segunda-feira, 29 de abril de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada
Eu fiquei bastante surpreso com a primeira temporada de She-Ra e as Princesas do Poder. Era uma reinvenção competente da animação oitentista que conseguia trazer uma inesperada camada de complexidade aos seus personagens em relação ao maniqueísmo quadrado do produto original. Esse segundo ano segue essa mesma abordagem de adicionar camadas aos seus heróis e vilões, mas a curta duração impede que tenha o mesmo impacto do ano de estreia.

Com apenas sete episódios, quase metade em relação aos treze da primeira temporada, esse segundo ano começa no ponto em que o anterior terminou. Adora está treinando para dominar seus poderes como She-Ra, as princesas tentam se organizar para conter o avanço de Hordak e Felina tenta encontrar um jeito de neutralizar Adora.

Se a primeira temporada era sobre Adora (e em certa medida as outras princesas também) descobrir o próprio poder, essa segunda é sobre como a protagonista lida com o peso da responsabilidade de saber que ela carrega nas costas o destino da resistência contra Hordak. Esse peso cria inseguranças em Adora, principalmente por ela saber que a última She-Ra foi, de alguma maneira, responsável por parte da destruição de Etéria. Assim, ela se torna obcecada em entender o que aconteceu para evitar que os problemas do passado voltem a se repetir.


Ao mesmo tempo, a trama expande alguns personagens, contribuindo para dar a eles maior complexidade, como o episódio que foca no passado de Sombria, mostrando que ela já teve uma vida normal e que a sua queda para as sombras, ainda que motivada por uma sede de poder, foi também pelo desejo de proteger as pessoas ao seu redor. O episódio também ajuda a entender melhor a complicada relação entre Sombria e Felina, mostrando como a feiticeira tentou evitar que Felina trilhasse o mesmo caminho que ela.

A trama também mostra como a curiosidade científica de Entrapta, desprovida de um compasso ético ou moral que a norteie, apenas a direciona ainda mais na direção de Hordak e em contribuir com os propósitos da Horda. Claro, a personagem não parece motivada por malícia ou crueldade, mas por mais ingenuamente curiosa que ela seja, é difícil crer que alguém tão inteligente não pare por um segundo sequer para questionar as consequências de suas ações ou com o que ela está contribuindo, já que Hordak não conta a ela a totalidade de seu plano.

A complicada relação entre Felina e Adora continua sendo um dos pontos focais da trama. Mostrando como muito da motivação de Felina se dá pelo seu senso de carência e abandono, já que sob a ótica da personagem, ela foi abandonada pelas pessoas que mais admirava, tanto Adora quanto Sombria. Do mesmo modo, a narrativa mostra como Scorpia tem uma amizade e carinho verdadeiros por Felina, inclusive salvando Felina de seus impulsos mais destrutivos. Isso ajuda a dar mais complexidade a Scorpia, evitando que ela seja uma mera capanga.

O principal problema, no entanto, é que todos esses desenvolvimentos acabam não culminando em coisa alguma. Se na primeira temporada os eventos desembocavam no climático confronto entre as princesas e a Horda, aqui a temporada termina em um gancho que faz pouco para dar a sensação de que a temporada contou uma história com começo, meio e fim ou que deu encerramento aos arcos que iniciou. A sensação mais parece de que assistimos apenas a metade de uma temporada do que uma temporada inteira, que estabeleceu as bases e conflitos, mas não ofereceu nenhuma medida de solução ou fechamento. Não sei exatamente o que motivou o menor número de episódios nessa segunda temporada, mas a narrativa é prejudicada pelo pouco tempo, terminando em uma interrupção abrupta e incompleta ao invés de encerrar um ciclo na jornada daquelas pessoas.

Em sua segunda temporada, She-Ra e as Princesas do Poder continua a dar complexidade aos seus personagens, mas peca por um final sem impacto que mais parece uma trama abandonada pela metade do que uma narrativa completa.

Nota: 7/10


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