sábado, 5 de julho de 2008
Os Boêmios Analisam - Hancock
Confesso que entrei na sala de cinema para assistir Hancock com a certeza de que seria uma bomba ou, no máximo, uma bobagem divertida. Para minha surpresa, o filme é muito mais do que isso.
Apesar da premissa básica de busca pela redenção e seu lugar no mundo pode soar meio clichê e piegas, a história é muito bem desenvolvida nos cerca de noventa minutos do filme. Começamos com o vagabundo e irresponsável Hancock(Will Smith), um "héroi" não muito bem visto pela população de sua cidade pela destruição que causa ao caçar os bandidos, salvando Ray Embrey(Jason Bateman), um Relações Públicas meio fracassado, porém bastante idealista e que deseja tornar o mundo melhor.
Primeiramente tenho que ressaltar minha satisfação ao ver pela primeira vez um RP não ser mostrado com um mentiroso descarado e sem escrúpulos, uma vez que eu mesmo sou um RP, mas é melhor eu para de puxar sardinha pro meu lado e voltar para a resenha.
Ray percebe o potencial que Hancock tem e resolve ajudá-lo a atingir seu potencial e se tornar um herói que as pessoas admirem, apesar da desaprovação de sua esposa Mary(Charlize Theron). A dinâmica entre o homem com super-poderes, mas que não liga para nada, e o homem comum que deseja melhorar o planeta mesmo sem ter capacidade para tal é o principal ponto de tensão da história.
Contrariado, Hancock decide seguir os conselhos de Ray e se entrega para as autoridades, submetendo-se a reabilitação. Mais uma vez, o filme caminha para o óbvio e mais uma vez consegue escapar da pieguice, trabalhando muito bem as relações entre Hancock, Ray e Mary e mostrando que o sem uma causa ou idéias, todos os poderes do mundo são inúteis.
Uma mensagem bastante positiva para os tempos céticos que vivemos, onde o ter suprime o ser e todos lutam por bens materiais. Entretanto, a fábula que caminhava muito bem em seus primeiros dois terços derrapa feio no final quando tenta bolar um vilão para Hancock enfrentar e cria uma justificativa apressada e um tanto abrupta para as origens e fraquezas do herói, caindo no lugar-comum que tanto lutou para escapar. O desfecho não chega a ser ruim e sim frustrante, assim como o herói Hancock, o filme tinha grande potencial, mas ao contrário do mesmo, não encontra alguém que lhe dê um melhor direcionamento. Apesar de seus problemas, Hancock é uma grata surpresa em tempos em que blockbusters se resumem cada vez mais a adaptações, sequências e remakes.
Nota 7
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