A trama é protagonizada por Cassie (Kaley Cuoco, a Penny de The Big Bang Theory), uma comissária de bordo com problemas de alcoolismo. Em um voo para a Tailândia, Cassie começa a flertar com um passageiro da primeira classe, o bonitão Alex (Michiel Huisman), e acaba passando a noite com ele depois que o avião chega ao seu destino. Quando Cassie acorda, no entanto, descobre Alex morto ao lado dela na cama e agora é a principal suspeita do crime. Agora ela precisa desvendar o mistério da morte de Alex para não ser presa por um crime que não cometeu.
É uma estrutura típica de narrativas policiais e que vai se abrindo a revelações constantes e conspirações cada vez mais mirabolantes ao ponto em que a narrativa parece prestes a desmoronar sob a pressão de ficar entregando reviravoltas bombásticas a cada episódio. Não apenas Cassie está envolvida em uma conspiração internacional, como a colega de trabalho dela, Megan (Rosie Perez), está envolvida em um esquema de espionagem industrial, a melhor amiga de Cassie, Ani (Zosia Mamet), é advogada de criminosos e a própria Cassie tem todo um conjunto de traumas de infância por trás de seu alcoolismo. A coisa toda só funciona porque a narrativa se mostra ciente de sua própria natureza exagerada e trata tudo sob um certo viés de ironia.
Boa parte dessa abordagem irônica aos muitos clichês e absurdos vem das próprias personagens, principalmente Cassie, que reage confusa e embasbacada a toda maluquice ao seu redor, como se fosse uma pessoa normal arrastada para dentro de uma trama esdrúxula de romance B. Kaley Cuoco, no entanto, consegue equilibrar a natureza histérica e destrambelhada da personagem com uma dor genuína que nos faz embarcar na trama do passado traumático de Cassie e entender o porquê dela ser assim.
Há de se destacar também o trabalho de Zosia Mamet que consegue conferir personalidade a alguém que é basicamente um a reprodução do clichê de “melhor amiga respondona” que tem sempre uma resposta sarcástica na ponta da língua e sempre disposta a parar tudo de sua vida para ajudar a amiga. Apesar de morrer no primeiro episódio, Michiel Huisman é uma presença constante como Alex, que continua a aparecer no “espaço mental” de Cassie e cujas conversas imaginárias rendem momentos bem divertidos.
É justamente por esse senso de
ironia que toda a trama amalucada de crimes e conspirações grandiloquentes de The Flight Attendant acaba sendo tão
bacana. Pode não elevar esse tipo de narrativa a novas altitudes, mas consegue
aterrissar com segurança e sem grandes problemas.
Nota: 7/10
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