sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Crítica – Pathfinder: Kingmaker


Análise Crítica – Pathfinder: Kingmaker


Review – Pathfinder: Kingmaker
Faz tempo que procuro um bom RPG que emule o estilo de RPGs de mesa, tal qual faziam Baldur’s Gate ou Neverwinter Nights. Minha busca cessou quando encontrei este Pathfinder: Kingmaker, baseado no RPG de mesa Pathfinder (que não conheço, parei com os RPGs de mesa no D&D 3ª Edição). É um jogo com perspectiva isométrica que traz tudo que eu busca em algo com o clima dos jogos de mesa, mas também traz alguns problemas que atrapalham a experiência.

Na trama, o personagem criado pelo personagem é um Pathfinder, um desbravador que precisa conquistar uma área selvagem e governá-la em meio a um clima de rivalidade entre os dois grandes reinos vizinhos. É uma narrativa cheia de intrigas políticas e personagens ambíguos que consegue nos manter interessados do início ao fim.

Como era de se esperar em algo baseado em um RPG de mesa, o jogador tem bastante liberdade pra criar e progredir seu personagem, bem como na maneira de resolver as situações. Dependendo da escolha do jogador, alguns conflitos podem ser resolvidos sem ser preciso recorrer ao combate.

Falando em combate, o jogo reproduz bem as amplas habilidades das classes de RPG de papel, construindo uma grande satisfação em destruir inimigos com um conjunto de poderosas magias de um mago ou destroçando-os com a fúria de um bárbaro. O senso de aventura, de descoberta de novas áreas ou a sensação de perigo ao explorar uma masmorra, temendo pelos perigos e armadilhas escondidas pelo caminho, também é reproduzido com exatidão.

A questão é quem não é acostumado às regras de RPGs de mesa (em especial o sistema D20) pode encontrar algumas dificuldades porque o jogo não faz um trabalho muito bom em explicar o funcionamento de muitas mecânicas. Quem é pouco familiarizado pode ser perder diante da amplitude de opções de customização de personagem e escolher um build de personagem equivocado pode prejudicar muito o processo. Muita coisa eu deduzi pela minha experiência com D&D, mas ainda assim me deparei com situações nas quais eu não sabia se estava diante de um bug do jogo ou havia alguma mecânica da qual eu não estava ciente.

Uma vez, por exemplo, eu estava lutando com um troll e em dado momento ele caiu, como se estivesse morto, mas meus personagens continuaram a atacar e o jogo continuava me dizendo que a criatura ainda estava viva, mesmo sem ele fazer nenhuma ação e seus pontos de vida estarem em zero. Comecei a achar que era um bug, mas precisei consultar um fórum de internet para descobrir que mesmo com a vida zerada, o jogo só registrava a morte dele se a habilidade de regeneração da criatura fosse anulada (com ácido ou fogo). Se o troll tivesse se levantado e continuado a lutar depois de ter sua vida zerada, essa mecânica faria sentido, mas do jeito que está é bem confuso e estranho.

Outro exemplo são inimigos de “enxame” (como enxames de aranhas ou pequenos insetos). Usar espadas, machados e outras armas praticamente não causa dano a eles, sendo necessário usar ataques de área (como magias, fogo alquímico ou tochas) para derrotá-los. A primeira vez que enfrentei esse tipo de inimigo, estranhei o pouco dano causado, até que lembrei do meu tempo jogando RPGs de mesa e recorri as velhas táticas. O mesmo aconteceu quando enfrentei esqueletos e percebi que eles recebiam dano reduzido de armas de corte, precisando usar armas de contusão (como maças) para causar dano normal. Se eu não tivesse algum conhecimento dos jogos de mesa, provavelmente me frustraria, já que o jogo pouco fez para me deixar ciente dessas mecânicas.

Não ajuda que o bestiário dentro do jogo só traz informações sobre a mitologia envolvendo as criaturas, mas muito pouco sobre suas fraquezas e resistências. Eu entendo que, de alguma forma, isso tenta reproduzir o funcionamento dos RPGs de papel no qual os jogadores interpretam personagem que não tem conhecimento das regras e não é possível praticar “metajogo”, mas isso poderia ser resolvido in game se fosse permitido um teste de conhecimento a cada criatura encontrada, uma rolagem de dado bem sucedida faria os personagens identificarem as forças e fraquezas dos inimigos.

Existem também alguns problemas de performance, em especial a demora nas telas de carregamento, mesmo para entrar em espaços pequenos ou para ir ao mapa do mundo, o jogo demora bastante para carregar. Alguns patches que saíram desde o lançamento melhoraram um pouco a performance, mas ainda é demorado para algo que não requer tanto poder gráfico ou de processamento.

Além de explorar masmorras, há também todo o componente de gerenciar seu próprio reino. Há uma série de minúcias e atividades para fazer, desde realizar construções, anexar novos territórios, escolher conselheiros e mandá-los em diferentes missões. Ser um monarca não é uma tarefa fácil, com muitas demandas sendo mutuamente excludentes, significando que aceitar a proposta de um determinado setor ou nação significa atrair a insatisfação de outros grupos. Novas ocorrências pipocam a todo tempo, dando a impressão de que estamos sufocados por tantos problemas, nos deixando imersos na constante urgência que é gerenciar um reino. Para quem só quer se preocupar em rastejar por masmorras, há uma opção para deixar o gerenciamento do reino no automático sem precisar realizar todas essas atividades.

Pathfinder: Kingmaker é um competente RPG isométrico que traduz muito bem a experiência dos RPGs de papel, mas é atrapalhado por uma interface pouco amigável ao usuário e problemas de performance.

Nota: 7/10

Obs: O jogo está disponível para PC

Trailer

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