terça-feira, 30 de outubro de 2018

Crítica – Bohemian Rhapsody


Análise Crítica – Bohemian Rhapsody


Review – Bohemian Rhapsody
Imagino que esteja bem claro que sou fã da banda Queen. O nome dessa página é inclusive uma referência à música que serve de título para Bohemian Rhapsody, filme biográfico sobre Freddie Mercury, o vocalista da banda. Assim, entrei bem empolgado para assisti-lo, mas o resultado, embora não chegue a ser negativo, fica abaixo do esperado.

O filme conta a vida de Freddie Mercury (Rami Malek) da juventude aos seus últimos dias, mostrando os principais sucessos dele e seus companheiros da banda Queen: Brian May (Gwilyn Lee), Roger Taylor (Ben Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello). A questão é que sua narrativa parece mais interessado em nos mostrar bastidores das gravações das músicas mais famosas da banda, como We Will Rock You ou Another One Bites The Dust, do que em entender quem são essas pessoas ou o que as move.

O início até aponta algumas questões sobre Freddie, sua insegurança em relação à própria aparência ou a vergonha que tem de seu passado como imigrante, mas tudo isso é pouco explorado porque o filme se movimenta muito rápido pela trajetória do músico. Mal uma ideia ou conflito é introduzido e ele já é resolvido porque a trama precisa pular alguns anos para nos mostrar o próximo grande hit do Queen. Desta forma, a película ganha um incômodo tom episódico, fragmentado demais para desenvolver os dramas ou conflitos daquelas pessoas, mais parecendo um grande verbete de Wikipédia. Funciona mais como uma grande trívia sobre a banda do que algo que nos fornece um entendimento profundo sobre eles.

Existem também problemas em como o filme aborda a vida amorosa do protagonista, com Mary (Lucy Boynton) sendo uma figura proeminente na projeção, mas Jim (Aaron McCuskie), com quem Freddie viveu seus últimos anos, aparece por pouquíssimos minutos, reduzindo um dos seus relacionamentos mais importantes a uma mera nota de rodapé em sua biografia. Para uma biografia do compositor responsável por Love of My Life e Somebody to Love, ele é bastante displicente em tentar entender a busca de Freddie por afeto.

Rami Malek, por outro lado, é ótimo em capturar o maneirismos extravagantes e personalidade petulante de Freddie, assim como a energia que ele tinha no palco, reproduzindo de maneira envolvente as principais performances do músico, em especial o clímax durante o Live Aid. É inegável a força da música do Queen, seja quando ela é usada dentro do filme, como na cena em que o público canta Love of My Life ou o fora do universo fílmico a exemplo do uso de Who Wants to Live Forever quando Freddie descobre que está com AIDS.

Não posso deixar de mencionar um breve momento de humor metalinguístico na cena em que o produtor da banda ouve Bohemian Rhapsody pela primeira vez. Interpretado por Mike Myers, o produtor diz que a canção será um fracasso porque não será capaz de fazer as pessoas balançarem a cabeça enquanto a escutam no carro, sendo que o próprio Myers se tornou célebre ao fazer isso em uma cena de Quanto Mais Idiota Melhor (1992). Quero pensar que a escalação de Myers foi proposital para gerar esse momento de ironia, mas se não foi, funcionou do mesmo jeito.

Bohemian Rhapsody acaba sendo uma biografia excessivamente convencional de uma pessoa que era qualquer coisa menos isso. Rami Malek garante que a experiência seja satisfatória, mas não afasta a impressão de um produto quadrado e superficial.

Nota: 6/10


Trailer

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