terça-feira, 1 de abril de 2025

Crítica – Presença

 

Análise Crítica – Presença

Review – Presença
É curioso que este Presença, filme de 2024 de Steven Soderbergh tenha chegado aqui depois do filme mais recente do diretor, Código Preto. Se Código Preto trazia o realizador de volta a algo menos experimental que seus últimos filmes, Presença é um trabalho mais conceitual de Soderbergh em termos de como ele conta a história.

Câmera-olho

A câmera é uma presença constante em cena, mas ela opera de maneira relativamente paradoxal. Apesar de estar fisicamente no espaço em muitos casos ela age como um olhar onisciente sobre aquele universo ficcional, com os personagens nunca reconhecendo a presença do dispositivo, sendo simultaneamente uma presença e uma ausência. De certa forma a câmera age como um espectro, uma assombração, vendo sem ser vista. Soderbergh leva isso para a literalidade ao contar toda a história de Presença do ponto de vista de uma assombração presente em uma casa. A câmera funciona aqui como o olhar etéreo dessa entidade que vaga pelo imóvel.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Crítica – Reacher: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Reacher: 3ª Temporada

Review – Reacher: 3ª Temporada
Quando escrevi sobre a temporada anterior de Reacher, mencionei como a série era como um feijão com arroz. Algo básico, mas com capacidade de satisfazer por ser bem temperado e bem cozido. Esse terceiro ano segue da mesma forma entregando uma “confort food” para quem gosta de narrativas de ação e suspense, executando bem o que se espera desse tipo de produto sem, no entanto, arriscar muito.

Inimigo Íntimo

A trama coloca Reacher (Alan Ritchson) no encalço de Xavier Quinn (Brian Tee), um criminoso que ele pensou ter eliminado em seus tempos de exército. A caçada o coloca no meio de uma operação liderada pela agente federal Susan Duffy (Sonya Cassidy) que investiga a ligação de um poderoso empresário, Beck (Anthony Michael Hall), com um esquema de contrabando que pode ser liderado por Quinn. Sem escolha, Reacher aceita colaborar com a investigação e se infiltra na organização de Beck, se tornando segurança do filho do empresário, Richard (Johnny Berchtold).

quinta-feira, 27 de março de 2025

Rapsódias Revisitadas – Os Produtores

 

Crítica – Os Produtores

Análise – Os Produtores
Escrito e dirigido por Mel Brooks, Primavera para Hitler (1967) era uma divertida comédia que satirizava a indústria do entretenimento e também o nazismo. O sucesso rendeu uma adaptação para a Broadway como musical e depois o musical teatral foi levado aos cinemas neste Os Produtores (um percurso similar ao de A Pequena Loja dos Horrores) que foi lançado em 2005.

Contabilidade criativa

A narrativa acompanha o fracassado produtor de teatro Max Bialystock (Nathan Lane), longe do seu auge e que recorre a seduzir velhinhas para continuar financiando suas peças. Quando seu contador, Leo Bloom (Matthew Broderick), descobre ser possível embolsar mais dinheiro com um fracasso do que com um sucesso, eles se unem para produzir o pior musical da história de modo a sair de cartaz depois da estreia e eles poderem fugir com o dinheiro da produção. O material escolhido é uma peça nazista chamada Primavera para Hitler, um musical escrito por um ex-soldado alemão, Franz Liebkind (Will Ferrell), feito para exaltar o terceiro reich. Com um material desprezível em mãos, os dois creem ter encontrado um fracasso certo, mas a produção acaba sendo um sucesso, sendo recebida como uma sátira, criando problemas para os dois.

terça-feira, 25 de março de 2025

Drops – Moana 2

 

Crítica – Moana 2

Review – Moana 2
O primeiro Moana: Um Mar de Aventuras (2016) era uma aventura bacana, carregada por personagens carismáticas, boas canções e uma reviravolta final que ressignificava muito do que tínhamos visto até então. Este Moana 2, por outro lado, soa como uma continuação burocrática, pensada apenas para capitalizar em cima do sucesso do primeiro filme.

Mar adentro

Na trama, Moana (voz de Auli’i Cravalho) se torna a exploradora de sua vila e é incumbida de encontrar uma ilha mítica que teria sido escondida pelo deus Nalo (voz de Tofiga Fepulea'i). Essa ilha seria capaz de apontar as rotas para todos os povos que vivem no mar e unir as populações. Para alcançar a ilha, Moana mais uma vez busca a ajuda do semideus Maui (voz de Dwayne “The Rock” Johnson).

segunda-feira, 24 de março de 2025

Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

Review – Ruptura: 2ª Temporada
Depois de três anos da excelente primeira temporada, Ruptura finalmente volta para seu segundo ano com uma trama que amplia os conflitos de seus personagens e aprofunda a mitologia de seu universo, explorando mais o passado da Lumon e do processo de ruptura.

Trabalho interno

Depois dos eventos do fim do primeiro ano Mark (Adam Scott) volta a trabalhar refinando macrodados na Lumon. Seu interno não sabe como voltou para lá nem o que aconteceu no mundo exterior depois que conseguiram visitá-lo, mas sabe que sua esposa ainda está viva em algum lugar na empresa e tenta encontrá-la com a ajuda dos colegas Irv (John Turturro), Dylan (Zach Cherry) e Helly (Britt Lower), por quem está apaixonado. A saída deles também impacta no modo como a Lumon lida com os funcionários que passaram por ruptura, anunciando mudanças que supostamente vão melhorar a qualidade de vida deles.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Crítica – Entre Montanhas

 

Análise Crítica – Entre Montanhas

Review – Entre Montanhas
Estrelado por Miles Teller e Anya Taylor-Joy, Entre Montanhas é mais uma daquelas produções de streaming que parece ter sido pensada por algum algoritmo. Pega elementos de diferentes gêneros que atraem segmentos distintos da audiência, combina eles em um pacote que parece feito para maximizar o alcance de público e justificar o orçamento, mas o resultado final não passa de uma colcha de retalhos sem alma.

Romance à distância

Na trama, o atirador de elite Levi (Miles Teller) recebe a missão de vigiar uma misteriosa fenda entre montanhas. Seu predecessor não te dá muitas informações além de que da fenda saem seres bizarros chamados de “homens ocos” cujo avanço deve ser contido. Do outro lado da fenda a atiradora Drasa (Anya Taylor-Joy), também vigia o local. Apesar da comunicação entre os atiradores ser proibida, a solidão leva os dois a interagirem e começam a se aproximar. Além de se apaixonarem, eles também decidem desvendar o mistério da fenda.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Crítica – Guns of Fury

 

Análise Crítica – Guns of Fury

Review – Guns of Fury
A mistura entre os tiroteios explosivos da franquia Metal Slug e mecânicas de metroidvania me atraíram de imediato para Guns of Fury, produzido pela Gelato Games, responsável por Goblin Sword. É uma mescla que não lembro de ter visto, mesmo num cenário de produções indie com um fluxo constante de metroidvanias.

Andando e atirando

A narrativa se passa em um futuro próximo no qual um cientista criou uma nova forma de energia limpa que pode resolver a crise energética e climática que toma o planeta. Dois dias depois do anúncio da nova tecnologia o cientista é sequestrado por um grupo que deseja usar sua célula de energia para criar uma nova super-arma e o soldado Vincent é despachado para investigar e resgatar o cientista.

quarta-feira, 19 de março de 2025

Crítica – Sem Chão

 

Análise Crítica – Sem Chão

Review – Sem Chão
Feito por pessoas tanto da Palestina quanto de Israel, Sem Chão se debruça especificamente sobre a situação da região de Masafer Yatta na Cisjordânia cujas vilas são constantemente destruídas por tropas israelenses sob a justificativa de que a área é um local de treino para as forças armadas israelenses.

Terra de ninguém

É um documentário feito sobre e na urgência da situação, com imagens sendo captadas no momento que as tropas chegam para remover as pessoas, derrubar as casas com resultados muitas vezes trágicos de moradores desarmados que protestam a situação sendo baleados pelas tropas. As imagens, muitas vezes tremidas, muitas vezes distantes ou não devidamente enquadradas são um reflexo dessa urgência e comunicam sobre as condições sob as quais o filme foi realizado.

terça-feira, 18 de março de 2025

Crítica – Milton Bituca Nascimento

Análise Crítica – Milton Bituca Nascimento

Review – Milton Bituca Nascimento
Fui assistir Milton Bituca Nascimento achando que seria um documentário sobre os bastidores de sua última turnê. Não deixa de ser sobre isso, mas a produção aproveita o gancho de ser uma turnê de despedida do músico para refletir sobre seu legado artístico, sobre o que torna Milton um artista tão diferenciado e as inspirações de sua arte. O resultado é um mergulho mais abrangente e compreensivo da arte de seu objeto do que se ele se limitasse a apenas acompanhar bastidores da turnê, ainda que seja um documentário bem típico em sua estrutura.

Caçador de mim

Narrado por Fernanda Montenegro, o filme analisa a trajetória do cantor e seu impacto, mostrando como ela repercute tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Há uma qualidade poética no texto da narração que tenta dar conta da força sensorial e emotiva da força de Milton, mas o texto é também bastante didático em explicar os aspectos mais técnicos e musicológicos do que torna sua música tão diferenciada. Nesse sentido, a narração de Fernanda Montenegro consegue dar a medida da capacidade expressiva da arte de Milton, de sua complexidade e de fazer a audiência entender como é feita essa música.

segunda-feira, 17 de março de 2025

Crítica – The Electric State

 

Análise Crítica – The Electric State

Review – The Electric State
Segunda colaboração dos irmãos Russo com a Netflix depois do insosso Agente Oculto (2022), este The Electric State consegue ser ainda mais derivativo e menos memorável do que a primeira colaboração entre os irmãos e a plataforma de streaming. É uma narrativa sobre uma distopia na qual as pessoas passam boa parte do tempo em mundos virtuais, presas em sua própria nostalgia e um adolescente precisa enfrentar o líder da corporação maligna que controla tudo. Se isso lhe pareceu familiar é porque essa é a mesma trama de Jogador Número 1 (2018) e The Electric State é basicamente uma versão piorada desse filme que já não era grande coisa para começo de conversa.

Futuro Mecânico

A trama, que adapta um romance escrito por Simon Stalenhag, se passa em uma versão alternativa da década de noventa na qual a humanidade criou robôs conscientes. Esses robôs se rebelaram iniciando uma guerra que foi vencida quando o inventor Ethan Skate (Stanley Tucci) criou um dispositivo que permitia que as pessoas controlassem drones robóticos remotamente, igualando a batalha. Anos depois do fim do conflito Michelle (Millie Bobby Brown) é uma órfã que vive em um lar adotivo hostil até o dia em que recebe a visita de um estranho robô que diz ter a mente do irmão que Michelle acreditava estar morto. Agora ela parte ao lado do robô para reencontrar o irmão.