sábado, 22 de agosto de 2009

Os Boêmios Analisam - Se Beber, Não Case


De uns tempos pra cá o diretor e produtor Judd Apatow mostrou a Hollywood um subgênero de comédia bastante rentável, aquele centrado em personagens masculinos, suas amizades e em seu amadurecimento tardio. Boa parte das melhores comédias produzidas nos últimos anos se valia dessa temática, algumas do próprio Apatow como Ligeiramente Grávidos e Superbad, e muitas de outros realizadores como Eu Te Amo, Cara e Dias Incríveis de Todd Philips, responsável por esse Se Beber, Não Case.

O filme conta a história de um grupo de amigos que vão a Las Vegas para uma despedida de solteiro. Lá eles tomam todas, acordam sem lembrar do que aconteceu, com uma baita ressaca(daí o título original, The Hangover). O quarto está destruído, há uma galinha perambulando pelo lugar, um tigre no banheiro, um bebê no armário e o pior: percebem que perderam o noivo!

É claro que a partir daí eles embarcam numa jornada épica e nonsense para relembrar o que fizeram e no caminho se envolvem em muitas situações absurdas envolvendo policiais que usam presos como cobaias de armas não letais, um gângster gay asiático, Mike Tyson e um casamento com uma prostituta.

O filme ainda encontra tempo para fazer referência a alguns filmes situados em Las Vegas como Cassino e Rain Man, mas faz isso de maneira sutil e orgânica, estando bem integradas à trama, diferente da forçação de barra da maioria das comédias recentes(sim, estou falando dos lixos produzidos Aaron Seltzer e Jason Friedberg).

Mas não se enganem pensando que Se Beber, Não Case é apenas um besteirol estúpido como Cara, Cadê Meu Carro? O filme faz questão de mostrar uma narrativa coesa e comprometida com a realidade apesar dos absurdos. Assim, quando vemos um personagem secundário ser baleado, temos ciência de que eles estão lidando com uma ameaça real e estão mesmo em perigo pelas besteiras que fizeram na noite anterior. O mesmo pode ser dito da "reviravolta" ao negociarem com o hilário gângster asiático, já que a história dava margem àquele acontecimento.

As relações entre os personagens também são bem trabalhadas. Como disse anteriormente, a fita trata das relações de amizade entre os homens e como, de certa forma, se recusam a amadurecer. Assim, vemos uma interação bastante verdadeira entre Phil(Bradley Cooper, cada vez mais carismático), Stu(Ed Helms, que tem a aparência de uma versão adulta do Christopher Mintz, o McLovin) e Alan(Zach Galifianakis, cuja barba o deixa igual ao Joaquin Phoenix), fruto da química entre os atores que defendem bem seus personagens. Phil é um homem casado que sente falta da sua juventude de festas, pegação e bebida, algo parecido com o personagem de Vince Vaugh em Dias Incríveis. Stu é um dentista certinho e submisso à noiva e logicamente fica histérico com todas as situações absurdas com as quais se envolve. Por fim, Alan é um sujeito tresloucado, sem noção e politicamente incorreto(algo como o Frank The Tank de Dias Incríveis) é o mais unidimensional dos três personagens, mas isso não chega a ser problema, já que Zach Galifianakis consegue arrancar risos até de piadas envolvendo assuntos delicados como o 11 de setembro e o Holocausto.

Divertido e absurdo, mas sem deixar de contar uma boa história(algo cada vez mais raro no cinema americano), Se Beber, Não Case é um filme que sem dúvida merece ser conferido.

Nota 8,5

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