Histórias são produtos de seu
tempo, elas refletem ideais, posicionamentos e visões de mundo do período em
que são feitos. A fábula da Cinderela foi feita em um período em que o valor de
uma mulher estava atrelado à sua beleza e que a única coisa que se esperava de
uma mulher era que ela arrumasse um marido de posses para casar, melhorando a
posição de sua família. É por isso que certas histórias que permanecem no imaginário
popular são constantemente reinterpretadas, para pensar como ela seria adequada
aos valores do contexto em que se insere. A produção norueguesa A Meia-Irmã Feia faz exatamente isso ao
olhar a fábula sobre valores contemporâneos de objetificação da mulher e
padrões de beleza tacanhos.
Rivalidade feminina
A trama gira em torno de Elvira (Lea
Myren), uma jovem que sonha em se casar com o príncipe, mas cuja família não vai
bem financeiramente. Sua mãe, Rebekka (Ane Dahl Torp) se casa novamente com um
aristocrata que parece ter dinheiro e se muda para a Suécia com Elvira e a
filha mais nova, Alma (Flo Fagerli). Lá elas conhecem Agnes (Thea Sofie Loch
Næss), a bela filha do novo padrasto. Agnes age como uma garota mimada,
julgando Elvira pela aparência e menosprezando a nova irmã. É aí que a protagonista
descobre que o padrasto não tinha dinheiro e casou com Rebekka por interesse.
Ele morre pouco tempo depois, deixado a família cheia de dívidas. Como Alma
ainda é muito jovem, o plano de Rebekka é arrumar um marido rico para Elvira,
salvando a família. Ela espera conseguir no baile oferecido pelo príncipe, mas
para isso precisará fazer algo à respeito da aparência de Elvira, em especial
quando ela é ofuscada pela naturalmente bela Agnes.