Hoje revisitaremos este sensacional filme policial do diretor inglês Guy Richie(também conhecido como o marido da Madonna). Assim como fez em seu longa anterior, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Richie tece uma trama sobre os pequenos gângsters de Londres e como eles tentam sobreviver em um oceano cheio de peixes grandes.
O longa gira em torno de um enorme diamante roubado pelo excêntrico ladrão viciado em jogo Franky Quatro-Dedos(Benicio Del Toro), que vai a Londres negociar diamantes menores antes de levar a grande pedra ao comerciante Avi(Dennis Farina) em Nova York. A notícia da pedra se espalha por Londres e logo temos uma galeria de bandidos atípicos atrás do diamante. O mafioso russo Boris The Blade(Rade Shabergia), que muitos dizem ser capaz de desviar de balas, o comerciante de diamantes Doug The Head, que finge ser judeu para facilitar seus negócios, os atrapalhados Vinny, Sol e Tyrone, donos de uma falida loja de penhores e o implacável caçador de recompensa Tony Dente-de-Bala(Vinnie Jones) que tomou sete tiros e sobreviveu, passando a usar as balas na sua boca.
Paralamente temos a história do agenciador de boxe clandestino Turkish(Jason Statham) que se vê enrolado com um dos grandes figurões do boxe underground londrino conhecido como Tijolo, que tem o hábito de matar seus desafetos e usá-los para alimentar seus porcos. Por não conseguir entregar a luta que prometeu a Tijolo, Turkish é obrigado a agenciar Mickey(Brad Pitt), um boxeador cigano que fala tão embolado que ninguém consegue entender o que ele fala!
As histórias de cada um começam inicialmente separadas, mas aos poucos todas se juntam num só universo da mesma forma como Tarantino fez em Pulp Fiction. Com uma edição rápida Richie intercala as jornadas de cada grupo de personagens com a mesma maestria de Tarantino no filme anteriormente citado. Richie também tem habilidade para orquestrar várias reviravoltas onde vemos o diamante trocar de mãos a todo o instante, muitas vezes em situações hilárias e absurdas, como o assalto de Vinny e Sol a uma agência de apostas ou o tiroteio entre Tony e Boris e cheias de diálogos afiados e inteligentes.
A edição rápida e cheia de cortes e mudanças de câmera do diretor Guy Richie, contribui para dar ritmo à narrativa muito bem construída onde não se vê quase nada gratuito ou forçado, ao contrário da maioria dos filmes atuais onde vemos uma montagem quase que videoclípitica que serve apenas como engodo para esconder os defeitos do longa. Guy Richie é mais um dos que engrossam o coro de que o hibrismo entre a linguagem cinematográfica e essa montagem televisiva, quando bem utilizada, pode engrandecer a película ao invés de se tornar um estorvo. Snatch é um filme divertidíssimo e é uma rapsódia a ser revisitada.
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