Quando escrevi sobre a primeira
temporada de Perdidos no Espaço mencionei
como a série criava um envolvente universo de ficção-científica no qual a
inteligência, conhecimento e engenhosidade dos personagens eram as principais
armas que tinham para resolver problemas. Essa segunda temporada segue
desenvolvendo os pontos fortes de sua estreia, mas também reproduz alguns de
seus problemas.
O segundo ano termina no momento
em que o primeiro encerrou, com a família Robinson sendo transportada a um
ponto desconhecido do espaço. Encontramos John (Toby Stephens), Maureen (Molly
Parker) e os demais vivendo em uma pequena ilha de um planeta tomado por água.
Sem recursos, a família começa a se acostumar à rotina do lugar, mas Maureen
sabem que a vida ali não é sustentável a longo prazo e traça um plano arriscado
para conseguir energizar a nave e deixar o planeta.
Tal como na primeira temporada o
universo em si é o principal obstáculo e ameaça aos personagens. Viajando por planetas
alienígenas que não são adaptados à vida humana, os Robinsons tem sua
capacidade de sobrevivência testada a todo momento e precisam combinar os
conhecimentos de cada um de maneiras engenhosas para se manterem vivos. É uma
série que nos lembra da importância da ciência, de como a inteligência humana
tornou nossa vida, tal como a conhecemos, possível e o quão longe nossa espécie
pode chegar se for capaz de cooperar e produzir conhecimento. Uma mensagem
importante e necessária em tempos de obscurantismo e negação da ciência como
vivemos hoje.
Além da ciência, o outro grande
foco da série é nas relações entre os membros da família e a narrativa continua
hábil em trabalhar como os eventos que eles vivenciam, afastam ou aproximam os
membros daquela família. Vemos como a difícil relação de John e Judy (Taylor
Russell) vai se resolvendo conforme ela lembra que foi o aprendizado que teve
com o pai adotivo que a tornou capaz de superar os problemas encontrados na
viagem. Por outro lado, Penny (Mina Sundwall) começa a duvidar de seu lugar na
família, já que, na cabeça dela, não consegue oferecer as habilidades
singulares que os irmãos ou os pais demonstram. Enquanto isso, Will (Maxwell
Jenkins) segue tentando encontrar o Robô, de quem se separou no fim da primeira
temporada e a amizade entre os dois é testada ainda mais nesse segundo ano.
O Dra. Smith (Parker Posey)
continua sendo o elo fraco da série. Diante das dificuldades de sobrevivência e
escala dos problemas enfrentados, os esquemas mesquinhos dela soam mais como um
inconveniente irritante do que como um obstáculo e ameaça críveis aos
personagens. Os perigos do espaço seriam, por si só, um obstáculo digno para a família principal. Eu entendo que ela está ali para lembrar do lado mais sombrio do
ser humano, de como uma pessoa pode ser mais perigoso do que qualquer desastre
natural, mas essa função é melhor desempenhada pelo inescrupuloso Hastings
(Douglas Hodge), um dos líderes da missão que guarda segredos escusos sobre o
funcionamento da estação espacial e como isso se relaciona com o Robô de Will.
A série parece perceber que Smith não rende como vilã e vai aos poucos
tornando-a uma aliada relutante dos Robinsons, com sua desonestidade sempre
colocando em dúvida se ela está do lado dos protagonistas ou se está apenas
ajudando a si mesma (provavelmente a segunda opção).
O desfecho acaba pecando por um
clímax um pouco apressado demais que não dá tempo para que consigamos sentir
devidamente o peso das decisões que os personagens tomam. Considerando que eles
escolhem sacrificar centenas de pessoas, é incômodo que essa decisão aconteça
tão rápido, não dando o devido tempo para que algo tão drástico consiga causar
o impacto que deveria, embora seja perfeitamente possível que uma eventual
terceira temporada repercuta as consequências disso.
Ainda assim, a segunda temporada
de Perdidos no Espaço continua a
entregar uma instigante ficção-científica, que envolve por sua exploração da
ciência e das relações entre seus protagonistas.
Nota: 8/10
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