sábado, 4 de janeiro de 2020

Crítica – Perdidos no Espaço: 2ª Temporada


Análise Crítica – Perdidos no Espaço: 2ª Temporada


Review – Perdidos no Espaço: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira temporada de Perdidos no Espaço mencionei como a série criava um envolvente universo de ficção-científica no qual a inteligência, conhecimento e engenhosidade dos personagens eram as principais armas que tinham para resolver problemas. Essa segunda temporada segue desenvolvendo os pontos fortes de sua estreia, mas também reproduz alguns de seus problemas.

O segundo ano termina no momento em que o primeiro encerrou, com a família Robinson sendo transportada a um ponto desconhecido do espaço. Encontramos John (Toby Stephens), Maureen (Molly Parker) e os demais vivendo em uma pequena ilha de um planeta tomado por água. Sem recursos, a família começa a se acostumar à rotina do lugar, mas Maureen sabem que a vida ali não é sustentável a longo prazo e traça um plano arriscado para conseguir energizar a nave e deixar o planeta.

Tal como na primeira temporada o universo em si é o principal obstáculo e ameaça aos personagens. Viajando por planetas alienígenas que não são adaptados à vida humana, os Robinsons tem sua capacidade de sobrevivência testada a todo momento e precisam combinar os conhecimentos de cada um de maneiras engenhosas para se manterem vivos. É uma série que nos lembra da importância da ciência, de como a inteligência humana tornou nossa vida, tal como a conhecemos, possível e o quão longe nossa espécie pode chegar se for capaz de cooperar e produzir conhecimento. Uma mensagem importante e necessária em tempos de obscurantismo e negação da ciência como vivemos hoje.

Além da ciência, o outro grande foco da série é nas relações entre os membros da família e a narrativa continua hábil em trabalhar como os eventos que eles vivenciam, afastam ou aproximam os membros daquela família. Vemos como a difícil relação de John e Judy (Taylor Russell) vai se resolvendo conforme ela lembra que foi o aprendizado que teve com o pai adotivo que a tornou capaz de superar os problemas encontrados na viagem. Por outro lado, Penny (Mina Sundwall) começa a duvidar de seu lugar na família, já que, na cabeça dela, não consegue oferecer as habilidades singulares que os irmãos ou os pais demonstram. Enquanto isso, Will (Maxwell Jenkins) segue tentando encontrar o Robô, de quem se separou no fim da primeira temporada e a amizade entre os dois é testada ainda mais nesse segundo ano.

O Dra. Smith (Parker Posey) continua sendo o elo fraco da série. Diante das dificuldades de sobrevivência e escala dos problemas enfrentados, os esquemas mesquinhos dela soam mais como um inconveniente irritante do que como um obstáculo e ameaça críveis aos personagens. Os perigos do espaço seriam, por si só, um obstáculo digno para a família principal. Eu entendo que ela está ali para lembrar do lado mais sombrio do ser humano, de como uma pessoa pode ser mais perigoso do que qualquer desastre natural, mas essa função é melhor desempenhada pelo inescrupuloso Hastings (Douglas Hodge), um dos líderes da missão que guarda segredos escusos sobre o funcionamento da estação espacial e como isso se relaciona com o Robô de Will. A série parece perceber que Smith não rende como vilã e vai aos poucos tornando-a uma aliada relutante dos Robinsons, com sua desonestidade sempre colocando em dúvida se ela está do lado dos protagonistas ou se está apenas ajudando a si mesma (provavelmente a segunda opção).

O desfecho acaba pecando por um clímax um pouco apressado demais que não dá tempo para que consigamos sentir devidamente o peso das decisões que os personagens tomam. Considerando que eles escolhem sacrificar centenas de pessoas, é incômodo que essa decisão aconteça tão rápido, não dando o devido tempo para que algo tão drástico consiga causar o impacto que deveria, embora seja perfeitamente possível que uma eventual terceira temporada repercuta as consequências disso.

Ainda assim, a segunda temporada de Perdidos no Espaço continua a entregar uma instigante ficção-científica, que envolve por sua exploração da ciência e das relações entre seus protagonistas.

Nota: 8/10


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