Os últimos jogos realmente bons dos Power Rangers foram
lançados lá na era 16 bits, com as versões para Mega Drive e Super Nintendo de Power Rangers The Movie, que eram
relativamente diferentes entre si. De lá para cá foram lançados jogos para
diferentes consoles, a imensa maioria de qualidade duvidosa.
Os dois últimos que joguei foram Lightspeed Rescue e Time
Force ambos para o primeiro Playstation e ambos muito ruins. O que saiu até
então me escapou, inclusive porque parei de acompanhar a série, mas confesso
que fiquei curioso com o anúncio deste Power
Rangers: Battle For The Grid, jogo de luta em equipes de 3 vs 3 estilo Marvel Vs Capcom. Depois de ter passado
um considerável tempo com ele, devo dizer que é o melhor game dos Rangers em
muito tempo.
A narrativa é baseada no arco Shattered Grid dos quadrinhos
no qual o vilão Lord Drakkon, uma versão do Tommy Oliver de um universo
paralelo que se manteve maligno mesmo depois do feitiço de Rita Repulsa ser
quebrado, viaja pelo multiverso caçando Rangers para roubar seus poderes e
assim controlar a grade de morfagem. Explico tudo isso porque quem não estiver
familiarizado com a história não irá receber muito mais do modo Arcade que vem
no jogo.
Constando de um total de oito lutas, o modo Arcade apresenta
alguns diálogos entre os personagens escolhidos pelo jogador e os vilões
durante as lutas finais, mas a maioria deles é genérico, revela pouco sobre a
trama ou a personalidade de cada personagem. As falas podiam ser trocadas de um
personagem para o outro que não fazia a menor diferença.
Esse é o principal problema do game, a apresentação pobre.
Os menus e interfaces são simples demais em termos de design e o mesmo pode ser dito da maioria dos cenários, que parecem
algo saído da geração anterior de consoles. Há também um problema de desenho
sonoro, já que exceto pelo narrador praticamente não há vozes no jogo, o que é
bastante curioso considerando que na série eles constantemente gritam o nome de
seus ataques.
Os modelos de personagem, no entanto, são bem animados e
detalhados, sendo possível ver o cuidado e atenção até mesmo em pequenos
detalhes, como o fato da skin do
Jason portando o Escudo do Dragão (o colete amarelo do Tommy) tem também um
pequeno coldre lateral no qual é possível ver a Adaga do Dragão.
A quantidade de modos também é modesta, já que além do modo
Arcade, há um modo Versus local (contra outros jogadores ou CPU), um tutorial
relativamente limitado que apenas ensina o básico dos controles, um modo de
treinamento e modos online com
partidas casuais e ranqueadas.
É preciso, no entanto, salientar que este é um game de
sessenta reais (ao menos no PS4), então não dá para esperar dele valores de
produção e um apuro audiovisual que se esperaria de um jogo que custasse preço
cheio. Levando em conta que pesa pouco no bolso, o game compensa a modéstia de
sua apresentação com a qualidade das mecânicas de combate.
O jogo conta com apenas nove personagens, mas isso acaba não
sendo um problema por cada um deles ser realmente singular na maneira de jogar
e construir combos. As lutas usam um esquema de quatro botões: ataque fraco,
médio, forte e especial, com variações de cada um a partir de combinações com o
direcional (tipo em Super Smash Bros).
As batalhas se dão em trios, com os jogadores podendo trocar livremente os
personagens ou chamar os que não estão sendo usados para assists, tal como em Ultimate
Marvel vs Capcom 3.
Apesar de simples, as combinações de diferentes tipos de
ataques e assists abrem inúmeras
possibilidades para combos devastadores que podem eliminar um personagem do
time adversário com uma única sequência de golpes. Ou seja, mesmo quem não tem
muita habilidade com o gênero consegue se divertir criando combos e quem é
habituado a jogos de luta terá muito o que explorar para extrair o máximo de
dano de cada personagem, sendo simultaneamente acessível a novatos e instigante
para veteranos.
São batalhas ágeis, divertidas e dotadas de relativa
complexidade apesar dos controles parecerem simples demais em uma primeira
observação. Além do time de três personagens, cada jogador pode levar um Zord
para batalha (existem três disponíveis por enquanto). O uso dos Zords fica
disponível quando se perde um dos lutadores do seu time e ele só pode ser chamado uma vez. Invocá-los faz esses
robôs gigantes invadirem o campo de batalha com ataques e pisões que tomam boa
parte da tela e podem mudar os rumos de uma luta quando o jogador estiver em
desvantagem. Assim nenhuma luta, por mais fácil que pareça inicialmente, tem
resultado garantido e o usuário precisa ficar atento para que o jogador
adversário não vire rapidamente as marés do combate.
Os modos online fluem
sem engasgos ou quedas de frames (ao
menos no PS4), o que é surpreendente para um jogo que parece ter tido um
orçamento bem baixo. Por outro lado, carecem de funções bastante típicas de
jogos do gênero, como a possibilidade de dar um rematch imediatamente depois da luta. A ausência da função
significa que o jogador precisa retornar à tela de matchmaking sem ter a possibilidade de uma revanche ou uma segunda
luta para garantir sua supremacia contra o usuário que acabou de enfrentar.
Considerando o baixo preço em relação à apresentação
simplória e conteúdo modesto, Power
Rangers: Battle For The Grid surpreende positivamente com um combate ágil,
divertido, equilibrado e espalhafatoso. Espero que a desenvolvedora NWay
continue a dar suporte a ele, inserindo mais personagens, Zords, modos e também
alinhavando problemas, os Rangers merecem algo digno depois de anos relegados a
produtos ruins.
Nota: 6/10
O jogo está disponível para PS4, Xbox One, Switch e PC.
Trailer
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