A história gira em torno de Dan (Mark Wahlberg), um pacato vendedor de carros usados que tem um passado como operativo secreto que esconde da esposa, Jessica (Michelle Monaghan), e dos filhos. As coisas mudam quando mercenários começam a atacar Dan e ele sugere uma viagem em família para fugir dos assassinos ao mesmo tempo em que tenta manter tudo oculto da família.
A estrutura de viagem pela estrada parece feita sob medida para alongar a narrativa sem lhe adicionar nenhum estofo, jogando os personagens em encontros fortuitos e subtramas que não tem muita repercussão na trama ou não servem para dar nenhum desenvolvimento aos membros da família. A busca da filha, Nina (Zoe Colletti), por uma vaga na universidade dos sonhos não faz muito diferença, enquanto a subtrama de Kyle (Van Crosby) tentando se tornar um atleta de esports parece existir apenas para adicionar um longo segmento que é meramente uma longa e pouco sutil publicidade de um game online. A verdade é que o filme poderia ter tranquilamente 90 ou 100 minutos ao invés das suas inchadas duas horas de duração.
A trama também é cheia de elementos mal desenvolvidos, motivações mal construídas e personagens que mudam de atitude ao sabor do roteiro. Logo no início Dan briga com um assassino em um supermercado, destruindo o lugar no confronto. Imaginamos que uma ocorrência assim iria chocar a comunidade pacata em que ele mora, chamaria atenção da imprensa ou das autoridades que iriam interrogá-lo sobre o que aconteceu, mas não há qualquer repercussão.
Do mesmo modo, imaginamos que a motivação do vilão McCaffrey (Ciaran Hinds), uma figura do passado de Dan, deve ter relação com algum segredo que o protagonista guardou ou algo assim. Quando sabemos a real motivação, entretanto, o plano do vilão deixa de fazer sentido. Se ele apenas queria que Dan voltasse a trabalhar para ele, porque pensou que perseguir e eliminar sua família seria o melhor jeito de conseguir isso? A narrativa constrói McCaffrey como um caçador astuto que analisa bem suas presas e que conhece bem Dan, então como ele não é capaz de antecipar que isso não funcionaria? Não seria mais eficiente expor o passado de Dan ao mundo, queimar sua identidade e seus prospectos de modo que ele não teria escolha se não voltar à antiga vida para continuar dando segurança à família? A impressão é que o vilão age ativamente para ser derrotado, removendo dele qualquer senso de ameaça.
Perto do final quando Dan revela a verdade para a família a esposa e filhos imediatamente o rejeitam e o deixam. Menos de um dia depois estão todos dispostos a arriscar a vida para salvar Dan de McCaffrey e seus mercenários quando são capturados pelo vilão sendo que o texto nunca justifica essa mudança de atitude, fazendo tudo soar como uma imposição do texto e não um desenvolvimento coerente com as personalidades daquelas pessoas. O elenco tentar dar alguma doçura e afeto à dinâmica da família, mas tem pouco a fazer com personagens tão inanes. Michelle Monaghan se sai melhor basicamente repetindo a personagem que fez em Missão Impossível 3 (2006) como uma mulher comum inadvertidamente jogada em uma trama de espionagem.
A ação sofre pela montagem picotada que faz tudo soar fragmentado e excessivamente artificial, falhando também em oferecer qualquer coreografia ou situação chamativa que sirva para nos empolgar. Os embates também carecem de qualquer sensação de perigo, já que Dan despacha seus inimigos com muita facilidade, então a ação nunca nos dá um sentimento de urgência. A única sequência minimamente divertida é a perseguição em que ele elimina assassinos em motos usando uma pistola com silenciador enquanto coloca uma música de Enya em alto volume para a família ouvir e não perceber o que está acontecendo.
Genérico, com personagens sem carisma e ação sem graça, Plano em Família é uma comédia de ação
que não diverte nem empolga.
Nota: 4/10
Trailer
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