Na trama, a viajante interdimensional America Chavez (Xochitl Gomez) chega ao nosso universo, sendo encontrada pelo Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) que tenta protegê-la dos poderosos seres que a perseguem. Para entender o poder de viajar entre universos possuído por America, o Doutor Estranho recorre à ajuda de Wanda (Elizabeth Olsen), mas a Feiticeira Escarlate tem seus próprios planos para a garota.
Colocar Stephen Strange para viajar pelo multiverso é uma ótima desculpa para que Raimi exercite sua capacidade de introduzir criaturas bizarras, visuais psicodélicos e momentos de horror que só não são mais impactantes pela baixa classificação indicativa do filme. Ainda assim, encontrei sustos que não esperava em uma produção voltada para o publico mais novo. A condução de Raimi consegue criar cenas bem singulares, como o segmento em que um Estranho zumbi comanda um exército de espíritos sombrios e que não soaria deslocado em um filme da franquia Evil Dead. Do mesmo modo, a ação usa de maneira criativa as diversas habilidades de heróis e inimigos, seja na luta contra Gargantos em Nova Iorque, seja no modo como America usa seus portais para lutar ou na batalha que envolve os Illuminati, a ação sempre tem algo inesperado a nos oferecer.
Benedict Cumberbatch consegue forjar uma amizade bem sincera ao lado da novata Xochitl Gomez e essa química é importante para embarcarmos no arco de Strange, que precisa provar a si mesmo e aos outros ao redor que é capaz de deixar o ego de lado e confiar em outras pessoas. Por outro lado, é uma pena que Rachel McAdams continue subaproveitada como Christine Palmer, limitada a ser um interesse amoroso que não tem qualquer outra função de existir a não ser motivar o protagonista.
Já Elizabeth Olsen convoca a dor irreparável de Wanda e o modo como isso (e a corrupção do Darkhold) a levam a tomar ações extremas para tentar encontrar alguma medida de conforto em relação a todas as perdas que sofreu (inclusive durante os eventos de WandaVision). É o realismo emocional da performance de Wanda que nos faz entender a personagem mesmo quando o texto nem sempre faz as melhores escolhas em conduzir Wanda. Sim, é compreensível que a magia sombria tenha nublado a sua percepção, mas, ao mesmo tempo, o filme pede para que olhemos para ela como uma figura trágica e é difícil fazer isso quando a trama faz dela uma genocida multiversal. Considerando as vezes em que os quadrinhos conseguiram tornar os poderes de Wanda uma ameaça sem torná-la tão explicitamente maligna, é lamentável que o filme reduza a complexidade da jornada da Feiticeira Escarlate até esse ponto.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura funciona pelo seu senso de
bizarrice e encantamento conforme explora as possibilidades criativas de um
multiverso ainda que certos elementos da trama não funcionem como deveriam.
Nota: 8/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário