quinta-feira, 13 de junho de 2019

Crítica – Fora de Série

Análise Crítica – Fora de Série

Review – Fora de Série
A primeira impressão que este Fora de Série me passou era de que seria basicamente uma versão feminina de Superbad: É Hoje (2007), já que a estrutura era basicamente a mesma: duas amigas nerds que sempre foram párias em sua escola decidem ter uma última noite de festa para quebrar as regras e, quem sabe ficarem com seus respectivos crushes, tudo embalado por uma mistura entre drama e comédia. A diferença aqui é a personalidade e senso de extravagância que Olivia Wilde, em seu primeiro filme como diretora, consegue imprimir aqui.

A trama acompanha as amigas Molly (Beanie Feldstein, irmã de Jonah Hill que, curiosamente, estrelou Superbad) e Amy (Kaitlyn Dever). Elas passaram toda a vida escolar preocupadas em entrar em boas universidades, sem participar de festas ou quaisquer atividades sociais. Nas vésperas da formatura do colégio elas descobrem que muitos colegas também passaram em boas universidade e fizeram isso sem abrir mão da vida social. Assim, a dupla resolve se envolver em uma noite de festas para compensar tudo que não aproveitaram.


O primeiro grande mérito é o conjunto de personagens excêntricos e singulares que o filme consegue criar. Isso vai desde a dupla de protagonistas passando por praticamente todo o elenco coadjuvante como o geek de teatro George (Noah Galvin), o festeiro Jared (Skyler Gisondo) ou a patricinha alucinada Gigi (Billie Lourd). Apesar de um papel pequeno, Lourd domina cada segundo que está em cena, devorando o cenário com a conduta intensa e imprevisível de Gigi. O elenco cria de maneira bastante crível a impressão de que esses personagens são colegas de escola que se conhecem e convivem há anos.

Isso fica evidente em muitas cenas cujos diálogos foram claramente improvisados e a direção de Wilde sabe explorar essa espontaneidade e entrosamento sem perder o timing das cenas (um problema bastante comum quando se deixa atores soltos para improvisar) ou alongar esses momentos mais do que necessário. O coração do filme, no entanto, reside mesmo na dinâmica entre Amy e Molly, uma amizade construída de maneira bem sincera, tanto no modo como explora o afeto quanto no desenvolvimento dos conflitos entre elas, fruto de uma co-dependência que há entre as duas.

Desta maneira, em meio a todo humor e anarquia, o filme também encontra momentos consistentes de drama, seja na cena em que Amy e Molly discutem no meio de uma festa, seja no momento em que Molly pega carona com uma colega e percebe como estava reproduzindo um comportamento machista ao contribuir para espalhar boatos sobre a “vadia da escola”. É daqueles filmes que te colocam em uma montanha russa emocional, te fazendo rachar de rir em um momento (a cena que Amy e Molly arrumam o cabelo para parecer a máscara do Bane em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge me fez rir bem alto) e se emocionar logo depois.

Fora de Série acaba sendo uma ótima estreia para a atriz Olivia Wilde como diretora, uma jornada agridoce sobre amizade, amadurecimento e descobertas elevada pelo timing da direção, entrosamento do elenco e personagens pitorescos.

Nota: 8/10

Trailer


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