O primeiro trailer para esse Sonic: O Filme surpreendeu a todos com o
visual bizarro do ouriço azul, tentando mesclar suas formas cartunescas com
proporções mais humanoides e criando um híbrido sinistro entre as duas coisas.
Felizmente a equipe responsável pelo filme teve o bom senso adiar o filme para
rever o visual do personagem, entregando algo que não só era mais próximo dos
games, como também mais carismático e menos assustador.
Na trama, Sonic (voz de Ben Schwartz) vive na Terra há uma década depois de ser obrigado a fugir de seu
planeta natal. Aqui, ele leva uma existência solitária e escondida. Um dia,
durante uma de suas corridas, seus poderes causam um enorme pico de energia que
deixam uma cidade inteira sem eletricidade, chamando a atenção dos militares. O
instável Dr. Robotnik (Jim Carrey) é despachado para investigar a ameaça,
enquanto Sonic tenta fugir com a ajuda do policial Tom (James Marsden).
A dublagem do Ben Schwartz dá ao
Sonic uma personalidade inquieta, agitada e cheia de senso de humor. Como boa
parte dos personagens reagem ao ouriço como uma criatura fofa, o personagem é
beneficiado pelo redesign que recebeu
em relação à primeira versão, já que nada disso funcionaria com o visual
bizarro que inicialmente foi pensado para ele.
Jim Carrey, por sua vez, devora o
cenário com seu Robotnik em uma performance tão deliciosamente surtada que
rouba todas as cenas e é difícil não se divertir. O cientista louco é daqueles
personagens que tem clara ciência de que é maligno e não se importa nem um
pouco com isso. Acho que desde o M. Bison vivido por Raul Julia em Street Fighter: A Última Batalha (1994)
Hollywood não entrega um vilão tão jubiloso em sua própria maldade.
Por outro lado, o casal Tom e
Maddie (Tika Sumpter) não tem muito a fazer além de reagir de maneira incrédula
aos poderes de Sonic ou à loucura de Robotnik. Boa parte do humor envolvendo os
personagens humanos não funciona, como o colega policial de Tom que é tão
idiota que parece saído de alguma comédia estrelada pelo Adam Sandler (e isso
não é um elogio) ou a cunhada de Tom que o odeia por, aparentemente, nenhum
motivo. Afinal, o filme estabelece o quanto Tom se sacrificou por Maddie, não
dando nenhuma razão para que a cunhada o deteste mesmo antes de saber que ele
está sendo procurada pelo governo.
O roteiro acaba sendo o ponto
fraco do longa, sendo impressionante que um filme sobre um personagem que se
move velozmente consiga ser tão arrastado. Apesar de Tom e Sonic estarem sendo
caçados por Robotnik não há qualquer senso de urgência, mais parecendo dois
amigos em uma viagem despretensiosa cheia de paradas do que uma fuga por
sobrevivência. Não faz sentido, por exemplo, que eles parem em um hotel para
dormir com o governo inteiro atrás deles.
A narrativa estabelece que
Robotnik é capaz de rastrear a energia de Sonic, no entanto, o vilão nunca usa
isso de novo, só voltando a encontrar Sonic depois que ele causa confusão em um
bar. Claro, nenhum desses problemas de trama, furos narrativos ou arcos clichês
deve incomodar o público infantil, que é o alvo do filme, mas para adultos deve
soar razoavelmente moroso.
As cenas de corrida e perseguição
são bem conduzidas, dando a dimensão da velocidade do protagonista, embora não
cheguem a fazer nada que a franquia X-Men já não tenha feito nas cenas
envolvendo o Mercúrio. Assim, mesmo não tendo nada de efetivamente errado ou
mal feito, também não chegam a ser exatamente memoráveis.
Apesar de momentos divertidos por
conta da energia insana de Jim Carrey, Sonic:
O Filme peca por uma trama truncada, desprovida da agilidade que se
esperaria de seu veloz protagonista.
Nota: 5/10
Trailer
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