Godzilla (2014)
caía no erro de dedicar mais tempo aos personagens humanos do que ao monstro
que dá título ao filme, que mal aparecia direito exceto por alguns minutos do
fim. Este Godzilla 2: Rei dos Monstros,
tem menos pudor em mostrar suas criaturas, mas continua a insistir demasiado em
uma quantidade excessiva de humanos desinteressantes.
A trama é centrada na garota Madison (Millie Bobby Brown, a
Eleven de Stranger Things), que
perdeu o irmão durante os eventos do primeiro filme. Por conta disso, os pais
de Madison se divorciaram e agora ela mora com a mãe, Emma (Vera Farmiga), que
trabalha para a Monarch, a instituição que pesquisa e vigia os monstros
gigantes. Emma desenvolve uma maneira de se comunicar com as criaturas, mas é
sequestrada por um grupo de ecoterroristas que querem usar a invenção para
despertarem o temível King Ghidorah para restaurar a natureza. Com o sequestro
a Monarch procura Mark (Kyle Chandler), ex-marido de Emma, que ajudou a
construir o dispositivo para que ele tente encontrá-la.
Desde o início quando vemos Mothra acordar de seu estado
dormente percebemos que o filme é muito mais generoso em mostrar suas criaturas
ao público. A quantidade de criaturas aumenta, assim como também se ampliam as
cenas de ação envolvendo os monstros e a brutalidade desses embates é sem
dúvida o ponto alto do filme. Por outro lado incomoda que eles estejam sempre
sob chuva e escuridão. Eu sei que isso é provavelmente para economizar
dinheiro, já que exige menos detalhamento para animá-los por conta das
condições de visibilidade e iluminação, e o filme até usa os poderes do King
Ghidorah como desculpa para as tempestades constantes, mas não afasta a
sensação de que o filme reluta demais em mostrá-los em toda sua plenitude.
Há também um esforço de ampliar a mitologia desse universo,
fazendo referências aos filmes japoneses e também preparando terreno para
filmes vindouros e um inevitável confronto com o King Kong que já vinha sendo
construído desde Kong: Ilha da Caveira
(2017). Tudo isso é feito de maneira bem orgânica à trama, sem a impressão de
que a narrativa está parando para “construir o universo” como ocorreu com A Múmia (2017).
Por outro lado, é curioso que apesar da reverência e
respeito ao material original, o filme elimine de uma maneira forçada e
desnecessária o personagem humano mais interessante e que melhor representava
essa conexão, que era o Dr. Serizawa (Ken Watanabe). Os demais são uma coleção
de clichês pouco imaginativos e temas batidos, como a ideia de que as coisas
dão errado sempre que a raça humana tenta brincar de deus, que remete de
Frankenstein a Jurassic Park (1993).
Do mesmo modo, é bastante previsível o arco de Mark, que começa querendo a
morte de todas os monstros, até sua eventual aceitação de que é preciso
trabalhar junto com Godzilla.
Assim como acontece com os filmes da franquia Transformers,
aqui os realizadores também parecerem superestimar a importância desses
personagens humanos sem graça, dedicando um tempo excessivo a esses conflitos
batidos e desinteressantes, que incham o filme a desnecessárias duas horas e
dez minutos. Ninguém entra para ver um filme do Godzilla esperando ver um drama
shakespeariano, entramos para ver monstros saindo na porrada, então não há
motivo para dar tanto espaço aos humanos, principalmente quando eles são um
amontoado de clichês.
Godzilla 2: Rei dos
Monstros acerta ao explorar mais suas criaturas e no senso de escala dos
embates, mais derrapa num excesso de personagens que fazem pouco além de inchar
o filme com tramas previsíveis.
Nota: 6/10
Trailer
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