sexta-feira, 19 de julho de 2019

Crítica – Meu Eterno Talvez



Análise Crítica – Meu Eterno Talvez

Review – Meu Eterno Talvez
Não esperava muita coisa deste Meu Eterno Talvez, visto que a maioria dos filmes originais da Netflix tende a ser decepcionante, vide os recentes Megarromântico e Entre Vinhoe Vinagre, mas ele acaba sendo uma fofa comédia romântica que tenta ponderar sobre relacionamentos e os papéis sociais aferidos a homens e mulheres dentro de uma relação.

Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) são amigos desde a infância e acabam se envolvendo romanticamente no final do ensino médio. Eles se afastam depois da morte da mãe de Marcus e da ida de Sasha para a faculdade. Anos mais tarde, Sasha retorna a sua cidade natal para abrir um restaurante e reencontra Marcus. A reunião desperta neles sentimentos que estiveram dormentes em ambos durante o período que passaram afastados.

É uma premissa bem típica de comédia romântica que deixa óbvio desde o início que Sasha e Marcus vão inevitavelmente descobrir que foram feitos um para outro, assim como trocarão aprendizados entre si, com Sasha aprendendo a se reconectar às suas raízes e Marcus aprendendo a ser menos acomodado. Apesar da trama não oferecer nenhuma grande surpresa, o carisma e a química de Ali Wong e Randall Park conseguem nos fazer torcer pelo casal, com ambos construindo personagens adoráveis e com motivações compreensíveis.

Muito do humor do filme deriva de constantes críticas à cultura hipster da cidade de São Francisco e do universo da alta gastronomia. Em uma cena, Sasha leva Marcus a um restaurante extremamente chique e ele se surpreende ao ser o único homem de terno no local, sendo avisado por Sasha de que a moda entre os ricos é gastar milhares de dólares para vestir roupas que parecem ser de mendigos.

O humor se torna ainda mais absurdo lá pela segunda metade da projeção quando Keanu Reeves aparece interpretando uma versão mais aloprada e pretensiosa de si mesmo. As cenas que envolvem o ator e as pessoas ao redor reagindo a ele com uma idolatria quase que religiosa são as mais engraçadas do filme. Keanu interpreta a si mesmo com uma energia insana que é louvável tanto por sua entrega e comprometimento com o absurdo quanto pela sua esportividade em ser capaz de rir de si mesmo e do “mito” que se criou em torno de sua persona pública.

A trama acerta ainda na construção da dinâmica entre Sasha e Marcus, mostrando a dificuldade de Marcus em se colocar em um papel secundário em um relacionamento e como isso deriva de uma perspectiva antiquada das relações entre homem e mulher que considerava degradante para um homem não ser o ponto focal da relação. O texto é inteligente em assumir que não há nada fundamentalmente errado, emasculador ou humilhante no fato do homem ser uma figura de suporte para a esposa extremamente bem sucedida.

Desta maneira, mesmo seguindo uma estrutura bastante previsível de comédia romântica, Meu Eterno Talvez acerta no senso de humor e na maneira como constrói o relacionamento do casal principal.


Nota: 7/10

Trailer

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