quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Crítica – A Hora do Mal

 

Análise Crítica – A Hora do Mal

Review – A Hora do Mal
O diretor Zach Cregger chamou minha atenção com o bacana e pouco visto Noites Brutais (2022), então fiquei curioso para seus próximos projetos. Este A Hora do Mal parte de uma premissa instigante e é visível o esforço do realizador em tentar algumas escolhas similares a Noites Brutais, mas que aqui não funcionam tão bem.

Crianças nas sombras

A trama segue o cotidiano de uma pequena cidade na qual todas as crianças de uma turma de ensino fundamental saem correndo de casa no meio da madrugada, com apenas um menino da turma deixando de fugir. As suspeitas logo caem sobre a professora, Justine (Julia Garner), que parece tão surpresa com o evento quanto o resto da cidade. Dois meses se passam e nada é resolvido. Justine começa a ser alvo de ataques dos pais das crianças, em especial de Archer (Josh Brolin), que fica inquieto com a inação das autoridades. Ao mesmo tempo, Justine começa a desconfiar que há algo errado na casa de Alex (Cary Christopher), o único de seus alunos que não sumiu, mas o diretor da escola, Marcus (Benedict Wong), não acredita nela.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Drops – Animais Perigosos

 

Crítica – Animais Perigosos

Review – Animais Perigosos
A produção Animais Perigosos é o tipo de filme B que não tem medo de se assumir como tal. Ele usa isso em seu favor para criar um suspense que consegue ser minimamente envolvente a despeito de suas falhas. A narrativa é centrada em Zephyr (Hassie Harrison), uma surfista morando na Austrália que se vê capturada pelo serial killer Bruce (Jai Courtney), que captura turistas e os mata alimentando-os aos tubarões. Presa no barco do assassino, Zephyr precisa encontrar um jeito de sobreviver.

Predadores marítimos

De início tudo parece um torture porn bem típico. Personagens femininas a mercê de um psicopata que irão ser torturadas e sofrer muito para o prazer escopofílico do espectador até eventualmente escaparem e a narrativa tentar construir uma história de empoderamento em cima disso. Esse início é agravado ainda pelo fato de Jai Courtney não conseguir transmitir a instabilidade e agressividade de Bruce, falhando em fazer o assassino soar como uma ameaça genuína.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Crítica – A Última Showgirl

 

Análise Crítica – A Última Showgirl

Review – A Última Showgirl
Certos personagens tem uma sinergia grande com as pessoas que as interpretam. Esse é o caso de Shelly, protagonista de A Última Showgirl interpretada por Pamela Anderson. É inevitável não pensar que a diretora Gia Coppola (neta de Francis Ford Coppola) não levou em conta a trajetória profissional de Anderson na hora de escalá-la como Shelly considerando as similaridades entre as duas.

Show contínuo

Shelly (Pamela Anderson) trabalha como dançarina no mesmo show burlesco em Las Vegas desde os anos 80. O show já passou a muito de seu auge, atraindo cada vez menos público e tendo dançarinas cada vez mais jovens e inexperientes. Shelly se tornou uma espécie de figura materna para essas dançarinas mais jovens como Mary Anne (Brenda Song) e Jodie (Kiernan Shipka, de O Mundo Sombrio de Sabrina). O mundo de Shelly, no entanto, sofre um revés quando Eddie (Dave Bautista), o gestor do show, avisa que o espetáculo irá encerrar em duas semanas. Shelly agora contempla o que o futuro lhe reserva depois de três décadas construindo sua identidade ao redor de ser uma showgirl.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Drops – Anônimo 2

 

Crítica – Anônimo 2

Review – Anônimo 2
O primeiro Anônimo (2021) foi uma grata surpresa ao tentar transformar Bob Odenkirk (de Better Call Saul e Breaking Bad) em um herói de ação nos moldes do John Wick. Não era o tipo de filme que pedia uma continuação ou tinha a necessidade de virar uma franquia, mas, de todo modo, Anônimo 2 chegou às telas entregando mais do mesmo, embora, sim, tenha sua medida de diversão.

Férias Frustradas

Depois dos eventos do primeiro filme Hutch (Bob Odenkirk) volta a trabalhar como operativo enquanto ainda tenta manter sua fachada de pacato pai de família. O trabalho, no entanto, amplia a distância entre ele, a esposa e os filhos. Pensando em se reaproximar da família, ele organiza uma viagem de férias para o parque aquático que seu pai o levou na infância. A confusão, porém, encontra Hutch quando ele acidentalmente esbarra em um grupo de policiais corruptos liderados pelo xerife Abel (Colin Hanks) que usam a cidade como rota de tráfico para a perigosa Lendina (Sharon Stone). Agora ele precisa lidar com a ameaça e manter a família em segurança.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Crítica – Wandinha: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – Wandinha: Segunda Temporada

Review – Wandinha: Segunda Temporada
A primeira temporada de Wandinha sofria por sacrificar muito do que torna a personagem (e toda a família Addams) singular em prol de uma trama adolescente excessivamente aderente aos clichês desse tipo de história. Essa segunda temporada prometia evitar esses lugares comuns e ser mais fiel ao espírito da personagem. Tendo assistido a temporada completa é possível ver um vislumbre disso, mas a verdade é que ainda soa como uma série adolescente genérica vestindo a aparência do universo dos Addams.

Visões sinistras

A trama começa com Wandinha (Jenna Ortega) tendo uma visão de eventos catastróficos acontecendo na sua escola que culminariam na morte de sua amiga Enid (Emma Myers). Diante disso, a jovem Addams decide investigar o que suas visões significam ao mesmo tempo que lida com mudanças na escola, como a chegada do irmão Feioso (Isaac Ordonez) para estudar lá e o novo diretor, Dort (Steve Buscemi), que parece ter seus próprios interesses com o local.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Crítica – Luta de Classes

 

Análise Crítica – Luta de Classes

Review – Luta de Classes
Quando o diretor Spike Lee anunciou que seu próximo projeto, este Luta de Classes, seria um remake de Céu e Inferno (1963), de Akira Kurosowa, fiquei temeroso. A última vez que Lee fez uma nova versão de um filme asiático o resultado foi um dos piores (talvez o pior) filmes de sua carreira no péssimo Oldboy: Dias de Vingança (2013), remake do sul-coreano Oldboy (2003). Felizmente Luta de Classes é, ao menos, um suspense competente, embora se perca um pouco no que quer dizer.

Dias de luta

A narrativa é protagonizada por David King (Denzel Washington), um magnata da música que está tentando tomar o pleno controle de sua gravadora para impedi-la de ser vendida para um grande conglomerado. As coisas se complicam quando o filho de seu motorista é sequestrado por engano, com os sequestradores acreditando que levaram o filho do próprio King. Agora ele é colocado em uma encruzilhada moral entre usar o dinheiro para salvar seu império ou para pagar o resgate do filho do amigo, Paul (Jeffrey Wright).

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Crítica – F1: O Filme

 

Análise Crítica – F1: O Filme

Review – F1: O Filme
Não acompanho automobilismo, então uma produção como F1: O Filme não é algo que imediatamente desperta meu interesse. Fui assistir sem esperar muita coisa e me surpreendi com o quanto ele executa bem sua narrativa ainda que seja bastante previsível e faça pouco para de distanciar de elementos familiares desse tipo de história.

Correr para viver

A trama é focada em Sonny (Brad Pitt), um piloto cujo auge já passou há décadas. Ele teve sua chance na Fórmula 1, mas perdeu tudo depois de um acidente. Agora ele vaga pelos Estados Unidos atrás de corridas que o desafiem para reencontrar seu amor pelo esporte. Uma oportunidade de retornar à F1 chega quando Ruben (Javier Bardem), que foi piloto na mesma época de Sonny, o chama para correr pela equipe que agora é dono. Ruben está endividado e em três anos sua equipe não marcou um ponto sequer, o que significa que seu conselho diretor pode forçá-lo a vender a equipe. Ele pede Sonny ajuda para manter a equipe de pé e ser mentor de seu jovem piloto, Joshua (Damson Idris). Por consideração a Ruben, Sonny aceita o desafio.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Crítica – Número Desconhecido: Catfishing na Escola

Análise Crítica – Número Desconhecido: Catfishing na Escola


Resenha Crítica – Número Desconhecido: Catfishing na Escola
Produzido pela Netflix, o documentário Número Desconhecido: Catfishing na Escola é um daqueles casos que mostra como a realidade pode ser mais insólita do que qualquer ficção. É uma produção que segue de maneira muito acomodada a cartilha de documentários sobre crimes, mas mantem nosso interesse pelos caminhos inesperados que sua história de cyberbullying toma. Aviso que o texto contem SPOILERS do filme.

Quando um estranho chama

O filme conta a história da adolescente Lauryn. Quando ela tinha catorze anos começou a receber mensagens hostis de um número anônimo que diziam para ela terminar com o namorado, Owen, e com várias ofensas e xingamentos a ela. Owen também passou a receber mensagens com ofensas e que faziam um duvidar da fidelidade do outro. O bullying virtual se estende por meses, até que as mães dos dois entram em contato com a escola, que não consegue descobrir quem é o responsável. A polícia também é contatada e seus esforços em apontar um culpado também não dão resultado, com a investigação se alongando por quase dois anos. Mesmo bloqueando o número ou trocando de celular os dois adolescentes continuam a ser alvo das mensagens, que ficam cada vez mais agressivas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Rapsódias Revisitadas – Um Tiro na Noite

 

Análise – Um Tiro na Noite

Crítica – Um Tiro na Noite
Dirigido por Brian De Palma, Um Tiro na Noite foi lançado em 1981 e constrói uma narrativa de suspense que funciona como uma reflexão sobre a importância do som no cinema, lembrando como a dimensão é tão responsável pela construção de elementos emocionais, sensoriais e narrativos quanto a imagem. É também um filme que sabe muito bem manejar a tensão do espectador.

Ruídos e sussurros

Jack (John Travolta) é um técnico de som que vem trabalhando em produções B de terror em Hollywood. Uma noite ele está em um parque capturando sons ambientes quando grava um carro perdendo o controle e mergulhando em um lago. Jack salva uma mulher, Sally (Nancy Allen), que estava no banco do carona, mas não consegue salvar o motorista. Na delegacia, descobre que o motorista era o governador, prestes a ser candidato à reeleição, e que ele não sobreviveu. A polícia enquadra o evento como um acidente, afirmando que o carro perdeu o controle ao furar um pneu, mas Jack suspeita de assassinato, já que em sua gravação ele capta o som de um tiro antes do carro perder o prumo. O problema é que ninguém acredita em Jack.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Crítica – Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser

 

Análise Crítica – Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser

Review – Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser
Eu lembro que o reality show The Biggest Loser (algo como O Grande Perdedor em português) teve uma versão aqui no Brasil chamada Quem Perde Ganha. Não consegui assistir sequer um episódio inteiro. Apesar de se colocar como um programa focado em saúde ao colocar pessoas obesas em uma competição na qual quem perdesse mais peso ao longo de um determinado período de tempo ganharia um prêmio em dinheiro, o que eu via nas telas era que essas pessoas eram colocadas em situações vexatórias ou em exercícios pouco adequados para elas. A minissérie documental Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser reforçou minhas impressões ao explorar os bastidores da versão original do reality nos Estados Unidos, que durou dezessete temporadas entre 2004 e 2016.

Nem ganhar ou perder

Ao longo de três episódios a série tenta mostrar como o reality se vendia como um estímulo a uma vida saudável e à perda de peso em um país com crescentes taxas de obesidade e sedentarismo. A série confronta essa proposta com a realidade do programa, no qual pessoas obesas eram colocadas diante de treinadores cujos programas de exercícios físicos eram pouco adequados para pessoas obesas e sem condicionamento físico, além do fato de que esses treinadores constantemente humilhavam e criticavam os participantes. Isso, somado ao fato de que os participantes eram encorajados a comer o mínimo de calorias possível enquanto mantinham uma rotina diária de várias horas de exercício mostra como a perda rápida de peso que era exibida pelo programa era pouco saudável.