The Sinner tinha sido inicialmente anunciada como uma minissérie,
mas diante do sucesso obtido, a emissora anunciou que faria uma segunda
temporada. Por melhor que tivesse sido a série, não fiquei exatamente
empolgado, afinal a história de Cora (Jessica Biel) se encerrava perfeitamente.
Informações posteriores me deixaram um pouco mais esperançoso quando soube que
a segunda temporada de The Sinner não
seria uma continuação da trama de Cora, mas um crime totalmente novo e o único
personagem que continuaria seria o detetive Ambrose (Bill Pullman).
A segunda temporada é centrada no
garoto Julian (Elisha Hennig) que aparentemente mata os pais durante uma viagem
em família. A natureza pouco usual do crime faz a policial Novack (Heather
Paul) pedir ajuda de Ambrose, que é um velho amigo de seu pai. Assim, a dupla
começa a investigar os motivos que teriam levado o garoto a envenenar os pais,
mas o mistério os leva a uma isolada comunidade alternativa com ares de culto
liderada pela misteriosa Vera (Carrie Coon).
Se a força da primeira temporada
residia no trabalho cheio de ambiguidade de Jessica Biel, aqui boa parte do
impacto recai nos ombros de Carrie Coon. Vera caminha por uma linha tênue entre
uma riponga que só que ser deixada em paz em sua comunidade isolada e uma manipuladora
líder de culto capaz de dobrar qualquer um aos seus desígnios. Sua preocupação
por Julian constantemente nos deixa incertos quanto à motivação. Por mais que
ela exiba um afeto genuíno pelo menino, ela sempre nos deixa com a impressão de
que sabe mais do que conta, nos fazendo pensar se o desejo de soltar Julian
também não está ligado ao fato de não querer que o garoto fale demais sobre a
comunidade. Falando em Julian, o jovem ator Elisha Hennig surpreende com a
complexidade que dá ao personagem, evidenciando a instabilidade e
vulnerabilidade de Julian, sempre deixando em suspense o que levou o menino a
matar dois adultos.
A ideia de que o culto de Vera
está tem alguma ligação direta com os atos de Julian é construída pelas imagens
macabras dos rituais de cura e libertação feitos lá, especialmente os que
envolvem Vera e o misterioso monólito que ela guarda dentro de um celeiro.
Nesses momentos a série flerta com o horror, gerando tensão ao deixar incerto
se há um componente sobrenatural nisso tudo ou se é apenas uma manipulação bem
engendrada.
As questões de culpa e “pecado”
continuam sendo uma temática presente aqui. Há a culpa carregada por Vera a
respeito de segredos do passado de sua comunidade, a culpa da policial Novack
em relação ao sumiço de uma antiga namorada (que obviamente está conectado com
a comunidade de Vera) e também a culpa carregada pelo detetive Ambrose em
relação a uma tragédia de seu passado. Assim como na temporada anterior, a
série mostra como muito dessa culpa é construída pelos erros ou problemas com
os pais e como eles deixam cicatrizes que as pessoas carregam pelo resto da
vida. Nesse sentido, essa nova temporada não tem muito a dizer que a primeira
já não tenha dito, perdendo a oportunidade de explorar outras facetas da culpa.
De certa forma, a segunda
temporada de The Sinner acaba
oferecendo mais do mesmo, mas a condução do mistério e os personagens ambíguos
contribuem para uma experiência envolvente.
Nota: 7/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário