A trama é focada em Seiya (Mackenyu), um jovem que vaga o mundo em busca da irmã que foi separada dele na infância. Ele começa a ser caçado pela misteriosa Vander Guraad (Famke Janssen) e acaba sendo resgatado por Alman Kido (Sean Bean). Kido diz a Seiya que ele está destinado a ser o cavaleiro de Pégaso, principal protetor da deusa Athena que teria reencarnado na filha adotiva de Kido, a jovem Saori (Madison Iseman). As legendas e dublagens em português deixam nomes como Saori e Ikki iguais ao anime e mangá, mas no aúdio original esses nomes são inexplicavelmente ocidentalizados como Sienna (Saori) ou Nero (Ikki), sabe-se lá por que. Eu poderia escrever algumas linhas falando sobre a questão de whitewashing que isso representa, mas, sinceramente, não estou disposto a gastar energia com um filme tão ruim.
A disputa entre Kido e um rival é uma trama que o filme pega da recente animação estadunidense para tentar simplificar em pouco tempo de projeção a complicada mitologia do mangá e do anime. Não funciona, já que mais da metade do filme são diálogos expositivos que tentam explicar o que está acontecendo e ainda assim deixam conceitos importantes de fora. Esse excesso de exposição e pouca ação contribui para deixar tudo arrastado e sem graça, prejudicado ainda por personagens cujos desenvolvimentos nunca soam bem construídos.
Ikki é reduzido é um mero capanga de Guraad e a um malvadão genérico sedento por poder. Todo o passado trágico do personagem e a motivação dele carregar tanto ódio a Saori e aos demais é esquecido, tirando do personagem seu traço mais singular. Cassios (Nick Stahl) é um mercenário cuja rivalidade com Seiya é construída ao longo de todo o filme apenas para ele ser rapidamente derrotado no clímax. Eu entendo que é uma adaptação, que mudanças são inevitáveis, mas é muito estranho a escolha de um ator com menos de 1.80 de altura para um personagem cujo principal traço é ser fisicamente impositivo. É o tipo de coisa que se resolveria escalando um lutador de MMA ou de luta livre que fosse bem alto e parrudo.
Guraad até é mais compreensível no seu temor ao poder de Athena, no entanto sua tentativa de redenção ao final soa gratuita e pouco convincente. Sean Bean fica preso a um papel excessivamente expositivo como Kido, ainda que aqui e ali ele consiga nos fazer enxergar o afeto que ele sente por Saori e o peso de escolhas difíceis que teve de levar adiante. Mackenyu (que vai ser o Zoro no live action de One Piece feito pela Netflix) tenta dar algum carisma a Seiya, mas fica preso a um texto inane que não lhe dá muito o que fazer.
O ator também costuma ser habilidoso em cenas de luta, mas aqui é prejudicado pela montagem excessiva que deixa a ação excessivamente fragmentada. A luta final entre Pégaso e Fênix até parece que vai nos dar um confronto grandioso, mas acaba tão rápido e o vilão é despachado tão fácil pelo poder de Athena que nem consegue empolgar. Não ajuda também que o visual das armaduras seja tão sem graça, longe do encanto visual do anime e o mesmo pode ser dito dos golpes principais de cada cavaleiro. Na verdade a única cena de luta minimamente bacana é a do mordomo Mylock (Mark Dacascos, veterano de filmes de ação) contra soldados de Guraad.
Os Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya: O Começo é uma adaptação que
leva o material original para os caminhos mais entediantes possíveis, com uma
trama arrastada e excessivamente expositiva, falhando até mesmo em entregar
cenas de ação minimamente empolgantes.
Nota: 2/10
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