Um dos parâmetros para saber se a
cinebiografia de uma personalidade da música foi bem sucedida é quando você sai
da sala de cinema curioso para saber mais sobre o sujeito retratado ou querendo
buscar sua discografia. Esse efeito é exatamente o que acontece com este Marina, filme que trata do início da
carreira do músico ítalo-belga Rocco Granata.
A trama acompanha a infância e a
juventude de Rocco (Matteo Simoni) nos anos 50, quando saiu ainda criança de
sua cidade na região italiana da Calábria para ir com a família morar na
Bélgica depois que seu pai conseguiu um emprego em uma mina de carvão no país.
O jovem tem dificuldade de se adaptar à nova situação e recorre à música como
válvula de escape, começando a aprender a tocar acordeom. O que começa como um
hobby, acaba tornando-se algo sério, apesar dos protestos de seu pai (Luigi Lo
Cascio) de que ele deve ter um emprego de verdade ao invés de tentar viver de
música. Ao mesmo tempo, tenta se aproximar da jovem Helena (Evelien Bosmas),
apesar da resistência do pai da moça.
Além da tradicional jornada ao
sucesso e todos os percalços do músico, o filme ainda aborda a sensação de
deslocamento da família de Rocco e como os imigrantes italianos eram tratados
como cidadãos de segunda classe na Bélgica pós-guerra, vistos apenas como uma
mão de obra barata para as minas do país e nada mais, como fica claro na cena
em que Rocco tenta conseguir uma licença de músico.
O filme se beneficia ainda pela
construção cuidadosa da complicada relação de Rocco com o pai, mostrando que
sua resistência à carreira musical do filho não se dá por autoritarismo ou
ignorância, mas por medo que o filho tenha uma vida como a dele, que depois não
conseguir sobreviver de música, se viu obrigado a aceitar o brutal trabalho nas
minas para dar uma vida digna à família. A relação entre Rocco e Helena se
desenvolve como uma já conhecida história de amor proibido, mas se beneficia
pelos bons diálogos e o carisma dos dois atores. O problema é que em muitos momentos
o filme parece pesar a mão no melodrama, demonstrando estar mais interessado em
fazer o público chorar do que realmente contar sua história.
Embora não chegue a trazer nada
efetivamente novo, Marina é um filme
bastante competente, que desperta interesse pela figura do músico Rocco Granata
ao mesmo tempo em que nos revela os conflitos da migração italiana para Bélgica
após a Segunda Guerra Mundial.
Nota: 7/10
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