A primeira impressão que este Fora de Série me passou era de que seria basicamente uma versão
feminina de Superbad: É Hoje (2007),
já que a estrutura era basicamente a mesma: duas amigas nerds que sempre foram
párias em sua escola decidem ter uma última noite de festa para quebrar as
regras e, quem sabe ficarem com seus respectivos crushes, tudo embalado por uma mistura entre drama e comédia. A
diferença aqui é a personalidade e senso de extravagância que Olivia Wilde, em
seu primeiro filme como diretora, consegue imprimir aqui.
A trama acompanha as amigas Molly (Beanie Feldstein, irmã de
Jonah Hill que, curiosamente, estrelou Superbad)
e Amy (Kaitlyn Dever). Elas passaram toda a vida escolar preocupadas em entrar
em boas universidades, sem participar de festas ou quaisquer atividades
sociais. Nas vésperas da formatura do colégio elas descobrem que muitos colegas
também passaram em boas universidade e fizeram isso sem abrir mão da vida
social. Assim, a dupla resolve se envolver em uma noite de festas para
compensar tudo que não aproveitaram.
O primeiro grande mérito é o conjunto de personagens
excêntricos e singulares que o filme consegue criar. Isso vai desde a dupla de
protagonistas passando por praticamente todo o elenco coadjuvante como o geek de teatro George (Noah Galvin), o festeiro
Jared (Skyler Gisondo) ou a patricinha alucinada Gigi (Billie Lourd). Apesar de
um papel pequeno, Lourd domina cada segundo que está em cena, devorando o cenário
com a conduta intensa e imprevisível de Gigi. O elenco cria de maneira bastante
crível a impressão de que esses personagens são colegas de escola que se
conhecem e convivem há anos.
Isso fica evidente em muitas cenas cujos diálogos foram
claramente improvisados e a direção de Wilde sabe explorar essa espontaneidade
e entrosamento sem perder o timing
das cenas (um problema bastante comum quando se deixa atores soltos para
improvisar) ou alongar esses momentos mais do que necessário. O coração do
filme, no entanto, reside mesmo na dinâmica entre Amy e Molly, uma amizade
construída de maneira bem sincera, tanto no modo como explora o afeto quanto no
desenvolvimento dos conflitos entre elas, fruto de uma co-dependência que há
entre as duas.
Desta maneira, em meio a todo humor e anarquia, o filme
também encontra momentos consistentes de drama, seja na cena em que Amy e Molly
discutem no meio de uma festa, seja no momento em que Molly pega carona com uma
colega e percebe como estava reproduzindo um comportamento machista ao
contribuir para espalhar boatos sobre a “vadia da escola”. É daqueles filmes
que te colocam em uma montanha russa emocional, te fazendo rachar de rir em um
momento (a cena que Amy e Molly arrumam o cabelo para parecer a máscara do Bane
em Batman: O Cavaleiro das Trevas
Ressurge me fez rir bem alto) e se emocionar logo depois.
Fora de Série
acaba sendo uma ótima estreia para a atriz Olivia Wilde como diretora, uma
jornada agridoce sobre amizade, amadurecimento e descobertas elevada pelo timing da direção, entrosamento do
elenco e personagens pitorescos.
Nota: 8/10
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