segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Os Boêmios Analisam - A Princesa e o Sapo


Neste A Princesa e o Sapo, a Disney retorna às suas raízes da animação tradicional em 2D, algo que não fazia desde o fraco Nem Que a Vaca Tussa em 2004, que parecia o último prego no caixão de um gênero que não dava retorno à empresa a um bom tempo, filmes como Atlantis e Planeta do Tesouro além da animação citada anteriormente não deram ao estúdio o retorno esperado e cada vez mais a animação tradicional parecia não ser retomada.

É aí que entra uma mosca na sopa, mosca essa denomida John Lasseter, ex-diretor da Pixar que foi alçado a diretor criativo do setor de animação da Disney quando esta comprou a Pixar. Mente pos trás dos sucessos mais recentes da empresa, Lasseter desejava retomar a clássica animação artesanal, feita a mão quadro por quadro e sem ajuda de computadores, queria fazer um filme com a mesma sensação dos clássicos de outrora da Disney e, já de antemão, digo que ele foi bem sucedido nesta empreitada.

O filme reconta a clássica história do príncipe transformado em sapo buscando uma princesa para reverter o feitiço, mas não espere aqui uma estrutura de conto-de-fadas, A Princesa e o Sapo consegue trazer modernidade e novas perspectivas a uma história que tinha tudo para ser um clichê sonolento.

Primeiramente porque o filme não se passa num reino muito distante(depois de Shreks e similares ninguém mais levaria algo assim a sério) e sim na Nova Orleans da década de 20 com toda a efervescência do jazz, além do Mardi Gras(algo que lembra o nosso carnaval) e a feitiçaria e o vudu que eram característicos da região sul dos EUA neste período(e que existe ainda hoje). Além disso a esforçada Tiana, que trabalha em múltiplos empregos para realizar o sonho de seu pai de abrir um restaurante, não é de fato uma princesa.

Quando o príncipe Naveem a encontra e pede um beijo, ela está numa festa a fantasia, por isso a confunde com uma princesa de verdade. Por não ter sangue real, o feitiço não se quebra com um beijo, ao invés disso, Tiana também é transformada em sapo.

E é aí que o filme realmente começa, adotando uma estrutura que mais se assemelha a uma comédia romântica, com protagonistas que não se aguentam devido às personalidades opostas, mas que aprendem a conviver um com o outro. De um lado temos a obstinada e trabalhadora Tiana e do outro o preguiçoso e festeiro príncipe Naveem, quebrando assim outro paradigma dos contos-de-fada, o do amor à primeira vista.

Mas não se enganem, apesar de tudo o filme mantém as características que tornaram as animações da Disney tão amadas. Todos os elementos do "padrão Disney de qualidade" estão presentes, dos coadjuvantes engraçados, com destaque para o jacaré amante de jazz Louis e do vaga-lume desdentado Ray, às cenas de música, elementos mágicos, aqui representados pelo vudu e pelo xamanismo, e os vilões esguios e sinistros, duas das características mais marcantes do Dr. Facilier, antagonista da fita.

E também não poderia deixar de citar a animação, que traz vida e expressividade aos personagens e cenários com todo o detalhamento e esmero no uso da paleta de cores, nos figurinos e na naturalidade da movimentação dos personagens.

Deste modo, A Princesa e o Sapo traz um interessante diálogo entre o antigo e um novo, mostrando que a Disney não precisa esquecer seu passado para encarar a modernidade e sim utilizá-lo para enriquecer ainda mais as suas obras.

Nota: 8

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