domingo, 17 de maio de 2009
Os Boêmios Analisam - Anjos e Demônios
É inegável que o escritor Dan Brown(ou Dan Bronha para os íntimos) tem um trabalho medíocre. Reviravoltas vazias, narrativa mais esburacada que um queijo suíço, personagens sem graça e para disfarçar todas as deficiências em seu texto o escritor coloca em suas obras descrições para lá a acuradas de obras de arte e monumentos históricos para que seu público tenha a (falsa)impressão de que suas obras oferecem algum conteúdo quando na verdade não passam de entretenimento escapista e facilmente esquecível e não é diferente com as trasposições de suas obras para o cinema.
É bem verdade que este Anjos e Demônios é bastante superior que O Código Da Vinci, mas isso não é lá um grande mérito. O formulaico diretor Ron Howard parece ter ouvido as queixas sobre a prolixa verborragia excessiva e tediosa do primeiro filme estrelado por Robert Langdon(embora na primeira meia hora nada aconteça e ela seja composta por 90% de diálogos expositivos), este novo filme é permeado por clímax atrás de clímax até o patético desfecho que não consegue se safar das resoluções originais do livro que simplesmente ricularizam da inteligência do espectador.
O resultado é um filme que se torna tedioso por conta de sua própria grandiosidade, afinal sabemos que assim que Langdon decifrar as pistas, veremos mais um assassinato grandioso de um dos religiosos sequestrados e a narrativa segue nesse esquema previsível assassinato-pista-assassinato até o final, algo que me lembra do também tediosamente exagerado Bad Boys 2 que consistia basicamente de uma cena de comédia seguida de um tiroteio explosivo e assim sucessivamente.
Se a narrativa é tediosa e esquemática, os personagens também não a ajudam a torná-la interessante. Não que o elenco seja incompetente, Tom Hanks continua carismático, mas nem todo carisma do mundo consegue salvar um personagem vazio como Robert Langdon, um indivíduo definido exclusivamente pelos seus interesses acadêmicos e nada mais. Seu único traço de personalidade era a claustrofobia mostrada no filme anterior e aqui convenientemente esquecida(e que poderia ser explorada nas cenas dos arquivos do Vaticano). A Vittoria Vetra(Ayelet Zurer) é um colírio numa narrativa repleta de homens, mas é inútil para o desenvolvimento da mesma. Ewan McGregor até que faz uma composição interessante como o camerlengo Patrick, adotando uma fala sempre baixa e calma e um olhar piedoso e obstinado, como se ele fosse a compaixão divina em pessoa, mas, como todos os outros personagens do filme, é raso como um pires(sendo que no livro suas motivações eram bem mais interessantes).
O roteiro escrito pelo execrável Akiva Goldsman(que cometeu atrocidades como Batman&Robin) até que tenta gerar discussões interessantes entre fé e ciência(como é de costume em alguns de seus trabalhos), sendo que elas ficam apenas na intenção(como também é de costume em suas obras), já que nunca são aprofundadas. Uma pena, já que nesse ponto o livro oferecia conteúdos interessantes, entre elas a origem do camerlengo. Além disso, como mencionei antes, o filme não consegue escapar de algumas incoerências do livro como o assassinato no templo da terra(se seriam execuções públicas, como encontrariam o padre ali?) ou a descoberta feita pelo chefe da guarda suíça interpretado por Stellan Skarsgard(porque não alertar a todos ao invés de confrontar sozinho seu suspeito?) e também um certo para-quedas indestrutível.
O filme ainda pode despertar os interesses daqueles que gostam de história, arquitetura e obras de arte pelas belas tomadas da Cidade do Vaticano e pelas curiosidades dos rituais católicos, mas para estes eu recomendo que vão assistir Discovery Channel ou National Geographic, já que estas curiosidades não salvam esse filme bobo e tedioso que muito provavelmente será esquecido logo depois de se sair da sala de projeção.
Nota: 5
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