Aproveitando que ontem, 7 de
abril, foi o dia do jornalismo, aproveitei para listar cinco bons filmes sobre
o tema e um muito ruim. Foi uma lista difícil porque tem muitos bons exemplares
e escolher apenas cinco significou abrir mão de alguns que eu gosto muito, mas,
bem, parte da diversão de fazer listas também reside em experimentar o
desapego. Vejam a lista completa e contem quais são os seus filmes favoritos
sobre o tema.
5) O Abutre
Para ser um bom filme sobre
jornalismo não é efetivamente necessário que apenas se mostre o lado bom da
profissão. Este O Abutre é uma
crítica ao jornalismo estilo “mundo cão”, focado em mostrar mortes e tragédias
de maneira mais crua possível. Um jornalismo baseado no choque provocado pelas
imagens, mas que não traz nenhuma apuração de fatos, nenhuma análise, nada além
do puro choque da exposição da miséria humana.
4) O Informante
Baseado na história real da
denúncia feita pelo programa 60 Minutes sobre os bastidores da indústria do
tabaco e o que essa indústria escondia do público. O filme não só revela a
importância do bom jornalismo investigativo, como também nos lembra de questões
éticas envolvendo a relação do repórter com a fonte e necessidade de resguardar
essa fonte de retaliação dos poderosos denunciados.
3) Rede de Intrigas
Misturando drama e um senso de
humor ácido, o filme mostra o lado mais cínico do jornalismo televisivo, que
explora a revolta da população apenas para ganhar audiência e disfarça como
autocrítica um conteúdo que só existe para manter as pessoas com raiva e medo
para que continuem sintonizando suas televisões.
2) Todos os Homens do Presidente
Narrando a história real dos dois
repórteres do Washington Post que noticiaram o escândalo Watergate que revelou
a corrupção do presidente Richard Nixon e levou à renúncia dele, é um dos
melhores exemplos de como o bom jornalismo investigativo pode promover mudanças
reais.
1) Cidadão Kane
Um dos maiores filmes de todos os
tempos, Cidadão Kane também é um
filme sobre como o poder do jornalismo pode corromper. Ao narrar a trajetória
do magnata Charles Foster Kane, que teria sido baseado na figura real do
magnata da comunicação William Randolph Hearst, mostra como o idealismo de Kane
se transforma em sensacionalismo e eventualmente em megalomania conforme o
império de jornais e rádios do personagem se expande e ele percebe o poder que
suas empresas lhe dão.
-1) Nunca Fui Beijada
Na nossa posição negativa temos
um filme que não é exatamente ruim por si só, mas é bem problemático em termos
do retrato do jornalismo e, diferente de produções como O Abutre, o filme não parece fazer qualquer crítica à conduta
questionável da protagonista interpretada por Drew Barrymore. Primeiro que a
escolha dela em se disfarçar de estudante e retornar à sua antiga escola para
redigir uma matéria não atende a nenhum critério de noticiabilidade ou
interesse público, a personagem faz isso apenas para satisfazer o próprio ego de
lidar com os próprios problemas de juventude. Além disso, há a questão dela se
apaixonar por um professor e ser correspondida, o que a faz jogar a
objetividade pela janela e tratar tudo como uma grande história de amor, sem se
dar conta (ela e o resto do filme) de que um professor de ensino médio que se apaixona por uma
aluna é um problema sério. No entanto, ao invés de
reportar o que seria uma conduta problemática e abusiva dado o desequilíbrio da
dinâmica de poder entre professor e aluno e o fato de ser um sujeito lidando
com menores de idade, ela usa sua matéria para declarar seu amor ao professor.
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