Imagino que esteja bem claro que
sou fã da banda Queen. O nome dessa página é inclusive uma referência à música
que serve de título para Bohemian
Rhapsody, filme biográfico sobre Freddie Mercury, o vocalista da banda. Assim,
entrei bem empolgado para assisti-lo, mas o resultado, embora não chegue a ser
negativo, fica abaixo do esperado.
O filme conta a vida de Freddie
Mercury (Rami Malek) da juventude aos seus últimos dias, mostrando os
principais sucessos dele e seus companheiros da banda Queen: Brian May (Gwilyn
Lee), Roger Taylor (Ben Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello). A questão é que
sua narrativa parece mais interessado em nos mostrar bastidores das gravações
das músicas mais famosas da banda, como We
Will Rock You ou Another One Bites
The Dust, do que em entender quem são essas pessoas ou o que as move.
O início até aponta algumas
questões sobre Freddie, sua insegurança em relação à própria aparência ou a
vergonha que tem de seu passado como imigrante, mas tudo isso é pouco explorado
porque o filme se movimenta muito rápido pela trajetória do músico. Mal uma
ideia ou conflito é introduzido e ele já é resolvido porque a trama precisa
pular alguns anos para nos mostrar o próximo grande hit do Queen. Desta forma, a película ganha um incômodo tom
episódico, fragmentado demais para desenvolver os dramas ou conflitos daquelas
pessoas, mais parecendo um grande verbete de Wikipédia. Funciona mais como uma
grande trívia sobre a banda do que algo que nos fornece um entendimento
profundo sobre eles.
Existem também problemas em como
o filme aborda a vida amorosa do protagonista, com Mary (Lucy Boynton) sendo
uma figura proeminente na projeção, mas Jim (Aaron McCuskie), com quem Freddie
viveu seus últimos anos, aparece por pouquíssimos minutos, reduzindo um dos
seus relacionamentos mais importantes a uma mera nota de rodapé em sua
biografia. Para uma biografia do compositor responsável por Love of My Life e Somebody to Love, ele é bastante displicente em tentar entender a
busca de Freddie por afeto.
Rami Malek, por outro lado, é
ótimo em capturar o maneirismos extravagantes e personalidade petulante de
Freddie, assim como a energia que ele tinha no palco, reproduzindo de maneira
envolvente as principais performances do músico, em especial o clímax durante o
Live Aid. É inegável a força da música do Queen, seja quando ela é usada dentro
do filme, como na cena em que o público canta Love of My Life ou o fora do universo fílmico a exemplo do uso de Who Wants to Live Forever quando Freddie
descobre que está com AIDS.
Não posso deixar de mencionar um
breve momento de humor metalinguístico na cena em que o produtor da banda ouve Bohemian Rhapsody pela primeira vez.
Interpretado por Mike Myers, o produtor diz que a canção será um fracasso
porque não será capaz de fazer as pessoas balançarem a cabeça enquanto a
escutam no carro, sendo que o próprio Myers se tornou célebre ao fazer isso em
uma cena de Quanto Mais Idiota Melhor
(1992). Quero pensar que a escalação de Myers foi proposital para gerar esse
momento de ironia, mas se não foi, funcionou do mesmo jeito.
Bohemian Rhapsody acaba sendo uma biografia excessivamente
convencional de uma pessoa que era qualquer coisa menos isso. Rami Malek
garante que a experiência seja satisfatória, mas não afasta a impressão de um
produto quadrado e superficial.
Nota: 6/10
Trailer
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