Nota 10
Benjamin Button revela-se como uma experiência artística edificante, nos mostrando que devemos fazer o máximo que pudermos com o tempo que nos é dado neste mundo, podendo conquistar tudo o que desejamos se acreditarmos em nós mesmos independente de nossa idade ou experiência, estejamos nós no início ou no fim.
Ora, a natureza da vida é a sua finitude e como a personagem de Cate Blanchett pontua em determinado momento "todos terminamos usando fraldas", mas isso em nada tira o valor das coisas que fazemos ou dos momentos de felicidade que vivemos, apenas temos que aceitar com serenidade quando o fim chega e Daisy compreende isso muito bem ao reencontrar Benjamin como um adolescente aparentemente desmemoriado(sendo que na verdade ele está esclerosado da mesma forma que uma pessoa com sua idade verdadeira ficaria).
Obviamente eles se encontram diversas vezes ao longo de suas vidas, mas sempre há algo que impede a concretização plena do amor entre os dois, a "aparente" diferença de idade, os relacionamentos com outras pessoas, entre outras coisas. Quando parece que finalmente é a hora cerca de ficarem juntos, Benjamin percebe que eventualmente sua condição atípica terminará por separá-los.
A estranheza então dá lugar ao fascínio conforme vemos o desejo de Benjamin em conhecer o mundo ao mesmo tempo em que se afasta de Daisy(Cate Blanchett) menina que conheceu e se apaixonou no asilo em que morava. Em suas viagens Benjamin presencia vários momentos históricos(mas sem nunca influenciá-los diretamente ao contrário de Forrest Gump) sem nunca esquecer de sua amada Daisy.
À primeira vista, o que salta aos olhos do espectador é o primoroso trabalho de maquiagem e efeitos especiais que transformam Brad Pitt numa diminuta criança enrugada e curvada como um velho, nos provacando uma sensação de estranheza e repúdio por aquela figura bizzara. Mas o desenvolvimento gradual deste pequeno ato vai aos poucos trazendo nossa simpatia por Benjamin conforme vemos ele balbuciando suas primeiras palavras, aprendendo a andar(de muletas, por causa da artrite) e ter suas primeiras experiências com a vida e a morte.
Escrito por Eric Roth(que também roteirizou Forrest Gump)e baseado num conto do romancista F. Scott Fitzgerald(autor, dentre outras coisas, de O Grande Gatsby), o filme conta a história de um homem "nascido sob circunstâncias especiais". Benjamin Button nasce velho, com todas as doenças de um homem de 80 anos e aparentemente às portas da morte. Aparentemente, pois com o passar do tempo, Benjamin não envelhece e sim rejuvenesce.
Sou fã confesso do trabalho do cineasta David Fincher, desde Seven, passando por Clube da Luta e Zodíaco, então foi com grandes expectativas que fui conferir seu novo trabalho, O Curioso Caso de Benjamin Button, e devo dizer que mais uma vez Ficher gerou um filme que será lembrado por muito anos, criando uma magnífica fábula que fala sobre vida e morte e como o rumo que seguimos depende apenas de nós mesmos. Conforme é dito no filme, não existe um limite de tempo para fazermos determinada coisa, somos livres para vivermos nossas vidas e moldá-las de acordo com os nossos sonhos e esperanças independente de sermos velhos ou jovens, vividos ou inexperientes. Pela natureza incomum do filme, esta resenha também será incomum, sendo feita de trás para frente. Afinal, não importa por onde começamos, o fim e o início são sempre semelhantes.
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