sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Crítica – The Umbrella Academy: 1ª Temporada


Análise Crítica – The Umbrella Academy: 1ª Temporada


Review – The Umbrella Academy: 1ª Temporada
Considerando o fim iminente da parceria entre a Netflix e a Marvel, além do fato de que todas as séries fruto dessa parceria já foram oficialmente canceladas pela gigante do streaming, era de se imaginar que a Netflix ia buscar outras fontes para abastecer seu catálogo de histórias de super-heróis. Uma das escolhidas foi a graphic novel Umbrella Academy (que não li) criada por Gerard Way e Gabriel Bá, que tem uma boa temporada de estreia.

A trama é praticamente uma versão mais pé no chão do que aconteceria se alguém juntasse um grupo de adolescente e os treinasse para ser super-heróis (pensem nos X-Men). Uma ocorrência extraordinária faz quarenta e três mulheres ao redor do mundo parirem filhos mesmo sem que estivessem grávidas. O bilionário Reginald Hargreeves (Colm Feore) reúne sete dessas crianças e as treina para utilizar suas habilidades especiais combatendo o crime. A equipe se revela ao público quando eles ainda são adolescentes, mas com o tempo ela se dissolve. A equipe se reencontra anos depois quando Reginald morre misteriosamente. Luther (Tom Hopper), o antigo líder da equipe desconfia que ele pode ter sido assassinado e as coisas ficam ainda mais estranhas quando Cinco (Aidan Gallagher), que tinha desaparecido anos atrás ao tentar viajar no tempo, reaparece através de um portal, ainda com a mesma aparência de quando sumiu.

A narrativa aborda de modo mais realista as consequências de pegar um bando de crianças e praticamente transformá-los em uma milícia. Sob esse olhar, os personagens são praticamente crianças-soldado não muito diferente do que vemos em conflitos ao redor do mundo e logicamente ser exposto a essa violência e brutalidade, normalizando esse comportamento desde cedo, tem consequências sobre os personagens.

Luther é o único ainda devotado ao “pai”, como um soldado traumatizado que não consegue se adaptar ao mundo real, ainda acreditando na missão e nos valores que foram treinados para cumprir. Diego (David Castañeda) atua como vigilante por conta própria, fazendo justiça ao seu modo, enquanto Alisson (Emmy Raver-Lampman) se tornou atriz e Klaus (Robert Sheehan) se afunda em drogas para “calar” sua habilidade de se comunicar com os mortos. Enquanto isso, Vanya (Ellen Page) lida com o trauma de ser a única entre os irmãos sem poderes, sendo constantemente tratada como alguém inferior ou indesejável pelo pai e pelos irmãos.

A trama é mais focada em lidar com os traumas e inadequações de cada um dos membros da equipe e é eficiente em fazer isso criando conflitos críveis para essas pessoas que viveram situações tão extremas desde muito jovens. O destaque fica por conta do garoto Aidan Gallagher, que realmente convence que Cinco é um homem de quase sessenta anos por trás de sua aparência juvenil. Quando há ação, os embates são bem conduzidos e usam com criatividade os poderes de cada personagem, além de não economizarem na violência.

Os vilões Cha-Cha (Mary J. Blige) e Hazel (Cameron Britton, da série Mindhunter) contribuem para excentricidade do universo construído pela série, ainda que a escolha deles usarem grandes máscaras de mascotes não faça muito sentido dentro da estética realista da série, já que as máscaras provavelmente diminuem o campo de visão deles o que não é algo ideal se você é um matador profissional. Sim, isso já está nos quadrinhos, mas nem tudo que funciona em páginas desenhadas funciona com pessoas de carne e osso, não é à toa que outros visuais, como o de Luther, foram modificados para ficarem mais realistas.

A série, no entanto, sofre com o já manjado “inchaço da Netflix” com ocasionais perdas de ritmo e episódios em que nada muito relevante acontece e a trama parece não estar caminhando.  Por ser uma brincadeira com histórias típicas de super-heróis, há também um certo grau de previsibilidade. Desde o primeiro episódio fica evidente que Vanya irá descobrir que tem poderes ou que seu estudante de violino, Leonard (John Magaro), é na verdade um vilão.

Mesmo com alguns problemas, a primeira temporada de The Umbrella Academy é um consistente estudo sobre o impacto do vigilantismo nos jovens super-heróis, embalado por um universo excêntrico e cheio de personalidade.


Nota: 8/10


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