Ao falar sobre a segunda temporada de She-Ra e as Princesas do Poder mencionei como ela fazia pouco para
avançar a trama principal da série. Pois esta terceira temporada acaba
compensando esse problema, expandindo a mitologia deste universo e avançando o
conflito entre as princesas e a horda.
A trama começa com Adora, Cintilante e Arqueiro indo para o
setor mais desolado de Etéria para tentar encontrar uma peça de tecnologia
antiga que se perdeu na região e pode lhe revelar mais sobre Mara, a She-Ra
anterior, e seu próprio destino como protetora do planeta. Ao mesmo tempo,
Hordak despacha Felina para buscar a mesma tecnologia com a esperança que seja
a peça que falta para que ele consiga abrir um portal para trazer os exércitos
da Horda para Etéria.
Como em temporadas anteriores, a série tem uma clara
preocupação com o desenvolvimento de suas personagens e o desenvolvimento de
motivações compreensíveis para elas. Aqui essa preocupação continua a ser
exercitada e aprofunda nosso entendimento até mesmo de personagens que não
esperaríamos saber muito mais do que já sabemos. O melhor exemplo é Hordak, até
aqui uma figura distante e tratada como “o mal absoluto”, mas esta temporada
mostra uma faceta mais vulnerável do vilão. Alguém que lida com a morte
iminente e também um enorme complexo de inferioridade em relação ao Hordak Prime.
A exposição desse lado até então desconhecido de Hordak, ajuda Felina a se
reaproximar dele, já que ela também é movida por um sentimento de abandono e
inferioridade.
Falando em Felina, a personagem chega aqui ao que talvez
seja seu “ponto de não retorno”. A série constantemente tenta mostrar que o
trabalho de Adora como heroína é trazer luz às trevas, de redimir o mal e não
destruí-lo, mas Felina se afundou tanto em seu rancor por Adora, que talvez
tenha ido além de qualquer possibilidade de redenção ao arriscar destruir um
planeta inteiro só para provar sua superioridade em relação à rival. A
narrativa dá a Felina todas as chances de desistir de sua vingança, de viver
longe da Horda na região desolada ou de forjar uma amizade verdadeira (e talvez
algo mais) com Scorpia, mas decide jogar fora sua chance de paz e trai suas
amizades com Scorpia e Entrapta só pela chance de tentar superar Adora. Assim,
ao longo da temporada Felina se desconecta de tudo que a humanizava.
A temporada também explica mais sobre o passado de Adora e
do próprio planeta, finalmente fornecendo uma motivação para as ações de Mara,
antes tratada como uma espécie de “She-Ra renegada”, mas que talvez tenha
intenções mais nobres do que Esperança da Luz tenha levado Adora a crer. Inclusive,
a fala de Mara desperta desconfiança quanto às motivações de Esperança e qual o
“destino” que ela quer que Adora cumpra.
A ideia de ter um destino escrito é um dos principais
conflitos de Adora ao longo da temporada, já que a garota reluta em aceitar que
não tem controle sobre a própria vida ou que ela existe apenas para cumprir um
papel específico. Adora vai aprendendo a encontrar o heroísmo em suas ações e a
colocar o bem comum sobre seus próprios desejos, uma lição que ela aprende a
duras penas ao presenciar o sacrifício de uma pessoa próxima, lembrando que a
vitória não virá sem um pesado custo. O desfecho, inclusive, abre novas
possibilidades para a série e promete novas e mais poderosas ameaças na vida de
Adora, Cintilante e as demais.
Retomando o desenvolvimento da trama principal que tinha
sido deixado de lado na temporada anterior, a terceira temporada de She-Ra e as Princesas do Poder continua
sendo uma ótima aventura povoada por personagens envolventes.
Nota: 8/10
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