Eu sinceramente não sabia o que esperar desta nova versão de
As Panteras. A escolha por Elizabeth
Banks como diretora e o trio principal pareciam promissores. Por outro lado, os
trailers pareciam levar toda a trama de investigação e espionagem um pouco a
sério demais ao invés de abraçar o espírito de aventura descompromissada e
exagero da versão de 2000 estrelada por Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore
(As Panteras Detonando, no entanto, é
um horror).
Na trama, a equipe formada por Sabina (Kristen Stewart) e
Jane (Ella Balinska) precisa proteger a engenheira Elena (Naomi Scott) depois
que ela delata uma falha mortal no novo dispositivo de energia criado por sua
empresa. Com a vida de Elena em perigo e o dispositivo, que pode gerar cargas
elétricas capazes de matar pessoas próximas ao seu pulso de energia, tendo sido
roubado, as três precisam se unir para descobrir quem está por trás da ameaça,
tendo também a ajuda da chefe Bosley (Elizabeth Banks).
O trio de protagonistas é o ponto forte do filme, em
especial a agente impulsiva interpretada por Stewart, responsável pelos
momentos mais divertidos do filme e que rouba todas as cenas nas quais está
presente. Como a novata do grupo, Elena serve como os olhos do público para
aquele universo de perigo e espionagem, deslumbrada com o glamour e engenhosidade das demais panteras e muitas vezes servindo
como alívio cômico. Já Jane contrabalança a postura relaxada de Sabina com seu
estoicismo britânico. As três funcionam bem juntas, tornando possível que
acreditemos no laço de amizade que vai se formando entre elas ao longo do
filme.
A direção de Elizabeth Banks confere energia às cenas de
ação e também tenta embalar todo o filme em um clima de girl power e afirmação do feminino, a exemplo da conversa inicial
entre Sabina e um alvo que ela está prestes a capturar. Por outro lado, o
roteiro derrapa em levar a sério demais toda a trama de intriga, investindo
tempo demais em traições e reviravoltas que tornam os eventos mais bagunçados
do que envolventes, sem falar que a maioria dos reveses é bastante óbvia. Era
evidente desde o início que o dono da empresa na qual Elena trabalhava estava
por trás de tudo e a identidade do espião dentro das panteras também era
facilmente previsível considerando a pequena quantidade de suspeitos. A
motivação do vilão, aliás, é praticamente nula, sendo um sujeito que resolveu
ser mau apenas por ser mau.
Em um filme como esse o roteiro deveria ser um veículo para
motivar cenas de ação, dar às personagens um objetivo e mostrá-las superando os
obstáculos para chegar nele, focando na ação, no espetáculo e no divertimento.
Ao invés de fazer isso, o texto prefere andar em círculos em reviravoltas
inúteis, com personagens que tem pouco o que fazer, a exemplo do empresário
vivido por Sam Claflin. O filme tenta construir um história de intriga que
pensa ser complexa, mas que é desnecessariamente rocambolesca.
O filme também peca no final e no desfecho anticlimático.
Quando achamos que finalmente chegou o momento do grande confronto com o vilão,
tudo é resolvido em praticamente um piscar de olhos, fazendo tudo acabar muito
fácil e muito rápido, ainda que de certa maneira se relacione com os temas de
valorização da mulher e a ideia de que essas personagens se aproveitam do fato
de serem subestimadas por homens.
Apesar de um elenco carismático e da mensagem girl power, As Panteras se perde em um roteiro que se complica mais do que
deveria e entrega um clímax sem impacto.
Nota: 5/10
Trailer
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