O subgênero das comédias
universitárias vem alimentando o cinema americano desde o fim dos anos 70, com
filmes como Clube dos Cafajestes
(1978), A Vingança dos Nerds (1984),
passando por exemplares mais recentes como O
Dono da Festa (2002) e Dias Incríveis
(2003). Claro, muitas vezes os resultados são uma coleção rasteira de clichês e
fórmulas, mas em alguns casos (como os quatro citados acima) temos alguns
produtos que, embora não reinventem a roda, conseguem ser divertidos sem parecer
uma janta requentada, como este Vizinhos.
A trama acompanha o casal Mac
(Seth Rogen) e Kelly (Rose Byrne) que acabou de ter uma filha e precisa lidar
com as novas responsabilidades da paternidade e o fato de passarão um bom tempo
sem noitadas e badalações. No entanto, a nova e pacata rotina do casal é
interrompida quando uma república universitária, liderada por Teddy (Zac Efron)
e Pete (Dave Franco), se instala na casa do lado. Como a rotina dos
universitários envolve festas diárias, o casal começa a entrar em atrito com os
novos vizinhos, iniciando uma disputa que irá evoluir das maneiras mais
absurdas possíveis.
Zac Efron chama atenção pelo
carisma e o excesso de confiança que seu Teddy transmite inicialmente,
garantindo que gostemos dele mesmo sendo um completo imbecil. Conforme o filme
progride vamos percebendo que há uma grande insegurança por trás da fachada
confiante do personagem e que existem razões para ele ser do jeito que é, não
sendo apenas uma caricatura preguiçosa como costumeiramente ocorre neste tipo
de filme, embora o ator de fato se entregue a alguns exageros em determinados
momentos.
Seth Rogen continua a exibir seu
habitual carisma e timing cômico, mas
a surpresa fica por conta de Rose Byrne, que rouba a cena em muitos momentos
com os planos mirabolantes que sua personagem elabora para afastar
universitários, dando início a alguns dos momentos mais engraçados do filme.
Boa parte do humor vem das
atitudes imaturas dos personagens, que recusam-se a entender as mudanças em
suas vidas e aceitar que seu período de intermináveis farras e curtição está
chegando ao fim, seja por causa do nascimento de um filho ou pela saída da
universidade. Nesse sentido o filme é inteligente o bastante para justificar o
prolongamento da disputa entre o casal e os universitários como uma vã
tentativa de prolongar suas adolescências tardias.
As piadas funcionam muito bem, em
parte pelo ritmo que elas são encadeadas pela trama e pela montagem e parte
pela química e timing que o elenco
tem entre si, embora alguns momentos apenas repitam coisas que vimos em outros
filmes, como a luta de consolos, que parece saída diretamente de Curvas Perigosas (2005).
A narrativa em si também tem seus
problemas, principalmente quando a disputa atinge níveis absurdos no terceiro
ato e ainda assim o filme força a barra para continuar o escalonamento da
disputa. Afinal de contas depois da pegadinha dos airbags e da gravação que Mac
e Kelly fazem de Teddy ameaçando os dois, o casal teria material suficiente
para a expulsão da república, mas, de algum modo, isso tudo é deixado de lado
em função da conveniência do roteiro em criar um clímax que seja ainda mais
absurdo e cômico.
Apesar dos problemas, Vizinhos consegue ser uma comédia bem
satisfatória, que se beneficia bastante do carisma de seus atores e da dinâmica
genuína que constrói ao redor deles.
Nota: 6/10
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