sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Os Boêmios Analisam - 007 Quantum Of Solace
Confesso que fiquei aliviado na primeira vez que soube que o título original seria mantido pela distribuidora brasileira, afinal era um título dificílimo de traduzir(o mais próximo da sua significação original seria algo como Zona de Conforto ou Zona de Consolo) e dadas as traduções cretinas que vemos por aí, não duvidaria se tivessem posto um título sem relação nenhuma com o original. Entretanto, depois de assistir ao filme, eu de fato lamento que não tenham dado a merecida tradução ao título, afinal ele resume toda a narrativa.
Assim como Cassino Royale, o filme não se calca apenas na luta de Bond com um vilão megalomaníaco possuidor de alguma deformidade exótica para torná-lo interessante, Quantum of Solace tem como pedra fundamental a busca de James Bond por sua "Zona de Conforto". Eu explico: o filme começa minutos depois do término de Cassino Royale, onde Bond capturava um dos membros da organização responsável pela morte de Vesper Lynd, sentindo uma mistura de culpa(por tê-la deixado morrer) e raiva(por ter sido traído por ela) o agente encontra-se "danificado"(como bem lhe diz Dominic Greene) demais para exercer sua função com clareza, colocando em risco tanto ele quanto sua respeitosa chefe M(Judi Dench).
O diretor Marc Forster(reconhecido por filmes dramáticos como A Última Ceia e Em Busca da Terra do Nunca) mostra que pode muito bem comandar uma fita de ação, filmando lutas e perseguições com uma intensidade impressionante como podemos perceber logo na cena inicial. Forster, porém, não deixa seu lado dramático de lado trabalhando muito bem as seqüelas emocionais adquiridas por Bond em sua jornada e a cena em que ele segura nos braços um aliado prestes a morrer deve ser um dos momentos mais emocionantes dos seus mais de vinte filmes. A narrativa deste novo filme claramente privilegia a ação, deixando muitos detalhes da trama serem explicados de maneira breve e superficial, o que pode deixar alguns espectadores(principalmente os que não lembram do filme anterior) sem saber direito o que está acontecendo.
Em sua jornada para capturar Dominic Greene(Mathieu Amalric), o líder da organização eco-especuladora denominada Quantum, Bond cruza o caminho da misteriosa Camille(Olga Kurylenko, simplesmente linda) uma mulher que possui um desejo de vingança tão grande quanto o seu. A personagem se mostra uma das bondgirls mais ativas desde a agente chinesa interpretada por Michelle Yeoh em O Amanhã Nunca Morre, saindo o estereótipo da gostosa em perigo sua Camille esconde profundos traumas sob sua fachada fria e pragmática.
Apesar de possuir muitas qualidades, este novo 007 pode não agradar os fãs de longa data do agente britânico(apesar de uma cena fazer referência a um dos filmes antigos) já que ele não diz sua famosa frase de apresentação, não pede martinis e, como disse anteriormente, é um brucutu durante boa parte do longa, anos-luz do cavalheiro frio e cínico que todos estavam acostumados.
Estes, entretanto, não devem se desesperar, já que a exibição de uma clássica vinheta na cena final deixa implícito que Bond finalmente encontrou sua "Zona de Conforto" que o permite ser "metade sábio e metade assassino" como ele mesmo dissera em Cassino Royale. Se a iniciativa dos novos filmes era mostrar como Bond se tornou o espião imortalizado por Sean Connery devo dizer que eles foram muito bem sucedidos.
Nota 7,5
PS(22/11/2008): Tinha me esquecido. Esse filme tem o selo Chuck Norris de aprovação
Nenhum comentário:
Postar um comentário