quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Crítica – Sonic: O Filme


Análise Crítica – Sonic: O Filme


Review – Sonic: O Filme
O primeiro trailer para esse Sonic: O Filme surpreendeu a todos com o visual bizarro do ouriço azul, tentando mesclar suas formas cartunescas com proporções mais humanoides e criando um híbrido sinistro entre as duas coisas. Felizmente a equipe responsável pelo filme teve o bom senso adiar o filme para rever o visual do personagem, entregando algo que não só era mais próximo dos games, como também mais carismático e menos assustador.

Na trama, Sonic (voz de Ben Schwartz) vive na Terra há uma década depois de ser obrigado a fugir de seu planeta natal. Aqui, ele leva uma existência solitária e escondida. Um dia, durante uma de suas corridas, seus poderes causam um enorme pico de energia que deixam uma cidade inteira sem eletricidade, chamando a atenção dos militares. O instável Dr. Robotnik (Jim Carrey) é despachado para investigar a ameaça, enquanto Sonic tenta fugir com a ajuda do policial Tom (James Marsden).

A dublagem do Ben Schwartz dá ao Sonic uma personalidade inquieta, agitada e cheia de senso de humor. Como boa parte dos personagens reagem ao ouriço como uma criatura fofa, o personagem é beneficiado pelo redesign que recebeu em relação à primeira versão, já que nada disso funcionaria com o visual bizarro que inicialmente foi pensado para ele.

Jim Carrey, por sua vez, devora o cenário com seu Robotnik em uma performance tão deliciosamente surtada que rouba todas as cenas e é difícil não se divertir. O cientista louco é daqueles personagens que tem clara ciência de que é maligno e não se importa nem um pouco com isso. Acho que desde o M. Bison vivido por Raul Julia em Street Fighter: A Última Batalha (1994) Hollywood não entrega um vilão tão jubiloso em sua própria maldade.

Por outro lado, o casal Tom e Maddie (Tika Sumpter) não tem muito a fazer além de reagir de maneira incrédula aos poderes de Sonic ou à loucura de Robotnik. Boa parte do humor envolvendo os personagens humanos não funciona, como o colega policial de Tom que é tão idiota que parece saído de alguma comédia estrelada pelo Adam Sandler (e isso não é um elogio) ou a cunhada de Tom que o odeia por, aparentemente, nenhum motivo. Afinal, o filme estabelece o quanto Tom se sacrificou por Maddie, não dando nenhuma razão para que a cunhada o deteste mesmo antes de saber que ele está sendo procurada pelo governo.

O roteiro acaba sendo o ponto fraco do longa, sendo impressionante que um filme sobre um personagem que se move velozmente consiga ser tão arrastado. Apesar de Tom e Sonic estarem sendo caçados por Robotnik não há qualquer senso de urgência, mais parecendo dois amigos em uma viagem despretensiosa cheia de paradas do que uma fuga por sobrevivência. Não faz sentido, por exemplo, que eles parem em um hotel para dormir com o governo inteiro atrás deles.

A narrativa estabelece que Robotnik é capaz de rastrear a energia de Sonic, no entanto, o vilão nunca usa isso de novo, só voltando a encontrar Sonic depois que ele causa confusão em um bar. Claro, nenhum desses problemas de trama, furos narrativos ou arcos clichês deve incomodar o público infantil, que é o alvo do filme, mas para adultos deve soar razoavelmente moroso.

As cenas de corrida e perseguição são bem conduzidas, dando a dimensão da velocidade do protagonista, embora não cheguem a fazer nada que a franquia X-Men já não tenha feito nas cenas envolvendo o Mercúrio. Assim, mesmo não tendo nada de efetivamente errado ou mal feito, também não chegam a ser exatamente memoráveis.

Apesar de momentos divertidos por conta da energia insana de Jim Carrey, Sonic: O Filme peca por uma trama truncada, desprovida da agilidade que se esperaria de seu veloz protagonista.

Nota: 5/10


Trailer

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