta próxima ao fim quando Qi'ra toma uma decisão que não parece
justificada pelo pouco que a conhecemos, seja em termos de roteiro ou da
atuação de Emilia Clarke que não dá a Qi'ra ambiguidade o suficiente para que
ela convença como a femme fatale que
a trama quer que a personagem se torne.
Aliás, o clímax do filme acaba
virando uma bagunça arrastada conforme tenta jogar uma reviravolta atrás da
outra em um curto espaço de tempo, com traições e mudanças de lealdade a cada
minuto que claramente foram feitas para dar dinamismo ao embate final. O
efeito, no entanto, acaba sendo contrário, dando a impressão de que a trama
está andando em círculos e arrastando o desfecho mais do que deveria.
Na verdade, fica a impressão que
a fita tem muita confiança em seu próprio sucesso, empurrando conflitos e
sonegando informações só para poder explorá-las em continuações. Pensar muito à
frente em um filme nunca é uma boa decisão (que o diga o remake de A Múmia) e
deixa o filme parecendo um grande prólogo de uma história de origem que ainda
será contada ao invés da origem propriamente dita.
Alden Ehrenreich traz a mesma
confiança e sarcasmo que Harrison Ford trazia a Han, mas adiciona uma certa
medida de ingenuidade aos personagem, denotando que ele ainda não é o mesmo que
conhecemos antes. Outro destaque é Lando Calrissian interpretado por Donald
Glover, que enche o golpista espacial de malandragem e charme, roubando todas
as cenas em que aparece. Além disso, Glover tem uma boa química com Ehrenreich,
tornando a relação de amizade/inimizade entre Han e Lando bastante divertida.
Em alguns momentos o filme se
aproxima de elementos tradicionais do western,
seja em elementos da trama, como no roubo do trem, ou estéticos, como no close do coldre de Han quando ele é
desafiado pelos saqueadores, mas são referências pontuais ao gênero e o filme
nunca se compromete completamente em ser algo como um "faroeste
espacial". Uma pena, pois essa abordagem ajudaria a conferir personalidade
e frescor ao filme, algo que ele realmente precisava para se diferenciar dos
demais da franquia, principalmente por estar sendo lançado meros cinco meses
depois de Os Últimos Jedi (2017).
As cenas de ação são bem
conduzidas, cheias de energia e perigo, principalmente o já citado roubo de
trem e a todo o segmento envolvendo a fuga do planeta Kessel com as manobras
vertiginosas da Millenium Falcon. Não são do tipo que ficam presas em nossa
memória e nos lembramos delas por dias depois de assisti-las, mas são o
bastante para nos manter entretidos.
"O bastante para
entreter" acaba sendo o mantra de Han
Solo: Uma História Star Wars, um filme que nunca justifica sua própria
existência, acrescenta pouco ao conhecido, mas é divertido o bastante para
servir como um passatempo despretensioso.
Nota: 6/10
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