A primeira temporada de Killing Eve foi uma grata surpresa, construindo uma das melhores séries de
espionagem da televisão graças ao roteiro afiado e excelente trabalho das
atrizes Sandra Oh e Jodie Comer. Essa segunda temporada mantem o alto nível da
primeira, focando mais na relação das duas protagonistas do que na intriga da
espionagem propriamente dita.
A trama começa bem no ponto em que o ano de estreia
encerrou, com Villanelle (Jodie Comer) em fuga depois de ter sido esfaqueada
por Eve (Sandra Oh). Além de procurar por Villanelle, Eve se envolve na
investigação de misteriosos assassinatos envolvendo uma empresa do ramo digital
que pode ter ligação com a agência russa para a qual Villanelle trabalhava.
Jodie Comer continua excelente em retratar a psicopatia
excêntrica de Villanelle, alguém que claramente vê as pessoas ao seu redor como
meros objetos, não tem qualquer reserva em ser extremamente cruel ou violenta,
nem usar as pessoas apenas para descartá-las logo depois.
Por ser alguém tão desprovida de empatia, não deixa de ser
curiosa a opção de retratar a paixão (ou seria apenas fixação?) de Villanelle
por Eve como uma espécie de crush
infantiloide na qual a assassina tenta de qualquer jeito ser notada por Eve, inclusive
interferindo no relacionamento de Eve com Niko (Owen McDonell), para tentar se
aproximar do seu objeto de afeto (ou obsessão).
Eve, por sua vez, precisa confrontar as consequências de seu
ato violento na temporada anterior, se colocando em dúvida se é capaz de ser
tão fria e implacável quanto Villanelle enquanto percebe o quanto suas atitudes
lhe desumanizam e fazem ver o mundo de outra maneira. Ela também vai se dando
conta da fixação que desenvolveu por Villanelle, uma conflituosa mistura de afeto,
admiração, cuidado, raiva e frustração, permitindo que a assassina ocupe cada
vez mais espaço em sua vida.
Ao longo da temporada Eve também vai percebendo a moralidade
ambígua que permeia sua atividade, não havendo uma divisão muito clara que
separe os bons ou maus já que os dois lados usam dissimulação, manipulação e
táticas moralmente repreensíveis, usando as pessoas como bens descartáveis. Se
a primeira temporada era uma trama de “espião versus espião” bem típica, aqui
há um olhar mais desencantando ou romantizado em relação a isso, reconhecendo
que para ser muito bom nisso requer um grau de psicopatia.
Tal como o ano de estreia, a atual temporada é extremamente
eficiente em combinar suspense, drama e até pitadas de comédia graças às
personalidades pitorescas de seus personagens. Além disso, encerra em um gancho
tão angustiante quanto o da temporada anterior, aumentando a ansiedade para a
chegada de uma terceira temporada.
Graças ao talento de seu elenco e hábil manejo narrativo, a
segunda temporada de Killing Eve
continua a evidenciar que esta é uma das melhores séries em exibição
atualmente.
Nota: 9/10
Trailer
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