sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Os Boêmios Analisam - Trovão Tropical
Finalmente pude conferir em DVD uma das melhores comédias do ano passado. De início tive medo que o filme não estivesse à altura das minhas expectativas, mas já comecei a rir desde o início com os falsos trailers de alguns filmes realizados pelos "astros" do filme.
Explico, Trovão Tropical conta a história de um grupo de atores que estão fazendo um filme baseado na história real do soldado Quatro Folhas(Nick Nolte) que ficou cativo no Vietnã. Acontece que devido a uma discussão entre os atores, uma bomba é disparada fora do tempo e destrói todo o set do filme, deixando um prejuízo enorme. O diretor do filme, Damian Cockburn(Steve Coogan) resolve então colocá-los no meio da selva, para algo mais genuíno. O problema é que eles acabam indo parar numa zona de guerra real e os tapados atores acham que tudo não passa de fingimento.
Ao contrário do que parece, Trovão Tropical não é mais um desses "filmes-que-parodia-tal-gênero" como vemos por aí. O filme é menos uma sátira de filmes de guerra e mais uma esculhambação do próprio metiê hollywoodiano como nos mostra as cenas envolvendo o personagem do Ben Stiller e seu hipercafeinado agente(Matthew McCaunaghey). Temos Tugg Speedman(Ben Stiller) um ator de filmes de ação querendo maior reconhecimento depois de se repetir em filmes indênticos. Jeff Portnoy(Jack Black) é um comediante famoso apenas pela sua escatologia e Kirk Lazarus(Robert Downey Jr, simplesmente impecável) é um ator australiano com fama de bad boy e que imerge em seus papéis, tanto que passa por uma cirurgia para pigmentar a pele e interpretar um afro-americano.
E é justamente esse papel tão atípico do Downey Jr que acaba roubando a cena, pois sua "imersão" não passa de uma caricatura de tudo o que se pensa em relação à comunidade negra americana, fato que provoca a ira do seu colega de elenco, o rapper viciado em bundas Alpa Chino(Al Pacino, sacaram?). Ao mesmo tempo Portnoy tenta lidar com sua abstinência em heroína(a cena dele amarrado em uma árvore é de rachar de rir) e o pobre coadjuvante Kevin tenta manter o grupo unido enquanto tentam resgatar Tugg Speedman que foi capturado por criminosos do camboja.
O filme não poupa ninguém, desde os critérios do Oscar(num diálogo que começa casual e cresce até chegar ao nonsense, "nunca fique totalmente retardado"), a moda por adoção de crianças de países pobres, diretores que assumem projetos maiores do que sua competência, os egos das estrelas e o pavio curto dos produtores(numa performance engraçadíssima de um irreconhecível Tom Cruise).
As cenas de ação revelam-se uma grata surpresa, já que em filmes desse gênero costumam ser relegadas ao segundo plano, mas Ben Stiller mostra-se bem confortável em criar sequências de tiroteios e explosões que não devem em nada aos filmes de ação atuais.
Ácido e politicamente incorreto, Tropic Thunder foi uma das melhores(se não a melhor) comédias do ano passado.
Nota 9
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Os Boêmios Analisam,
Tropic Thunder
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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